ASSÉDIO MORAL

Servidores denunciam assédio moral por gestora de escola municipal

Supostas atitudes “atitudes abusivas” da gestora teriam sido a razão da saída de funcionários instituição. Foto: Internet
Supostas atitudes “atitudes abusivas” da gestora teriam sido a razão da saída de funcionários instituição. Foto: Internet

Assédio moral, humilhação, gordofobia e agressões psicológicas são alguns dos abusos relatados por servidores da Escola Municipal Antônia Fernandes Cutrin, em denúncia feita junto ao Ministério Público do Estado de Roraima (MPE-RR) e a Secretaria Municipal de Educação (SMEC), contra a gestora da unidade de ensino.

Segundo o relatório elaborado por servidores e ex-servidores da Escola Municipal, as supostas atitudes da gestora teriam sido a razão da saída da coordenadora da instituição, que não concordava com tais comportamentos.

Entre os episódios relatados, ofensas aos servidores aparecem com frequência no documento, como revela o trecho de uma suposta fala da gestora sobre funcionários da escola.

“Hoje dou um fim nessa professora chata e reclamona. Só sabe reclamar! Morta de preguiça e não faz nada. Professoras XXX e XXX são mentirosas. A professora XXX é fútil. XXX, a morta de preguiça”.

Em outro relato, a gestora teria feito comentários sobre a vida pessoal e aparência de uma funcionária.

“A gestora fazia esses comentários ao meu respeito: “Professora preguiçosa, sem criatividade e mal vestida. (…) Professora gorda e mal vestida “”.

De acordo com a denúncia, a gestora teria feito comentários sobre pais de alunos especiais, falando que eles são “desequilibrados”.

Em diversas partes do relatório, servidores apontam que a gestora utilizava sua posição para coagir funcionários das mais diversas formas. Segundo relato, ela teria colocado uma ex-servidora que atuava na portaria para acompanhar um aluno autista.

“(…) Um dia, a gestora lhe disse que a partir daquele dia ela [a ex-servidora] iria ficar com um aluno especial. A servidora disse que não ficaria com a criança, pois não possuía habilidades e conhecimentos para cuidar, que se tratava de uma criança autista e que ela não saberia como trabalhar com a criança, pois não tinha nenhum conhecimento específico na área. A gestora então teria lhe dito “Você veio da SMEC para fazer o que eu quiser e se você não aceitar eu vou lhe colocar para trabalhar os dois horários porque quem manda aqui sou eu”.

A gestora também é acusada de ter assediado uma funcionária de uma empresa terceirizada, dando ordens para que ela trabalhasse em seu horário de intervalo. No episódio, a funcionária teria tentado se defender da situação e acabou sendo ameaçada pela gestora e que a servidora “iria ver o que ia acontecer”.

O relatório aponta outras situações de assédio a funcionários da limpeza. Segundo o documento, todas as agressões supostamente cometidas pela gestora eram acompanhadas da frase “Eu mando, eu sou a gestora!”.  

O relato também mostra que a gestora estaria incentivando funcionários a forjar denúncias sobre a escola para a prefeitura, se passando por responsáveis de alunos, por conta de professores que estariam de licença médica.

A gestora foi procurada pela reportagem da Folha e optou que a manifestação fosse feita pela Prefeitura de Boa Vista que, em nota, afirmou que as denúncias foram encaminhadas à Ouvidoria da SMEC e que os profissionais da unidade de ensino estão sendo ouvidos sobre o assunto. Confira a nota na íntegra:

A Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC) informa que recebeu uma carta anônima relatando suposta conduta inadequada da equipe gestora da Escola Municipal Antônia Fernandes Cutrim. Assim que o documento foi protocolado na secretaria, foi encaminhado imediatamente à Ouvidoria da SMEC, responsável pela apuração de quaisquer fatos que ocorram no âmbito da rede municipal de educação. A secretaria ressalta que já está sendo feita uma escuta coletiva com a equipe de profissionais da escola, a fim de esclarecer a denúncia. Caso seja constatada qualquer conduta inapropriada de servidores, serão tomadas todas as providências cabíveis.

O MPE-RR informou que o caso foi encaminhado para a 2ª Promotoria de Justiça Criminal, que irá realizar a análise preliminar dos fatos para a adoção das medidas cabíveis.