Primórdios de RR

Conheça a história do Baré, o maior time do futebol roraimense

Índio da Consolata tem 29 títulos do Campeonato Roraimense. É o maior vencedor do torneio

Primeiro time do Baré, campeão em 1950. Em pé: Luiz do Valle (segundo secretário), Sabá, Domingos, Lula, João, Átino e Zeno. Agachados: Ademar, Aquilino, Zé Maria, Pinheiros e Mário. Crédito: domínio público
Primeiro time do Baré, campeão em 1950. Em pé: Luiz do Valle (segundo secretário), Sabá, Domingos, Lula, João, Átino e Zeno. Agachados: Ademar, Aquilino, Zé Maria, Pinheiros e Mário. Crédito: domínio público

Fomos ao fundo do baú, para desvendar o início da história, de cada clube participante, do Campeonato Roraimense de Futebol Profissional 2023. Aqui damos sequência na série de reportagens “Primórdios de Roraima”, com o time do Baré Esporte Clube, o mais popular de Roraima e um dos mais conhecidos fora do Estado. O Colorado é o dono da maior torcida local e atualmente o segundo time mais seguido nas redes sociais. Levando em conta o retrospecto, Roraima é vermelho e branco, com 29 títulos, o Baré é o maior campeão do Estadual.

O documentário do nosso esporte bretão promete vasculhar os arquivos perdidos e levar ao nosso leitor, “O princípio”, no nosso quarto capítulo da série, após Mundão, Real e Sampaio chegou a vez do Índio da Consolata.

História

O Baré foi fundado no dia 26 de outubro de 1946, por Aquilino da Mota Duarte (ex-membro do Atlético Roraima), o qual foi também o primeiro presidente do clube. Foi o segundo clube de futebol do Território Federal do Rio Branco, que se tornou Estado de Roraima, fundado após três anos da fundação do seu arquirrival Atlético Roraima. Dizem os mais antigos, que uma turbulência na gestão do rival, causou a fundação do Baré, uma questão “alá” Flamengo e Fluminense, no Rio de Janeiro.

A primeira sede era na Consolata e em meados dos anos 1990, a diretoria do clube realizou o sonho de uma Sede Social com possiblidade para receber eventos, o clube então se mudou para Ville Roy.

Na categoria adulta o registo mais antigo atualmente foi a conquista do título do campeonato rio-branquense de 1950, o Campeonato Roraimense daquele ano. A maior sequência dos 29 títulos ocorreu no heptacampeonato de 1960/1961/1962/1963/1964/1965/1966.

O Colorado da Consolata tem em sua galeria de quadros de presidentes, na sede social, retratos de quem comandou o clube, Claudeonor Freire, Mário Abdala, Hitler de Lucena, Adamor Menezes, Simão Souza, Francisco Galvão Soares, Francisco das Chagas Duarte, Alcides da Conceição Lima Filho, Ruben da Silva Bento, José Maria Menezes Filho, Waldemar de Souza Caldas Filho, Luciano Tavares de Araújo (Zuza), afilhado de Aquilino pai de seu sucessor e filho Oziel Araújo.

O clube portou durante seis décadas o escudo em formato de losango, estampado na parte inteira da frente do uniforme de mandante, uma referência única entre os clubes de futebol do Brasil.

Aquilino Mota Duarte (ao centro), o fundador do Maior Querido de Roraima. Crédito: Domínio público

Feito histórico

Dentro do Estado de Roraima, o Baré acumulou ao longo de sua história dois títulos do Torneio Integração da Amazônia e vinte e nove campeonatos estaduais (vinte e quatro na fase amadora, até 1994, e outros cinco na fase profissional), além de diversas outras conquistas em outras modalidades esportivas. O bicampeoanato do Copão Amazônia, em 1983 e 1985, na geração de ouro, dirigida pelo eterno técnico Ribeirão, xerife Pedrão, saudoso Gilvandro e companhia, deixou marcada na história, como único clube local a levantar um troféu interestadual.

Em 1983, o time conquistou o Torneio de Integração da Amazônia, conhecido por Copão da Amazônia, composto por clubes dos estados brasileiros amazônicos do Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, vencendo o Independência na final, na cidade de Rio Branco, a capital do Acre. Em 1985 o título fora reconquistado, dividindo o título com o Trem, do Amapá.

Era profissional

Em 1995, recém-profissionalizado, disputou pela primeira vez o Campeonato Brasileiro Série C, sendo, contudo, eliminado precocemente, na primeira fase pelo também roraimense Progresso, de Mucajaí. No Campeonato Roraimense de Futebol de 1996, após derrotar o Sampaio na final, consagrou-se campeão estadual. O primeiro da coleção na era profissional. No mesmo ano disputou novamente a Série C do Brasileirão, onde foi eliminado na segunda fase para o rondoniano Ji-Paraná, da cidade homônima.

Disputou a terceira divisão brasileira nos anos seguintes, em 1997 e 1998, sendo eliminado na primeira fase de ambos os campeonatos. Em 2000 disputou a Copa João Havelange, nome dado ao Brasileirão naquele ano, participando do módulo verde — a Série C — fechou nas últimas participações com a eliminação novamente na primeira fase.

Após anos sem conquistas, o clube voltou a ser campeão em 2006 com o campeonato estadual, sobre seu rival Atlético Roraima, na final realizada no estádio Flamarion Vasconcelos, na capital Boa Vista. Em 2007 participou da Copa do Brasil, enfrentando inicialmente o clube da primeira divisão brasileira América (RN). Em casa, venceu no Canarinho por 1 a 0, mas foi eliminado no jogo de volta, em Mossoró, Rio Grande do Norte, após revés por 2 a 0.

O último título oficial do clube ocorreu em 2010, na conquista do Campeonato Roraimense daquela temporada, garantindo vaga nas competições nacionais. De lá para cá, o clube soma 13 anos na fila.

Na Copa do Brasil de 2011, foi eliminado pela Ponte Preta, por revés em 1 a 0, em Boa Vista, e punido sem jogo de volta, por utilizar jogador irregular.

Última participação nacional

O Baré foi vice-campeão do Campeonato Roraimense de 2019, e garantiu vaga na Série D do Campeonato Brasileiro de 2020. Pela primeira vez dois clubes locais jogaram a competição nacional e o primeiro derby macuxi no torneio, não deu outra, o Baresão da Massa bateu o rival Mundão, por 1 a 0, com gol de Edinho Canutama.

Nesta temporada, nenhum clube roraimense segurou a lanterna da competição, o Baré fechou na sexta colocação. Em 14 rodadas, se destacou nas visitas: Venceu o Sinop por 3 a 2 no Mato Grosso e empatou em 1 a 1 com Moto Club, no Maranhão.

O Índio da Consolata fechou na sexta colocação, com 13 pontos, em 14 jogos foram 3 vitórias, 4 empates e 7 derrotas. O Baré terminou na frente de Santos-AP e Sinop-MT.

Baré Esporte Clube

Nome: Baré Esporte Clube
Endereço: Avenida Ville Roy, Centro – Boa Vista
Alcunhas: Colorado, Índio da Consolata, Macuxi Colorado, Baresão da Massa, e o Mais Querido
Mascote: Índio
Principais rivais: São Raimundo e Atlético Roraima
Fundação: 26 de outubro de 1946
Estádio como mandante: Canarinho
Capacidade: 4.556 espectadores 
Localização: Boa Vista, RR
Presidente: Zuza Tavares
Patrocinadores: Não tem
Títulos: 2 Copões Amazônia (1983 e 1985); 29 Campeonatos Roraimenses (1950, 1953/1954/1955/1956/1957/1958, 1960/1961/1962/1963/1964/1965/1966, 1968/1969/1970/1971/1972, 1982, 1984, 1986, 1988, 1994, 1996/1997, 1999, 2006 e 2010).

Por João Paulo Oliveira