Saúde e Bem-estar

Cresce a procura por plantas durante o isolamento social

Manter plantas em casa melhora a qualidade do ar, renova o ambiente e pode ajudar em quadros de ansiedade e depressão

Mesmo antes da pandemia, adotar o hábito do cultivo e o uso de plantas como itens decorativos já ganhava espaço. Esse movimento é conhecido como urban jungle (floresta urbana), que significa colocar muitas plantas de variados tipos pela casa ou apartamento, e fez surgir os plant influencers, como são chamados os adeptos dessa tendência nas redes sociais. 

Entretanto, durante este período de isolamento social, esse número aumentou. Muitas pessoas passaram a observar mais cada cantinho da residência e pensar em maneiras de repaginar e tornar os ambientes mais confortáveis e agradáveis. Na tentativa de deixar o lar ainda mais decorado, aconchegante e suprir a necessidade de se distrair e estar mais próximo da natureza, passaram a adotar novos hobbies, como o cultivo de plantas – principalmente, as ornamentais. 

Ramon Cossuol, jardinista e personal gardener, reafirma que a busca por plantas tem crescido. ”Está aumentando muito durante a quarentena. Converso todos os dias com pessoas que relatam que a jardinagem está salvando a sanidade mental neste período”, comenta. Ele também reforça os benefícios das plantas. ”Elas filtram o barulho que vem da rua e vários poluentes presentes no ar”, ressalta. 

Manter plantas por perto proporciona muitos ganhos. Além de purificar o ar, melhora a concentração, desperta a sensibilidade, torna o ambiente mais bonito e alegre e proporciona a sensação de bem-estar, ajudando a preservar a saúde mental e a diminuir os sintomas de ansiedade e depressão, que podem desencadear ou agravar situações inesperadas e de alto nível de estresse. 

De acordo com Fabrício Feydit, psicoterapeuta e permacultor (especialista em sistemas de design para a criação de ambientes sustentáveis e produtivos em harmonia com a natureza), pesquisas mundiais comprovam os efeitos positivos das plantas sobre as pessoas. ”A história da humanidade sempre foi rodeada por árvores.  Há comprovações de que passeios em bosques podem gerar reações bioquímicas e ondas cerebrais que nos fazem entrar em um estado de relaxamento, o que tem reflexos sobre os batimentos cardíacos. Também há pesquisas que mostram como o contato com plantas nos ajuda nos quadros depressivos”, afirma Feydit.

Dicas para cultivar plantas em casa

É possível ter plantas saudáveis e bonitas, mesmo em lugares pequenos ou fechados, como dentro de casa ou em apartamentos – basta escolher as espécies certas e saber as necessidades de cada exemplar.

Optar por espécies mais verdes, com troncos e folhagens, que sobrevivem sem muita luz solar e não necessitam de regas frequentes, são algumas das recomendações para o cultivo sadio em ambientes internos. 

Samambaia, suculentas, dinheiro em penca, marantas, rafis, lírio-da-paz e palmeira-leque são algumas das plantinhas que se desenvolvem bem com cuidados básicos e que você encontra facilmente em grandes redes de mercados e floriculturas em BH, em Boa Vista, no Rio de Janeiro, em Curitiba, São Paulo e praticamente todas as cidades brasileiras.  

Para garantir uma manutenção adequada, é importante acompanhar o desenvolvimento das plantas. Observe a iluminação do local em que estão expostas, coloque o dedo na terra para checar a umidade e se atente às mudanças de clima e às reações, como alterações na coloração das folhas e se há aspecto murcho. Deste modo, é possível perceber a frequência ideal de hidratação e se precisam ser trocadas de lugar. Para os iniciantes, vale a pena investir em espécies que são mais fáceis de cuidar, como jiboia, cacto, zamioculca, chamaedorea e espada-de-são-jorge.

Outra dica para quem deseja ter um pouco mais da natureza dentro do seu lar, mas tem pouco espaço ou está cabisbaixo com a reclusão social, é construir a sua própria horta ou minijardim. Fabrício afirma que começar com o plantio de sementes de alimentos ou hortaliças pode ser um ótimo exercício mental para passar o tempo. ”Ver como parte daquilo que está nos nutrindo pode ser cultivado e colhido mais tarde é um jeito de observar a continuação da vida”, diz ele.