GREVE NAS UNIVERSIDADES

Professores da UFRR querem recomposição orçamentária após cortes do governo federal

Conforme Antonio Carlos Júnior, presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRR, o orçamento não atenderá aos custos da instituição até o final de 2024

Antonio Carlos Júnior, presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRR (SESDUF-RR). (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)
Antonio Carlos Júnior, presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRR (SESDUF-RR). (Foto: Wenderson Cabral/FolhaBV)

Em sinergia com a greve nas universidades, os professores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) também podem aderir ao movimento nacional após Assembleia Geral na próxima segunda-feira (15). Os docentes querem a recomposição orçamentária da instituição, que teria capacidade de manter custos básicos e a permanência dos alunos até setembro deste ano.

Aprovada em congresso do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, o objetivo da greve nas universidades é o reajuste salarial dos professores, reestruturação da carreira, melhoria do orçamento às instituições federais e a revogação de medidas do ex-presidente Jair Bolsonaro, que não foi feita pelo atual chefe do Poder, Luiz Inácio Lula da Silva.

Em Roraima, a situação não é diferente. De acordo com o professor Antonio Carlos Júnior, presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRR (SESDUF-RR), a principal motivação é a melhoria no orçamento que não atenderá aos custos da instituição até o final de 2024.

“Recentemente nós tivemos a aprovação do orçamento no Conselho Universitário e vimos que o nosso orçamento vai até setembro. Isso é preocupante. Vai ter que correr atrás de agora, abril, até setembro para recompor uma parte desse orçamento para finalizar os três últimos meses do ano”, afirmou Júnior.

Com o baixo orçamento, fica comprometido, conforme o presidente da SESDUF-RR, contas básicas, como água, energia e serviços terceirizados. Além disso, “essa recomposição é necessária exatamente para que a gente consiga continuar fomentando o nosso aluno dentro da instituição, por meio de bolsas de pesquisa, ensino e, principalmente, os auxílios permanência, que sofreu um corte significativo”, completou Antonio Carlos.

Cortes do governo federal

Durante este ano, Lula cortou verbas da educação superior. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Durante este ano, Lula cortou verbas da educação superior. As ações ligadas à pesquisa e assistência estudantil em universidades e no ensino básico estão entre as mais impactadas.

O Ministério da Educação (MEC) e a pasta da Ciência e Tecnologia perderam cerca de R$ 280 milhões. Dentro deste mesmo corte, a verba do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) caiu R$ 73 milhões. A redução foi de cerca de 3,6% do recurso do órgão de incentivo à pesquisa.

Apesar de o percentual ser baixo, as instituições de ensino têm reiterado reclamações sobre falta de verba. Em dezembro, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior ( Andifes) disse que as universidades recebem verba “insuficiente”.

Deliberação de greve na UFRR

No dia 21 de março, os professores da Universidade Federal de Roraima presentes em assembleia foram a favor de uma greve ainda neste primeiro semestre de 2024. Após a criação de uma comissão de greve para debater amplamente com docentes, discentes e técnico-administrativos sobre o assunto, a Seção Sindical dos Docentes da UFRR realizará mais uma assembleia geral, na próxima segunda-feira (15), no auditório do Centro de Ciências da Saúde (CSS/UFRR), para definir se fazem a greve neste momento.

“As nossas perdas salariais, de 2016 até 2025, fazendo uma prospecção utilizando TCA e IBGE, ela totaliza em torno de 34%. Para fazer preposição nós teríamos que ter três reajustes fatiados e divididos em 2024, 2025 e 2026”, exemplificou o Antonio Carlos sobre os impactos no salário do profissional. “Por isso, a gente quer que tenha o máximo de professores possíveis [na assembleia] para que possa deliberar esse indicativo de greve e dar uma resposta definitiva pra sociedade roraimense sobre os caminhos que nós vamos tomar”, finalizou.