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Presidente do Sinpofer diz que, se garimpo acabar, Boa Vista vai ‘penar’

Ao mesmo tempo em que afirmou que o garimpo é ilegal e causa prejuízos ambientais, Everaldo Ramos disse que o fim da exploração no estado traria impactos à economia local e ainda defendeu a regulamentação da atividade, a exemplo do que já aconteceu em out

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Roraima (Sinpofer), policial federal Everaldo Ramos, disse que, se o garimpo acabar, Boa Vista vai ‘penar’. A declaração foi feita durante a edição desse domingo (5) do programa Agenda da Semana, da Folha FM.

Ao mesmo tempo em que afirmou que o garimpo é ilegal e causa prejuízos ambientais, Ramos disse que o fim da exploração no estado traria impactos à economia local, e ainda defendeu a regulamentação da atividade, a exemplo do que já aconteceu em outros países.

“Este estado começou com o garimpo, que persiste até hoje. O garimpo, atualmente, é uma atividade ilegal. […] Se acabar o garimpo, essa cidade [Boa Vista] vai penar. Falo como cidadão, não como policial. É necessária uma política pública de como trazer isso pra legalidade. Estados Unidos e Canadá têm garimpo, por que aqui não pode ter? Mas toda essa mudança passa pelo Congresso”, disse.

Everaldo Ramos citou ainda as dificuldades da PF de Roraima, composta por 140 agentes, para combater o crime. O epicentro da atividade é a Terra Indígena Yanomami, reserva entre Roraima e Amazonas com mais de 9 milhões de hectares (o dobro do tamanho da Suíça), onde lideranças estimam a existência de 20 mil garimpeiros.

“As dimensões amazônicas são infindáveis. Pra combater isso, tem que ter inteligência, estruturação. O Exército nos apoia. Mas é uma coisa muito complexa. O garimpo é espalhado, mas não tem como resolver pontualmente essa situação. É uma questão de política pública”, avaliou o policial, que defendeu o foco da prisão de pessoas que financiam a atividade.

Morte de garimpeiro é investigada, diz presidente do Sinpofer

Ramos comentou ainda a acusação contra policiais federais que teriam executado o garimpeiro Joaquim Santiago Frutuoso, em outubro, em Alto Alegre, e enfatizou que o fato está sendo investigado internamente pela PF. Na época, garimpeiros protestaram em frente à sede da corporação, contra a ação que resultou na morte do homem conhecido como Baiano. “A questão do garimpeiro foi uma fatalidade. Entramos em contato com a família. Isso tá sendo investigado internamente”, explicou.

PF não tem acesso a banco de dados da Venezuela de migrantes que entram no Brasil, explica Ramos

O presidente do Sinpofer esclareceu que a Polícia Federal tem dificuldades para prender migrantes que praticam crimes no Brasil, pois a corporação não tem acesso ao banco de dados de antecedentes criminais da Venezuela, e que não tem como entrar no país vizinho para localizá-los, nos casos de fuga para além da fronteira.

“O banco de dados que temos é do Brasil. A Venezuela não disponibiliza banco de dados. Chegando aqui, o criminoso vai entrar. Infelizmente, é a nossa realidade. Se não tiver um registro aqui, não entra. Ele é preso caso tenha um registro na Interpol”, explicou Everaldo Ramos.

Sobre a crise migratória venezuelana, Ramos afirmou que um país como a Venezuela não cabe dentro de um estado como Roraima, unidade federativa com a menor economia do país, com apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de tudo o que é produzido no Brasil.

“Um país não cabe dentro do estado. Roraima é o mais pobre a nível de PIB. Você não pode pegar a Venezuela e jogar dentro deste estado. Tem que haver uma política pública. Quem sabe, a acolhida possa ser dentro da Venezuela, possamos aumentar a interiorização. Por dia, a acolhida custa R$ 1 milhão ao Brasil. E não para”, declarou.