Esporte

Comentarista é acusado de xenofobia após criticar árbitro de Roraima

TV Gipão, que transmite os jogos do clube Sergipe na internet, pediu desculpas pelo comentário. Associação dos Cronistas Esportivos de Roraima repudiou a fala

O comentarista Odilon Junior, da TV Gipão, que transmite os jogos do Sergipe na internet, foi acusado de fazer um comentário xenofóbico durante crítica à atuação do árbitro Wasley do Couto Leão, da Federação Roraimense de Futebol (FRF), por deixar de marcar, no final de partida válida pela Série D, um pênalti a favor da equipe contra a Jacuipense (BA), enquanto perdia por 2 a 1.

O lance criticado aconteceu aos 46 minutos do segundo tempo. Jogadores do time sergipano foram em direção ao árbitro para questionar por que não assinalou a penalidade, em oportunidade que o atleta da Jacuipense tenta uma bicicleta para tirar a bola da grande área e acaba atingindo Matheus, do Sergipe. Wasley do Couto marcou jogo perigoso.

Após dois minutos de críticas à atuação do árbitro, Odilon Junior associa a conduta dele com o fato de Roraima não possuir tradição no futebol. “Esse juiz, é como falei antes da transmissão: ele veio de Roraima. Lá não tem… não sei… tradição de futebol”, disse.

Antes de começar a partida, o comentarista desejou “boa sorte” a Wasley do Couto, porque o futebol do Estado que representa não tem expressão no futebol nacional. “Inclusive, o campeão lá do Estado dele, de Roraima, é o Baré, com 28 títulos. É o time mais conhecido”, disse.

Nesse momento, o locutor da TV, Jessé Morais, brinca com o nome do clube e o associa ao refrigerante. Odilon Junior emenda: “Como não tem essa tradição, torcedor, vamos torcer que o árbitro Wasley venha ter um bom desempenho, onde deixe os jogadores atuarem e mostrar o futebol, porque quando o árbitro não aparece, é porque o árbitro foi bom na partida”.

Com a repercussão, a TV Gipão pediu desculpas pelo comentário.

Paraense, Wasley do Couto é árbitro da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) desde 2011 e após fazer carreira na arbitragem do futebol de seu Estado, se transferiu para o quadro da FRF em 2020.

Críticas

O comentário não foi bem aceito em Roraima. A Acer (Associação dos Cronistas Esportivos de Roraima), repudiou a “fala xenofóbica” do comentarista esportivo, “tentando associar os seus próprios conceitos sobre arbitragem, a uma hipotética incapacidade por ser de Roraima”.

Na nota, a instituição disse que reconhecer que a arbitragem da FRF tem se esforçado em capacitá-la e citou o curso de arbitragem iniciado na semana passada, sendo aberto inclusive à imprensa esportiva local. “Roraima hoje é um celeiro de universitários, o que tem elevado o nível cultural e educativo deste Estado, a patamares bem maiores”, disse.

A Acer também revelou ter comunicado o caso à Abrace (Associação Brasileira dos Cronistas Esportivos) e citou ter obtido um pedido de desculpas da TV Gipão. “Esperamos que seus cronistas se limitem aos comentários técnicos e táticos do jogo, deixando de fora as menções xenofóbicas contra qualquer Estado brasileiro, da mesma forma que Sergipe merece o nosso respeito”, finalizou.

Procurada, a Comissão de Arbitragem de Futebol de Roraima (CAF-RR) disse que a nota da Acer já agrada os árbitros locais e que discutia a abordagem ao assunto.