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O roraimense Gaúcho Dias

Gaúcho Dias , o seu nome verdadeiro era Bernardino Dias de Souza Cruz. O apelido “GAÚCHO” lhe foi dado quando ainda era criança, devido ao seu porte físico alto e forte.

Gente da nossa gente, personagem da nossa história

Gaúcho Dias foi Prefeito de Boa Vista, no período de 2 de março a 02 de setembro de 1961, indicado pelo Governador Hélio Magalhães de Araújo. O seu nome verdadeiro era Bernardino Dias de Souza Cruz. O apelido “GAÚCHO” lhe foi dado quando ainda era criança, devido ao seu porte físico alto e forte.

O Gaúcho Dias era filho do português Antonio Dias de Souza Cruz, comerciante em Boa Vista na Praça Barreto Leite (sua loja funcionava onde era o antigo Restaurante Black White – ao lado do  hoje Terminal de Ônibus, no centro da cidade). Antonio também possuía um armazém na Fazenda Viçosa, às margens do rio Amajari.

O português Antônio Dias casou-se em 30/07/1898 com a roraimense Camila Mesquita Dias de Souza Cruz. O casal teve 14 filhos. Dentre eles Camilo Dias, dedicado professor e por várias vezes Diretor de Educação do antigo Território Federal de Roraima, o equivalente a Secretário de Educação. Em sua homenagem foi denominada uma unidade de ensino com seu nome, o Colégio Estadual Militarizado Professor Camilo Dias, situado na Rua Tenente Guimarães, 382 – no Bairro Liberdade.

Outro filho, que é o personagem central desta reportagem, Bernardino Dias de Souza Cruz, o Gaúcho Dias, este foi fazendeiro, pecuarista, presidente local dos partidos políticos MDB e PSD, e posteriormente, em 1961, Prefeito de Boa Vista.

Gaúcho Dias nasceu no dia 31/12/1902, na região do Amajari. Era dono das fazendas: Viçosa, Lombada e Monte Verde. E, na região do Ereu, fundou a “Fazenda Salinas”. Ele foi um dos primeiros pecuaristas a adquirir reprodutores bovinos das raças Nelore, Gir, e Guzerat, visando o melhoramento do seu rebanho.

Mesmo tendo cursado apenas o primário, Gaúcho Dias sabia da importância da educação e, por conta própria, instalou uma escola pública destinada a ensinar os filhos dos trabalhadores e dos moradores das redondezas da fazenda Viçosa no Amajari. Os professores eram trazidos de Manaus.

Quem viaja hoje pela BR-174, asfaltada, cruzando as pontes sobre os rios Cauamé e Uraricoera em direção à Pacaraima, não têm ideia de como era antigamente uma viagem naquela região.Não havia estrada e os rios, quando enchiam, não davam passagem, nem de barcos, pois as águas encobriam as pedras, o que tornava perigosa a travessia. Além disso, havia ainda baixios de terra preta – o mais autêntico atoleiro dos lavrados de Roraima -; e, mais ainda o flagelo dos piuns, carapanãs e até cobras.Eram tantos os obstáculos que muita gente desistia da viagem, e poucos vinham à Boa Vista ou iam daqui pro interior, a não ser os garimpeiros para o Tepequém.

E, em face desses inúmeros problemas, o roraimense Gaúcho Dias, construiu, às suas custas, a primeira estrada na localidade chamada de “Boca da Mata”, perto de Pacaraima até o Amajari. E do Amajari até Boa Vista.Não era, evidentemente, uma estrada de alto padrão, até porque foi feita a base de machado, foice e terçado. Mas, imagine o sacrifício para construí-la. Depois da estrada pronta, passou a ter um grande valor para a população interiorana.

Gaúcho Dias gostava muito de música e de esporte. Foi presidente do Atlético Roraima e era um ouvinte assíduo da Rádio Difusora de Roraima. Sempre que vinha à Boa Vista passava pela emissora e enviava, através do programa “ O Mensageiro do Ar”, recados para a família e amigos.E, quando estava em sua fazenda no Amajari, no horário do programa (às 19h), pedia silêncio na sala, ligava o seu rádio e passava a ouvir, com a máxima atenção, os avisos enviados para o interior.

Gaúcho Dias era casado com a roraimense Alcinda Nascimento Dias (21/07/1912 + 28/02/2004).O casal teve 11 filhos:Ermano Dias, Antonio Neto, Flávio; Bento; Benjamim; Paulo Dias (foi vereador em Boa Vista); Maria Lúcia (esposa do professor e ex-presidente da Câmara Municipal de Boa Vista Alamir Casarin – já falecido); Marlene (casada com o ex-senador amazonense Artur Virgílio, (já falecido); Zenilda (casada com Abdalla Fraxe, ambos já falecidos); e Zenir Dias Silva (casada com Dácio Le Lacheur da Silva Neto, mora em Manaus)

Gaúcho Dias faleceu em 21/06/1974, vítima de infarto no miocárdio (no Coração). Havia chegado de uma de suas fazendas, e sentiu-se mal, foi transportado para Boa Vista e foi hospitalizado, mas não resistiu, apesar de todos os esforços e perícia dos médicos Evaldo e Deodato.

Em sua homenagem há uma escola pública com o seu nome, na região do Gelo, e em Boa Vista, há uma rua, a “Rua Gaúcho Dias”, no bairro São Francisco.