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FORTE DE SÃO JOAQUIM DO RIO BRANCO

O vale do rio Branco foi muito cobiçado por holandeses e ingleses, que adentraram este território através da Guiana e por espanhóis pelo território da atual Venezuela, inclusive chegaram a instalar guarnições bem armadas na região do rio Uraricoera.

(1775 – 1889)

O vale do rio Branco foi muito cobiçado por holandeses e ingleses, que adentraram este território através da Guiana e por espanhóis pelo território da atual Venezuela, inclusive chegaram a instalar guarnições bem armadas na região do rio Uraricoera.

Os portugueses no ano de 1736, vieram em uma grande escolta de militares, comandada por Crystovão Ayres Botelho, guiado pelo Tuxaua da região chamado Donaire, entraram no vale do rio Branco,

Em 1740, Francisco Xavier de Andrade (Barão de Parima, nome de uma Escola em Boa Vista, no Bairro Calungá), por ordem do governador e Capital-General do Grão-Pará, João de Abreu Castelo Branco, entrou pelo rio Branco chegando ao rio Uraricoera. Nesta viagem se fez acompanhar por Lourenço Belfort, que vinha com uma grande tropa de militares e de vários grupos indígenas com seus tuxauas, e chegaram às proximidades da cordilheira do Parima. Foram dois meses de viagem e, no final, levaram do vale do rio Branco para Belém, mais de mil índios como escravos.

Já o comerciante escravista holandês Nicolau Horstman, partiu da colônia holandesa na América do Sul (esta Colônia depois foi chamada de Guiana Holandesa e hoje é um país: Suriname, cuja capital é a cidade de Paramaribo), chegou até o rio Negro, onde fez negócios e apreendeu índios daquela região e, em 1741 subiu o rio Branco e desceu pelos rios Tacutu e Jauaperí, retornando para sua Colônia.

A última expedição portuguesa com a finalidade de aprisionamento de índios no vale do rio Branco, ocorreu no ano de 1748 idealizada por José Miguel Ayres.

Os espanhóis, vindos do rio Orinoco entre 1771 e 1773, atravessaram a Cordilheira de Pacaraima e invadiram a região do rio Uraricoera, onde fundaram três povoados: Santa Rosa, Santa Bárbara e São João Batista de Caya-Caya.

Os portugueses, por sua vez, na defesa da soberania destas terras que até então pertenciam a Portugal, vieram, travaram lutas e expulsaram os invasores e, em seguida, construíram em 1775 o Forte São Joaquim, na confluência dos rios Tacutu e Uraricoera, e este foi um marco decisivo na conquista e defesa do rio Branco.

Foi João Pereira Caldas, governador e capitão-general do Estado do Grão-Pará, por ordem do rei de Portugal D. José I, em carta datada do dia 17 de maio de 1775, quem determinou a Joaquim Tinoco Valente, governador da Capitania de São José do Rio Negro (hoje o Estado do Amazonas), a construção de uma fortaleza no vale do rio Branco. A decisão foi motivada pela movimentação dos espanhóis na região onde, já haviam construídos os Fortes de Santa Rosa e São João Batista de Caya-Caya nas margens do rio Uraricoera.

Coube ao capitão Felipe Sturm, engenheiro alemão a serviço de Portugal na Comissão de Limites, a missão de expulsar os espanhóis com uma tropa de guerra enviada de Belém, construir o Forte e povoar a região. O local escolhido foi à confluência do rio Uraricoera com o rio Tacutu, formadores do rio Branco, considerando-se que se poderia dominar a entrada desses rios, devido ao movimento dos espanhóis pelo rio Uraricoera e dos holandeses pelo rio Tacutu.

A construção do Forte São Joaquim em 1775 foi um marco decisivo na conquista do rio Branco para os domínios portugueses. A presença permanente do colonizador Português só ocorreu, de fato, após a construção do Forte e a criação dos povoados: Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio (no rio Uraricoera), São Felipe (no rio Tacutu), Nossa Senhora do Carmo e Santa Bárbara (no rio Branco).

Em 1789 o comandante português Manoel da Gama Lobo D’Almada, para garantir a subsistência dos portugueses na região, introduziu o gado bovino, espalhando-o em torno do Forte São Joaquim e depois nas fazendas por ele criadas: Fazenda São Bento, no Uraricoera, Fazenda São José, no Tacutu e, por último, a Fazenda São Marcos, em 1799.

            O Forte de São Joaquim do rio Branco teve como comandantes: Capitão Phillip Sturm (1775), Capitão Nicolau de Sá Sarmento (1787), Capitão Inácio Lopes de Magalhães (1830), Capitão Ambrósio Aires (1835), Capitão José Barros Leal (1839), Major Coelho (1842), Capitão Bento Ferreira Marques Brasil (1852) e o último, já como administrador, o Cabo Pedro Rodrigues Pereira (1889).

O Forte São Joaquim, às margens do rio Tacutu, está em ruínas e quase não se vê como era a construção original. Em terra firme resta apenas uma pequena mureta de pedra.

            O Governo do Estado de Roraima, no dia 20 de março de 1990, instituiu pelo Decreto Estadual n.º 308, a comenda (Medalha e Diploma) “Ordem do Mérito Forte São Joaquim”, e é concedida à pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras que se destacaram pelos méritos ou pelos relevantes serviços prestados ao Estado de Roraima.

Em abril de 2001, por solicitação do Conselho de Cultura do Estado de Roraima, o Forte São Joaquim do Rio Branco foi tombado como patrimônio histórico da humanidade, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional de Roraima (Iphan). A Colônia portuguesa (grupo de pessoas) em Boa Vista, resolveu defender o que resta do Forte e realizou um encontro de autoridades portuguesas e brasileira (Exército), com o objetivo de proteger e melhorar o sítio arqueológico onde o Forte São Joaquim está.

Quem foi Pedro Rodrigues Pereira (último comandante/administrador do Forte): – Pedro Rodrigues nasceu na cidade de Triunfo no Estado de Pernambuco em 1881 e serviu à Guarda Nacional. Era soldado, depois foi promovido a Cabo com a missão de guardião e administrador do Forte São Joaquim.

Com a proclamação da República em 15/11/1889, Pedro Rodrigues fechou o Forte e entregou as chaves ‘as autoridades, e passou a trabalhar com atividade comercial. Comprava mercadoria em Manaus e as revendia em Boa Vista. Pedro Rodrigues faleceu aos 60 anos de idade em 1941 e era pai do Tuxaua Pereira, ex-Prefeito de Alto Alegre. O nome de Pedro Rodrigues denomina uma rua em Boa Vista (se situa entre a Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes até a Avenida Terêncio Lima, no Bairro Mecejana).