Roraima tem o primeiro caso interno do zika vírus detectado. A vítima é uma mulher de 53 anos, moradora do bairro Tancredo Neves, na zona Oeste. A doença foi contraída pela transmissão do mosquito Aedes Aegypti, o mesmo da dengue. A doença entrou no Brasil pelo Estado da Bahia na época da Copa do Mundo, em 2014.
Segundo o secretário adjunto de Saúde, Paulo Linhares, no mês de junho foi registrado um caso de uma pessoa que veio da Bahia. “Com mais essa paciente, são dois casos confirmados e 16 suspeitos aqui em Roraima. Essa senhora que contraiu o vírus não viajou e não teve contato com ninguém de outro Estado, por isso é um caso autóctone, de transmissão local”, afirmou.
Linhares disse que para se evitar uma epidemia de zika é necessário que a população procure não deixar recipientes com água parada e acumulada, porque esses locais são propícios para a procriação do mosquito transmissor.
Por meio da Rede Sentinela, qualquer pessoa que sinta os sintomas da zika deve procurar uma unidade básica da Prefeitura de Boa Vista ou o Hospital Geral de Roraima (HGR), a Policlínica Cosme e Silva e o Hospital da Criança Santo Antônio. Para que os profissionais de saúde dessas unidades possam detectar se o paciente está com os sintomas da febre zika, eles devem notificar e pedir o exame de sorologia. O Estado envia ao Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), que é o responsável pelas regiões Norte e Nordeste para a realização do diagnóstico do vírus.
A gerente de Dengue da Secretaria de Saúde do Estado, Ana Paula Guth, disse que os sintomas são bem parecidos com o da dengue. “Entretanto, na zika o sintoma principal para definir o caso são manchas vermelhas no corpo, bem características da doença. Além disso, a pessoa pode apresentar febre ou não. Geralmente, quando se tem, é baixa. Também podem aparecer dor e inchaço nas articulações e olhos avermelhados. O vírus tem uma evolução muito rápida e a média é de 3 a 7 dias a duração dos sintomas e não fica nenhuma sequela”, ressaltou.
Segundo a coordenadora de Vigilância em Saúde, Daniela Souza, para se conseguir confirmar um caso é preciso que o paciente passe pelo exame até o quinto dia do primeiro sintoma. “Se pegarmos o paciente após esse primeiro período, já não conseguimos diagnosticar a doença”, frisou.
O superintendente da Vigilância em Saúde do Município de Boa Vista, Emerson Capistrano, afirmou que o município, além de estar atuando junto com o Estado no monitoramento, já tem capacitação agendada para próxima semana em toda rede de assistência municipal destinado a sensibilizar todos os funcionários de saúde para notificação e identificação dos casos suspeitos.
“Paralelo a isso, vamos avaliar as áreas desses casos confirmados e desenvolver um trabalho de sensibilização da população para eliminação de criadouros e trabalhar em conjunto para que possamos diminuir o risco da doença que está se espelhando no Estado”, afirmou Capistrano.
CASO DE ZIKA
Identificação de Rede Sentinela é implantada para monitorar doença
Após a confirmação do primeiro caso da febre zika contraído em Roraima, para dar velocidade ao processo de notificação da doença, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) instituiu a Rede Sentinela, que reúne a Policlínica Cosme e Silva, o Hospital Geral de Roraima e o Hospital da Criança Santo Antônio. Qualquer pessoa que apresentar os sintomas da doença deve procurar essas unidades, no prazo de cinco dias, para que sejam adotados os protocolos.
Segundo o secretário adjunto de Saúde, Paulo Linhares, o papel da Sesau é oferecer apoio logístico aos municípios para a execução das ações de combate. “Temos sete carros fumacê e, na medida em que o município apontar a necessidade, disponibilizamos como também os insumos [venenos em geral] para que as ações sejam executadas”, complementou Linhares, ao esclarecer que o Estado monitora e coordena as ações.
A suspeitas do primeiro caso surgiu em julho, quando a paciente apresentou manchas vermelha na pele, olhos avermelhados, inchaço e dores musculares, nas articulações e na cabeça, além de febre. Ao ser atendida em uma unidade de saúde, a pessoa foi medicada e deu continuidade ao tratamento em casa, sem a necessidade de internação, apenas repouso. O vírus fica ativo no corpo por até sete dias.
Segundo a gerente do Núcleo de Combate à Febre Amarela e Dengue da Sesau, Ana Paula Guth, de imediato equipes do município fizeram o bloqueio epidemiológico da região onde mora a pessoa com zika. “As equipes vão até a residência eliminar o vetor na região. É importante que a notificação seja feita para haver as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, que é o transmissor da doença”, afirmou.
MUNICÍPIO – Da mesma forma, as unidades de saúde municipais estão em alerta e, após a notificação da doença, em julho, o Centro Municipal de Controle de Zoonoses foi comunicado imediatamente e fez o bloqueio da área para evitar novas transmissões. As ações incluíram a eliminação de possíveis criadouros do mosquito e borrifação de inseticida. Em toda a capital o trabalho segue com a visita dos agentes de endemias às residências a cada 45 dias.
Médicos e enfermeiros do Programa de Estratégia em Saúde da Família serão capacitados para agilizar a identificação de casos da doença. As unidades sentinelas (HGR, Hospital da Criança Santo Antônio e Policlínica Cosme e Silva) continuarão com o trabalho de identificação de possíveis casos de zika, e assim reforçar o planejamento das ações de prevenção e controle da doença.
Dados do último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), realizado em julho deste ano, mostram que Boa Vista está com 10,5% de infestação do mosquito, ou seja, alto risco para a transmissão. O índice considerado satisfatório pelo Ministério da Saúde é de menos de 1% de residências com larvas do mosquito. Os bairros com maior incidência são: Olímpico, Operário e Pricumã.
O VÍRUS – Trata-se de um vírus aparentemente leve e benigno, cujo sintoma se estende por três a sete dias. A transmissão é feita pelo mesmo mosquito da Dengue e da Febre Chikungunya, o mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água limpa ou suja.
“As pessoas que apresentam os sintomas devem procurar uma unidade de saúde, sem se automedicar”, alertou a coordenadora da Vigilância em Saúde da Sesau, Daniela Souza, ao alertar a população em manter os quintais limpos, sem água parada e entulhos acumulados, de forma que dificulte a proliferação do mosquito transmissor.
Outros 16 casos estão sob investigação, aguardando a confirmação do Laboratório Evandro Chagas. Esses estão concentrados nos bairros Mecejana, Aparecida, Buritis, Tancredo Neves e Centenário, todos em Boa Vista.
Proprietários de 200 terrenos baldios são notificados em BV
Com a confirmação do primeiro caso do zika vírus em Boa Vista, a prefeitura reforçou as ações de combate ao mosquito transmissor da doença, que é o mesmo vetor da dengue e da chikungunya, e intensificou a fiscalização nos terrenos baldios. Ontem foi divulgada, no Diário Oficial do Município, a relação com os nomes dos proprietários de mais de 200 terrenos baldios sujos na Capital.
Após a notificação, os proprietários têm um prazo de 15 dias para fazer a limpeza do terreno, caso contrário, serão multados no valor de R$ 237,00. Segundo o secretário municipal de Economia, Planejamento e Finanças, Márcio Vinícius, a fiscalização é diária em todos os bairros da capital. “Os fiscais identificam os terrenos sujos e tentam localizar os proprietários para que façam a limpeza. Só quando essa localização não é possível é que os nomes são publicados no Diário Oficial do Município”, informou.
De acordo o Código de Postura do Município, a limpeza de terrenos baldios é de responsabilidade do proprietário e deve ser feita pelo menos três vezes ao ano. Se mesmo com a notificação, o dono do terreno não retira o lixo, a prefeitura faz a limpeza do local e cobra o serviço, que custa R$ 2,37 por metro quadrado. O proprietário ainda tem o nome inscrito na dívida ativa do município.
O secretário informou que 20% dos terrenos baldios de Boa Vista estão sem manutenção. Ele ressaltou que o objetivo da fiscalização não é aplicar multas, nem arrecadar dinheiro, e sim manter a cidade limpa e sensibilizar os donos sobre os riscos causados pelos terrenos abandonados. “Quando não são limpos, esses terrenos contribuem para a proliferação de mosquitos que podem transmitir a dengue e outras doenças. A nossa orientação é que os proprietários façam a limpeza e evitem transtornos para a população”, alertou.
O cidadão pode colaborar com o município, denunciando os terrenos que estão sem manutenção por meio da Central de Atendimento 156. Basta informar o endereço do terreno que uma equipe é enviada ao local para averiguar a situação.
ENTULHOS E GALHADAS – A Prefeitura de Boa Vista oferece a coleta de entulhos e galhadas. Os serviços devem ser solicitados por meio do site da Secretaria Municipal de Economia, Planejamento e Finanças: boavista.saatri.com.br. ou na própria secretaria, localizada na Rua Coronel Pinto, Nº 188, Centro. O contribuinte deve pagar uma taxa de R$ 40,00, no caso de galhadas, e R$ 120,00 para recolhimento de entulhos por carrada.