
Manter a casa em ordem pode ser mais do que estética ou organização: estudos recentes apontam que realizar tarefas domésticas regularmente, sobretudo à medida que envelhecemos, está associado a dias de vida a mais. Um estudo de longo prazo conduzido em Hong Kong com pessoas de 65 a 98 anos constatou que os participantes que relataram engajamento maior em atividades domésticas ao início do estudo viveram mais dias ao longo de 14 anos, mesmo após ajustes para idade, sexo, estado civil e outros fatores.
No estudo, cada “tipo adicional” de tarefa doméstica assumida correspondia a uma queda de cerca de 13 % no risco de mortalidade. Além disso, verificou‑se que a saúde física e mental mediavam parte dessa relação. Ou seja: quem faz mais tarefas domésticas tende a ter mais vigor físico e melhor estado psicológico, o que por sua vez está ligado à maior
Outro estudo, realizado em Cingapura com adultos mais velhos, apontou que participação consistente em tarefas de casa leves (como limpeza, arrumar, cozinhar) ao longo do tempo reduziu o risco de fraqueza em cerca de 39% e o risco de mortalidade geral em até 42% para mulheres.
Especialistas sugerem que tarefas domésticas funcionam como forma de atividade física suave, mas regular, o que ajuda a manter músculos, mobilidade, equilíbrio e saúde cardiovascular. Também contribuem para manter a rotina, o engajamento no lar e o senso de propósito, o que favorece a saúde mental. Por exemplo, tarefas de casa envolvem atenção, planejamento, esforço físico leve a moderado, portanto, mais vantajoso do que ficar totalmente sedentário.
Além disso, o ambiente doméstico organizado reduz estressores visuais e práticos (acúmulo de bagunça, poeira, dificuldades de encontrar objetos) que podem gerar ansiedade, sensação de descontrole ou carga mental adicional. Embora esse mecanismo ainda exija mais investigação, já se vislumbra que “fazer a casa” pode atuar como intervenção preventiva simples para saúde no longo prazo.
Dicas práticas para aplicar em casa
Para quem quer transformar organização doméstica em aliada da saúde, vale considerar estes pontos:
- 1 – Inclua tarefas de casa como parte da rotina: reservar alguns minutos por dia para limpar, arrumar ou organizar reduz o acúmulo de sedentarismo e ajuda a manter o corpo em movimento.
 - 2 – Varie as tarefas: limpeza, cozinhar, arrumar objetos, até pequenos consertos são formas eficazes de “movimento doméstico”.
 - 3 – Tenha atenção ao equilíbrio: embora fazer tarefas seja bom, um estudo europeu apontou que mulheres que realizavam muitas horas de faxina, combinadas com muito pouco ou muito sono, relataram pior saúde. Então, não se trata de exagerar; trata‑se de integrar na rotina com equilíbrio.
 - 4 – Organize o ambiente para favorecer: menos bagunça, menos obstáculos, ambiente arejado que facilite a tarefa. Isso reduz risco de quedas e torna a atividade mais fluida.
 - 5 – Use a casa como ambiente de saúde: ao invés de ver limpeza como obrigação chata, pense nela como autocuidado, movimento, organização e estímulo mental.
 
Claro, não se está dizendo que fazer tarefas domésticas substitui exercícios estruturados, alimentação saudável, sono adequado ou supervisão médica. O que os estudos revelam é que as tarefas domésticas podem compor um conjunto de hábitos saudáveis, especialmente para quem está na meia‑idade ou terceira idade, quando atividades mais intensas podem ser mais difíceis.
Por isso, para as pessoas em Roraima ou em qualquer lugar, adotar uma postura ativa no lar pode ter impactos reais no bem‑estar. Mesmo em casas menores ou com menos espaço é possível escolher: deixar de ser espectador passivo do dia‑a‑dia e voltar a participar dele ativamente ao varrer, limpar, organizar e ajustar. Pode parecer simples, mas a ciência sugere que isso faz diferença.