A nadadora roraimense Maria Clara de Andrade, de 17 anos, conquistou a primeira medalha de ouro da história da natação paralímpica de Roraima em uma competição nacional. O feito aconteceu na segunda etapa do Circuito Nacional Paralímpico de Natação, realizada entre os dias 5 e 7 de setembro, em São Paulo.
A jovem atleta da equipe APABV garantiu o lugar mais alto do pódio na prova dos 100 metros peito, classe S9. Além disso, também levou o bronze nos 50 metros livre. Maria Clara conta que sempre gostou de praticar esportes. Praticou karatê e futsal na infância, mas ao entrar no ensino médio, decidiu praticar natação.
“Desde pequena eu sempre fiz esportes, fiz karatê, fiz futsal, e quando eu entrei no ensino médio, não tinha a modalidade que eu fazia antes, que era futsal, e eu procurei outras modalidades, e a natação me interessou. Eu comecei a treinar no IFRR e o Mateus me encontrou e começou a me treinar”, relata Maria.
Mesmo com pouco mais de dois anos de treinos, a nadadora já acumula resultados de destaque. Na primeira etapa do Circuito, em junho, ela também subiu ao pódio e garantiu uma medalha de prata e uma de bronze.
“Eu treinei bem pesado. Eu estudo em período integral, então, já saía da aula e vinha direto para os treinos e depois para a academia. Foi essa rotina bem agitada”, relembra Maria, sobre o sacrifício para conquistar a medalha de ouro.
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Todo o esforço é resultado da parceria com seu treinador, Mateus Antony, de 30 anos. Ele atua na natação há seis anos e trabalha com o paradesporto desde 2021. O treinador faz parte da equipe do Centro de Referência Paralímpica de Roraima, que desenvolve atividades em modalidades como natação, paratletismo, basquete em cadeira de rodas, entre outras, de maneira gratuita para atletas a partir dos 11 anos.
“A Maria começou a treinar muito recentemente. Ela iniciou com 15 anos, é meio tardio para o esporte. Mas, mesmo assim, ela conseguiu ser prata no Nacional, na primeira etapa da competição”, destacou Mateus.
Segundo Mateus, o esporte paralímpico em Roraima vem crescendo tanto em número de atletas quanto em resultados. A conquista de Maria é prova desse avanço. “Desde 2021 eu comecei a trabalhar aqui, e eu consigo perceber o desenvolvimento, tanto em questão do quantitativo de alunos como nos resultados”, afirmou.
A conquista teve um gosto ainda mais especial porque Maria competiu ao lado de atletas alto nível da modalidade.
“Eu tive uma conversa com ela no meio do ano, e eu percebi que ela conseguiria chegar na primeira colocada. A gente fez um treinamento específico para essa competição e ela conseguiu a medalha de ouro. Foi um marco para o paradesporto roraimense, pois foi a primeira medalha de ouro do estado em nível nacional”, reforçou Mateus.
Para Maria Clara, a conquista foi a realização de um sonho. Ela enfrentou adversárias experientes, inclusive atletas com passagens pela seleção brasileira.
“Foi a realização de um sonho. O Mateus falou no início do ano que, se eu treinasse bastante, eu ia conseguir ser campeã. Mas eu ainda ficava com as minhas dúvidas, pois eu só tinha dois anos de treino e tinha muita gente grande mesmo, que já havia disputado as Paralimpíadas ao meu lado. Ver que eu consegui com dois anos de treino é algo magnífico”, ressaltou.
Agora, a nadadora roraimense segue firme na preparação para os próximos desafios do calendário. Ela ressaltou que um dos seus objetivos é disputar os Jogos Paralímpicos de Los Angeles.
“Quem sabe em 2028 eu posso estar nos Jogos Paralímpicos, porque como eu consegui essa medalha, tem chances de acontecer, de eu ser vista e fazer parte da seleção. Sempre foi um sonho e eu pretendo continuar nesse ramo”.