O hábito de assistir a séries e filmes sob demanda já faz parte do cotidiano de quase metade dos domicílios brasileiros. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, em 2024, 32,7 milhões de residências contavam com acesso a serviços pagos de streaming de vídeo, um avanço de 1,5 milhão de lares em relação a 2023. O percentual de domicílios com televisão e plataformas pagas subiu de 42,1% para 43,4% em apenas um ano.
O crescimento não foi uniforme pelo país. As regiões Sul (50,3%), Centro-Oeste (49,2%) e Sudeste (48,6%) concentram os maiores índices de acesso, enquanto Norte (38,8%) e Nordeste (30,1%) aparecem com percentuais mais baixos. Ainda assim, o Nordeste registrou o maior avanço proporcional: aumento de 1,9 ponto percentual, cerca de 490 mil lares a mais com assinatura de streaming.
Os dados também mostram o perfil de consumo: 91,8% dos domicílios com streaming pago mantêm acesso à televisão aberta ou por assinatura, sinal de que as telas convivem em vez de se substituírem. Por outro lado, 8,2% das casas com plataformas de vídeo não têm nenhum outro serviço de TV, índice que vem crescendo desde 2022, quando era de apenas 4,7%.
A desigualdade de renda aparece de forma clara, segundo os dados do IBGE. O rendimento médio per capita nos lares com streaming pago é de R$ 2.950, mais que o dobro dos domicílios sem o serviço (R$ 1.390). Quando a família acumula assinatura de streaming e TV fechada, a média salta para R$ 3.903, evidenciando o peso econômico do acesso digital.
Enquanto o número de assinaturas sobe, o interesse por produções específicas ajuda a explicar a força do mercado. Levantamento do JustWatch, plataforma que monitora audiência de streaming, aponta que, em 2024, séries como “Wandinha”, “One Piece” (live action) e “The Boys” figuraram entre as mais vistas no país.
No catálogo de filmes, títulos como “Barbie”, “Oppenheimer” e produções nacionais como “Minha Irmã e Eu” e “Medida Provisória” ocuparam posições de destaque. Pesquisas de consumo do DataReportal também indicam que o Brasil é o segundo maior mercado de streaming da América Latina, com usuários passando, em média, 3h40 diárias em plataformas digitais de vídeo.