Algumas pessoas vivem em um ciclo constante de inícios e términos. Seja em relacionamentos amorosos ou amizades, a dificuldade de manter vínculos duradouros pode ser mais comum e mais complexa do que parece. E, segundo especialistas da área da saúde mental, esse comportamento não está necessariamente ligado a estilo de vida ou personalidade, mas pode indicar questões emocionais mais profundas.
Mas qual a dificuldade em manter um relacionamento? Primeiro, é preciso entender que uma relação saudável exige mais do que amor e afinidade. Maturidade emocional, autoconhecimento, capacidade de dialogar, lidar com frustrações e respeitar limites são habilidades indispensáveis. Porém, nem todos desenvolvem essas competências com a mesma intensidade e isso afeta diretamente a qualidade e a durabilidade dos vínculos.
De acordo com a Associação Brasileira de Psicologia (ABP), padrões emocionais construídos ao longo da infância e adolescência influenciam fortemente a forma como uma pessoa se relaciona na vida adulta. Por exemplo, quem cresceu em ambientes instáveis, com modelos afetivos conflituosos ou negligentes, pode repetir esse tipo de padrão nos relacionamentos atuais.
Além disso, pesquisas publicadas pela Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) apontam que indivíduos com baixa autoestima têm mais dificuldade em estabelecer relações duradouras. Isso ocorre porque a falta de confiança em si mesmo pode gerar comportamentos como dependência emocional, autossabotagem, medo de rejeição e necessidade constante de validação.
Entre os comportamentos mais comuns em pessoas que enfrentam dificuldades em manter vínculos estão a baixa tolerância à frustração; dificuldade de comunicação assertiva; medo da intimidade emocional; crenças disfuncionais sobre amor e afeto; histórico de traumas afetivos não elaborados; repetição de relações com perfis abusivos ou narcisistas; e estilo de apego inseguro (evitativo ou ansioso). Esses fatores muitas vezes não são percebidos pela própria pessoa, o que faz com que ela reviva os mesmos padrões sem conseguir sair do ciclo.
Para procurar uma solução, a psicoterapia é uma das ferramentas mais indicadas pelos profissionais. Abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Terapia de Esquemas têm se mostrado eficazes na reestruturação de padrões afetivos disfuncionais.
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP), procurar um psicólogo pode ser necessário quando há uma dificuldade recorrente em manter relacionamentos estáveis e a pessoa sente vazio, angústia ou ansiedade ao se relacionar.
É preciso também entender que cultivar um relacionamento duradouro com outra pessoa começa com a construção de uma boa relação consigo mesmo. A saúde emocional tem papel fundamental nesse processo, e fortalecê-la é o primeiro passo para quebrar ciclos e criar vínculos verdadeiramente significativos.