NO TOPO

Roraimense sai de projeto social para conquistar cinturão peso-galo no Shooto Brasil

Jóshuah Reis, de 22, supera desafios e vence Ary Farias para se tornar campeão no Shooto Brasil 131; agora mira contrato com o UFC

Roraimense conquista cinturão do peso-galo do Shooto Brasil. (Foto: Reprodução)
Roraimense conquista cinturão do peso-galo do Shooto Brasil. (Foto: Reprodução)

O roraimense Jóshuah Reis, de 22 anos, conquistou o cinturão da categoria peso-galo no Shooto Brasil 131, disputado na última sexta-feira (1º), na Arena Hall, em Vicente Pires (DF). Invicto no MMA, o atleta venceu o amazonense Ary Farias na luta principal do evento.

Nascido em Boa Vista, Jóshuah viveu parte da infância em Mucajaí, na vicinal II, na Vila Sumaúma. Aos nove anos, se mudou para Alto Alegre para estudar e começou nas artes marciais no projeto social Alto Alegre Jiu-jitsu, coordenado pelo professor Leandro Pacheco.

“Eu cresci na vicinal II, na Vila Samaúma, em Mucajaí. Me mudei porque a estrada era muito ruim e o transporte escolar não conseguia buscar a gente. Fui para Alto Alegre para estudar e me convidaram para o projeto. Comecei e gostei”, relembra.

Reis (à esquerda) nos tempos do projeto social Alto Alegre Jiu-jitsu. (Foto: Arquivo pessoal)

Perda do pai às vésperas da primeira competição

Em 2013, quando tinha 11 anos, Jóshuah se preparava para disputar o primeiro campeonato de jiu-jitsu da carreira, em Boa Vista. Na época, a mãe cursava faculdade e não podia acompanhá-lo, então o pai seria o responsável por levá-lo ao torneio.

“Fui competir o meu primeiro campeonato de jiu-jitsu, mas acabei não lutando. Quem ia me levar era o meu pai. No trajeto para me acompanhar, ele sofreu um acidente e faleceu”, recorda.

Ele quase abandonou os treinos, mas o incentivo pelos colegas do projeto social a se manter no esporte. “Eles abraçaram a gente, minha mãe e minha irmã. Faziam cestas básicas, me incentivavam a treinar. Comecei a competir e fui ganhando campeonatos”, conta.

Jóshuah já foi campeão roraimense de jiu-jitsu. (Foto: Arquivo pessoal)

Aos 16 anos, fez sua primeira luta de MMA em Rorainópolis. Depois de vencer, recebeu o convite do treinador Mikail Reis para treinar boxe em Boa Vista.

“Eu estudava durante a semana em Alto Alegre e, no sábado, ia cedo para a Boa Vista. Dormia no tatame da academia, treinava e voltava no domingo. Muitas vezes não tinha dinheiro para ir, e o professor me ajudava com alimentação”, lembra.

Jóshuah Reis durante competição em Boa Vista. (Foto: Arquivo pessoal)

Convite para treinar no Rio de Janeiro

Em 2021, Mikail convidou Joshuah para treinar na Nova União, no Rio de Janeiro, academia comandada pelo mestre Dedé Pederneiras.

O início na capital carioca foi complicado. Joshuah conta que para se manter, ele trabalhou em uma fábrica de gelo, onde começava o expediente às 4h da manhã e tinha que encher dois caminhões por dia.

“Nunca tive apoio de empresas, políticos ou da prefeitura. Sempre foi minha mãe, dona Eliane Magalhães, alguns amigos e o professor Mikail que me ajudaram no meu inicio”, afirma.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



Caminho até o cinturão

Jóshuah com o cinturão do peso-galo do Shooto Brasil. (Foto: Divulgação)

Joshuah estreou no Shooto Brasil 109 com vitória. Depois, voltou a lutar em 2024, vencendo no Shooto 124 e, em maio de 2025, no Shooto 129. Os resultados abriram caminho para a disputa do título no último dia 1º de agosto, quando superou Ary Farias e se tornou campeão peso-galo.

Agora, o foco é competir no maior torneio de MMA do mundo, o UFC. “Meu objetivo é conseguir um contrato com o UFC ou com o Dana White’s Contender Series. Quero estar no UFC ainda este ano ou no início do próximo”.

(Foto: Reprodução)
Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.