O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, enfrenta desafios sanitários em sua produção avícola. Dados do Serviço de Inspeção Federal (SIF) revelam que, apenas nos primeiros cinco meses de 2025, foram registrados 122 mil casos de canibalismo entre frangos de corte. O fenômeno, embora o termo sugira violência extrema, está relacionado principalmente a condições de criação como superlotação, estresse e deficiências nutricionais.
Os números obtidos pelo portal Metrópoles mostram um panorama mais amplo: 248 milhões de ocorrências de doenças e problemas de saúde em aves destinadas ao abate neste período. Além do canibalismo, destacam-se 16 mil casos de tumores (neoplasias) – possivelmente ligados ao crescimento acelerado típico das linhagens industriais – e mais de 100 mil notificações de salmonella, bactéria que representa risco à saúde pública.
Causas do canibalismo
Especialistas explicam que o chamado “canibalismo” em frangos não envolve consumo de carne, mas sim um comportamento anormal de bicagem, geralmente direcionado às penas de outras aves. “É um distúrbio comportamental, não um ataque violento”, esclarecem especialista em avicultura. As principais causas incluem:
- Desequilíbrios nutricionais (falta de proteínas, minerais ou aminoácidos)
- Superlotação em granjas
- Iluminação excessiva ou inadequada
- Estresse por manejo incorreto
Outros problemas sanitários
O levantamento aponta ainda:
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- 68 milhões de casos de contaminação gastrointestinal
- 54 milhões de ocorrências de artrite
- 47 milhões de lesões de pele
A salmonella preocupa especialmente, com 24.978 registros de Salmonella Pullorum em São Paulo e 105 mil casos de Salmonella Typhimurium em Santa Catarina.
Apesar dos números expressivos, autoridades e especialistas destacam que a escala de problemas é proporcional ao volume de produção – o Brasil abate cerca de 6 bilhões de frangos anualmente. “Nossa fiscalização é referência mundial”, afirma um representante do MAPA. O sistema divide-se em:
- Saúde Animal (monitora aves vivas)
- SIF (inspeciona carne e processamento)
A rápida resposta à gripe aviária em 2024, que levou à suspensão temporária de importações por China e UE, é citada como exemplo da eficiência do sistema.
As condições levam à condenação parcial ou total de carcaças, gerando perdas. Porém, especialistas garantem que a carne aprovada pelo SIF é segura.
