Walber Aguiar*
Bem aventurados sois, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo disserem todo o mal contra vós Jesus
Num tempo de invenções, mentiras que viram verdade, e até a comentada pós verdade, entendemos que a vida não suporta esse tipo de criatividade absurda, negativa, hostil e sem fundamento. Entende-se também que o tempo, esse professor da vida, faz cair todas as máscaras, sejam elas discretas ou escancaradamente abusivas. Por essa causa a verdade, essa virtude, esse referencial ético, não pode se deixar abalar por aqueles que espalham a difamação e a calúnia, mesmo sabendo que são curtíssimas as pernas de quem se aproveita desse expediente para se dar bem, financeira, profissional e afetivamente.
Papai Noel é uma lenda, uma estória contada de forma conveniente, para que nossas crianças sejam envolvidas pelo encantamento de um velhinho bom e simpático; alguém que é ressuscitado a cada fim de ano, de acordo com a brecha a ser preenchida pela semi orfandade de nossos meninos. Sim, pois é mais simples fazer de conta que os brinquedos foram comprados e trazidos por ele. Isso nos exime da nossa responsabilidade afetiva, pelo menos por um tempo.
Também o duende se apresenta no intestino de nossas florestas encantadas, cheias de um brilho fácil, causado por histórias mirabolantes e sem noção que teimamos em alimentar como verdade, como tendo vida e uma densidade histórica concreta. Apenas um ser verde que surge no inconsciente coletivo daqueles que vivem perdidos em paranóias, alucinações e um pensamento adoecidamente obsessivo.
Ainda a mula sem cabeça nasce a partir do imaginário popular de que se trata de uma mulher que se apaixona e tem envolvimento afetivo com um padre. E por falar em relacionamentos, nunca se percebeu tanto a mentira sendo vivida nos corações humanos, enganosos que são, quanto nesse tempo de internet e excesso de comunicação. O amor foi banalizado, virou lenda, com raríssimas exceções. Nunca foi tão fácil disseminar mentiras em nome da afetividade, do emocional, de um narcisismo vazio, sem graça e sem vida. Aí a mula não tem cabeça porque vive apenas de um emocionalismo barato, baseado em palavras bonitas e dependência emocional.
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A partir da fabricação de mentiras e invencionices, de suposições e especulações vazias, entende-se que a “verdade” pode ser manipulada ao bel prazer de quem a cria e alimenta. É um lobo voraz com cara ovelha, uma profunda escuridão disfarçada de luz intensa e claridade.
No entanto, entre tantas distorções, inverdades, invencionices, manipulação de coisas e palavras, aparece a bem aventurança da verdade, a felicidade dos que carregam a paz de Deus e a boa consciência. A esses Jesus tem por felizes, pois manda que se alegrem mesmo diante da farsa, da perseguição e dos tentáculos enormes da mentira…
*Poeta, advogado, historiador, professor de filosofia, Mestre em Letras e membro da Academia Roraimense de Letras