Cotidiano

CRM repudia decisão judicial em suspender interdição

Em coletiva, órgão justificou que ação de suspender procedimentos se deu em razão ao desabastecimento das unidades e frisou não proibir atividade médica nos hospitais

Em repercussão à decisão judicial que suspendeu a interdição ética, a presidência do Conselho Regional de Medicina (CRM) rebateu as informações de que teria proibido os médicos de realizarem procedimentos cirúrgicos e citou o desabastecimento de insumos básicos nas unidades de saúde para a suspensão das eletivas, ocorrida em 16 de fevereiro.

Durante coletiva de imprensa na tarde de ontem, 25, a presidente do CRM, Rosa Leal, assegurou que a suspensão das eletivas, que são aquelas que não representam risco de vida para o paciente e podem aguardar, foi determinante para atendimentos na urgência e emergência. Sobre a decisão, ela criticou o fato de o Ministério Público de Roraima (MPRR) ter classificado a interdição como “falaciosa”. 

Para a garantia do exercício da profissão e também da segurança populacional, a presidente enfatizou que não houve omissão por parte do conselho em realizar a suspensão das eletivas e que desinterditar os procedimentos não irá mudar o cenário de falta de material necessário.

“O secretário disse [em coletiva] que estão sendo abastecidos. Ainda não há condições. Aquele paciente que estava esperando por uma cirurgia corre para o hospital e também não terá cirurgia. O médico está lá como sempre esteve, mas não faz milagre sem o material para trabalhar”, destacou.

Sobre a informação de que a suspensão dos procedimentos estava resultando em sequelas nos pacientes, Rosa sustentou que a situação não irá mudar, mesmo com as cirurgias, pela falta de material ortopédico e que a fila de espera nas unidades de saúde, em que calculam em média quatro mil pacientes, não se formou conforme houve a interdição.

PUNINÇÃO – A decisão do juiz federal Helder Girão Barreto relata que o CRM tomou a decisão sem unanimidade e que o órgão iria punir os profissionais que optassem pela realização de cirurgias. Rosa Leal afirmou que antes de decidir pela interdição é feita uma reunião com o corpo clínico que faz as eletivas para saber qual a realidade dos hospitais. 

Ela garantiu ainda que há documentos assinados pela equipe em acordo para a suspensão das eletivas.

“No auto de interdição, ficou claro que o médico, a qualquer momento, avaliaria a cirurgia e se houvesse a possibilidade, ele a faria. Não há nenhuma novidade em desinterditar nesse momento nos moldes que o MPRR e a Sesau colocaram, que é fazer, à medida que fosse possível, porque já estava acontecendo”, criticou.

PROCEDIMENTOS – A vice-presidente e coordenadora de fiscalização do CRM, Blenda Garcia, explicou que as fiscalizações são feitas de forma detalhada para seguir os rituais determinados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e que após a conclusão da vistoria os relatórios são enviados para os MPRR, Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e Casa Civil para serem tomadas as devidas providências.

“Não prejudicamos ninguém. Nenhum médico gosta dessa medida, principalmente os que fazem parte do corpo conselheiro. Essa é a medida mais extrema e absurda, a última a ser tomada quando já esgotamos todos os meios possíveis de ter o mínimo de segurança para o paciente”, afirmou. 

Blenda relembrou que, graças à suspensão, as vítimas do conflito na fronteira com a Venezuela puderam ser atendidas usando-se o material que ainda estava em estoque.

A vice-presidente garantiu que o CRM irá continuar os trabalhos normalmente. Ela afirmou que uma fiscalização estava prevista para ocorrer nesta quarta-feira, 27, mas, em razão dos fatos recentes, ainda não há uma data exata para ocorrer uma nova vistoria. (A.P.L)

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.