Cotidiano

Estudo indica escassez de água

Pela estiagem e exploração indiscriminada a vazão dos rios de lavrado para o Branco está abaixo dos valores de referência

Professor do curso de engenharia civil na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e doutorando da rede Bionorte, Silvestre Nóbrega, está concluindo sua tese referente à modelagem hidrológica das vazões de referência dos rios Tacutu, Cotingo e Surumu, a ser apresentada no mês de julho. 

Através desse trabalho, o professor pretende detalhar as vazões de referência dos rios localizados no lavrado de Roraima. Com base em estudo científico quer definir parâmetros para outorga do uso da água por órgãos estaduais e federais competentes para autorizar a exploração dos recursos hídricos.

“Qualquer atividade que utilize recurso hídrico precisa de autorização com base no domínio dos rios, seja estadual ou federal. Na tese, analiso a bacia do Tacutu, compreendendo os rios Cotingo e Surumu, observando a importância das vazões, para definir o que pode ser disponibilizado de forma responsável. Enquanto não concluirmos esse estudo, não será possível autorizar quaisquer atividades hídricas, sob pena de comprometer o abastecimento da população ou a continuidade de espécies animais e da flora existente na região”, comentou.

A vazão de referência geralmente utilizada é a Q95, observada e reavaliada ao longo dos anos. É o percentual disponível de uso para exploração de qualquer atividade que envolva a utilização da água.

“O que foi possível observar no período de estiagem ao longo de três anos de pesquisas, é que a maioria destes rios que estamos observando, está com percentual abaixo de Q90.

Estamos entrando no processo de escassez, não só relacionado à estiagem, como também ao uso deste recurso. A própria Agência Nacional de Águas (Ana) já aponta nos dados de referência em seu site, detalhando que estamos abaixo da cota de permanência de K95. Isso quer dizer que o nível de vazão para o Rio Branco é inferior àquele de referência, e mostra que no Rio Uraricoera acontece o mesmo percentual”, detalhou.

Nóbrega acrescentou que os estudos indicam referência para escassez, com falsa impressão de abundância de água. “A base de minha pesquisa tem o propósito de mostrar os graus de referência e identificar o grau de escassez. No início da estiagem é possível diagnosticar baixa vazão de referência. É um sinal de alerta para controle, evitando escassez maior no futuro. É bom frisar que em relação ao período de uso deste recurso é necessário limitar, permitindo o uso da água para abastecimento humano e de animais”, pontuou.

A redução das vazões vem sendo observada há três anos, no período de dezembro ao início das chuvas. As condições de exploração desses rios impõem limitações em parâmetros que serão apresentados na conclusão do estudo no mês de julho, e ficará à disposição dos órgãos que regulamentam esta exploração hídrica em Roraima. (R.G)

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