Cotidiano

Mais da metade das mulheres em RR inicia pré-natal somente na 2ª metade da gravidez

Obstetras afirmam que quanto mais cedo iniciar o acompanhamento, menores as chances da morte das mães e dos bebês

Mais da metade das mulheres em RR inicia pré-natal somente na 2ª metade da gravidez Mais da metade das mulheres em RR inicia pré-natal somente na 2ª metade da gravidez Mais da metade das mulheres em RR inicia pré-natal somente na 2ª metade da gravidez Mais da metade das mulheres em RR inicia pré-natal somente na 2ª metade da gravidez

A cada 10 mulheres encaminhadas para pré-natal de alto risco, seis já passavam da segunda metade da gravidez, segundo dados do Centro de Referência da Saúde da Mulher, onde foram atendidas aproximadamente 400 gestantes de janeiro a abril deste ano. O número revela um dado importante, pois quanto mais cedo iniciarem as consultas e exames, mais tranquila e segura será a gestação, diminuindo os índices de mortalidade materna e de recém-nascidos.

Das gestantes atendidas na unidade, apenas um terço iniciou o acompanhamento no primeiro trimestre, considerado o momento adequado para o início do pré-natal, pois no começo da gravidez é possível detectar e tratar mais facilmente qualquer problema de saúde que a gestante tenha, seja ele prévio ou adquirido durante a gravidez.

A obstetra Cynthia Macedo explicou que conforme vários parâmetros, os profissionais da área consideram que em torno de 10% das gestações são de alto risco, no entanto, ao se analisar o perfil das mulheres atendidas, observa-se que há regiões com poucas gestantes acompanhadas. Enquanto que em Boa Vista há até mais gestantes acompanhadas no pré-natal de alto risco que o esperado – considerando que uma boa parcela é encaminhada sem necessidade –, em municípios como o Uiramutã há uma baixa adesão.

Para as gestantes, a orientação é iniciar o pré-natal o mais rápido possível, o que deve ser feito nos municípios, por meio das Unidades Básicas de Saúde (postos de saúde). Caso os profissionais detectem fatores de risco, esta gestante deve ser encaminhada para um acompanhamento especializado. Nestes casos, a gestante passará a realizar consultas e exames tanto no posto de saúde mais próximo quanto no Centro de Referência.

FATORES DE RISCO – Cynthia explicou que desde 2012, os critérios para classificação de risco têm passado por mudanças. Um exemplo são as gestantes acima de 40 anos, que antes eram automaticamente classificadas como de alto risco e hoje não mais. O mesmo se aplica a mulheres que já passaram por dois partos cesáreos anteriores, que já não configura por si só um fator de alto risco. “Nestes casos só podemos dizer que é uma gravidez de alto risco se houver outros fatores envolvidos”, explicou a obstetra. Por outro lado, gestantes com epilepsia, por exemplo, não precisam de exames complementares e são automaticamente consideradas de alto risco, assim como as gestantes com hipertensão. “Estas gestantes não devem deixar de fazer o acompanhamento na Atenção Básica, mas este acompanhamento será somado às consultas e exames realizadas no Centro de Referência”, explicou.

Sesau treina profissionais dos municípios para melhorar assistência a gestantes

A Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) está realizando uma série de treinamentos aos profissionais de saúde dos municípios para que eles identifiquem com precisão quais gestantes atendidas nos postos de saúde necessitam de um cuidado especializado. Com isso, a tendência é reduzir os índices de complicações que podem levar à mortalidade materna e neonatal (recém-nascidos até 27 dias).

Os treinamentos são realizados na Univirr (Universidade Virtual de Roraima), onde participam enfermeiros e médicos do Município de Boa Vista, dos Distritos Sanitário Especial Indígena Leste de Roraima e Yanomami e, por teleconferência, os representantes dos municípios do interior do Estado. Primeiro foram treinados profissionais da região Centro-Norte e depois as orientações foram repassadas aos profissionais dos municípios do Sul do Estado.

Mais de 100 profissionais já receberam as orientações repassadas pelas médicas especialistas do CRSM (Centro de Referência da Saúde da Mulher), Cynthia Macedo e Márcia Nakashima, que falaram sobre o fluxograma do pré-natal de alto risco, diabetes na gestação e os exames necessários.

A obstetra do Centro de Referência, Cynthia Macedo, explicou que a intenção é melhorar a rede de atendimento, ao citar como exemplo os casos de gestantes cardiopatas. Ela explica que o Centro de Referência ampliou a equipe para atender esta especialidade, mas garantir que estas grávidas cheguem à unidade ainda é um desafio. “O ideal é que as gestantes recebam acompanhamento o mais precoce possível e para isso, os profissionais da Atenção Básica têm um papel fundamental. Por isso estamos realizando estes treinamentos, pois uma equipe coesa trabalha melhor”, concluiu.

O curso foi realizado por meio da CGAB (Coordenação Geral de Atenção Básica) da Sesau, que tem o papel de qualificar, apoiar e monitorar as ações dos municípios.

Como é o pré-natal?

Conforme indicação do Ministério da Saúde, na publicação “Cadernos de Atenção Básica”, o objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. Segundo recomenda a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número adequado de consultas pré-natais seria de no mínimo seis.

Toda gestante tem direito a realizar gratuitamente as consultas pré-natais nos postos de saúde da rede municipal, mais próximos de casa. Em casos de gravidez considerada de alto risco, as gestantes em Roraima são encaminhadas para o Centro de Referência da Mulher, que realiza o acompanhamento específico para essas situações.

A recomendação do SUS (Sistema Único de Saúde) é de que o calendário pré-natal deve ser iniciado precocemente (ainda no primeiro trimestre de gravidez) e deve ser regular, garantindo que todas as avaliações propostas sejam realizadas, com acompanhamento intercalado entre médico e enfermeiro, e que tanto o Cartão da Gestante quanto a Ficha de Pré-Natal sejam preenchidos.

A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, amniorrexe prematura e óbito fetal. Não existe “alta” do pré-natal antes do parto.

Em todas as consultas pré-natais todo o quadro de saúde da mãe e do bebê devem verificados, sendo realizados desde exames obrigatórios na própria visita ao consultório, como medição de pressão, verificação de inchaços e peso da mãe, dos batimentos cardíacos do bebê, altura da barriga, até a solicitação de outros mais complexos de laboratório e por imagem, tudo para garantir uma gravidez saudável e o nascimento adequado da criança.

Confira o cronograma sugerido:

Até 28ª semana – mensalmente;
Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente;
Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente.

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