Mais de 30 anos se passaram desde que Devanir da Silva, hoje com 67 anos, deixou Roraima e retornou para o Estado onde nasceu, Mato Grosso do Sul (MS). Hoje aposentada, a mulher partiu com sete filhos após ficar viúva no Município de São João da Baliza, Sul do Estado. Ela procurou a Folha para pedir ajuda a fim de encontrar a oitava filha, a caçula, que ficou em Roraima morando com a ex-vizinha.
“O destino nos separou”. Foi assim que Devanir começou a relatar a sua história. Há mais de 30 anos, a mulher residia no Sul de Roraima com o marido, que acabou falecendo antes da década de 80. Sozinha e com oito filhos, ela disse que resolveu se mudar para Boa Vista, onde residiu no bairro Buritis, zona Oeste da Capital. A filha mais nova, ainda com meses de vida, foi registrada como Joana Darc da Silva Nogueira.
“Eu cheguei a registrar minha filha e criei até uns seis meses de vida. Como fiquei viúva, estava vivendo uma situação muito complicada de vida, criando oito filhos sozinha e sem condições. Tudo era muito difícil naquela época, principalmente para uma mãe solteira. Joana nasceu com vários problemas de saúde e eu vivia no hospital com ela, o que tornava tudo ainda mais complicado”, desabafou a senhora.
Os problemas de saúde de Joana e as dificuldades encontradas por Devanir começaram a chamar atenção dos vizinhos. “Foi quando uma senhora chamada Odete, minha vizinha na época, me fez uma proposta: ela queria criar Joana. Ela só tinha dois filhos, um rapazinho e uma mocinha chamada Regiane. A Odete tinha uma sorveteria perto de casa, lá no Buritis. É tudo o que lembro”, continuou relatando.
Devanir disse que, a princípio, negou a proposta da vizinha Odete, mas os problemas de saúde de Joana pioraram e ela resolveu mudar de ideia. “Mais uma vez minha filha foi internada. A médica de plantão no dia falou a mesma coisa que minha vizinha, que eu não tinha condições de cuidar da criança e era melhor doar para alguém antes de ver minha filha morrer. Fui até Odete chorando e entreguei Joana. Depois de quase dois anos, quando estava vindo embora para o Mato Grosso do Sul, pensei em roubar a criança de volta, mas ela já havia se apegado, eu não poderia fazer isso, já que ela estava sendo muito bem cuidada”.
A mãe adotiva de Joana passou a chamá-la de “Michele”, como afirmou Devanir, por telefone, em entrevista à Folha. “Eu não sei se ela mudou o nome da criança, mas ela chamava minha filha de ‘Michele’. Perdi o contato completamente. Chegamos a ouvir que ela foi embora para Manaus ou Porto Velho, mas não temos como confirmar. Hoje eu só queria encontrar minha filha mais uma vez”, pediu a senhora.
Questionada sobre o motivo de desejar o reencontro, Devanir disse: “Nunca sabemos o dia de amanhã e eu já estou com idade. Quero conhecê-la, ver ao menos uma vez, matar a saudade, saber como ela vive e como está”.
Em Roraima, alguns conhecidos estão ajudando na busca. Ela pede que quem souber notícias ou alguma informação que entre em contato através dos números: (67) 98110-9047, (67) 98142-4756 ou (95) 99124-4690.