A Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Sejuc), que no último mês de janeiro noticiou que fará um concurso público com 300 vagas de agentes penitenciários, ainda não tem previsão de lançamento do certame.
Equipes estudam todos os detalhes para então concluir o texto do edital. Apesar disso, turmas preparatórias para a prova começam a aparecer na capital.
O concurso será criado para tentar conter a crise do sistema prisional em Roraima, que culminou com a morte de 33 detentos em janeiro. No dia 25 do mesmo mês, o Ministério da Justiça autorizou o envio de uma Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) para Roraima, ou seja, uma equipe de agentes penitenciários. Todo esse pessoal se juntaria aos 282 agentes penitenciários que hoje trabalham no Estado para conter cerca de 1.500 presos. O último concurso para esta área foi em 2012, quando 328 agentes foram empossados.
PREPARAÇÃO – Em um cursinho na Avenida Getúlio Vargas, Centro, mais de 500 pessoas se matricularam para o preparatório. Há turmas nos três turnos do dia, e uma somente aos sábados. O conteúdo é o da última prova para agente penitenciário em Roraima, de 2012, com questões da banca da Universidade Estadual de Roraima (UERR).
A professora de Língua Portuguesa do cursinho, Lorena Dourado, disse que também são resolvidas provas de outras bancas, como exercício. E as disciplinas de Língua Portuguesa, raciocínio lógico, informática e todas as divisões do Direito são ensinadas. Houve até palestra com o diretor da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), João Paulo Passos, para que os alunos conhecessem a rotina do agente penitenciário.
Apesar de a rotina ser cheia de riscos, Lorena Dourado percebe que os seus alunos se importam mais com a enorme quantidade de vagas e com o sonho da segurança financeira. “Depois dessa palestra, aumentou o interesse e a quantidade de alunos aqui. À noite, por exemplo, não dá nem para passar pelas fileiras, de tão lotada que fica a sala. São desempregados, trabalhadores com carteira assinada ou do mercado informal, que querem se transformar em funcionários públicos visando a estabilidade”, complementou.
Josivan Pereira é um desses sonhadores. Empresário do ramo de bolos, ele assiste às aulas do cursinho aos sábados, e durante a semana vira as madrugadas estudando. Afirma estar ciente das condições de trabalho dos agentes penitenciários, considerando mais importante as garantias do funcionalismo público. Não é a primeira vez que ele tenta uma vaga no poder público e agora espera ter seu esforço recompensado. “Aqui está todo mundo com a intenção de passar. Só ficamos na incerteza se o edital sairá ou não. Ele foi aprovado, mas não especificaram data”, desabafou o empresário. (NW)