Jessé Souza

O otario vai pagar a conta 6312

O otário vai pagar a conta

Atualmente no PDT, depois de pular do barco petista que estava afundando, a senadora Ângela Portela foi à tribuna do Senado para criticar o governo Temer (MDB) por ter jogado a conta da crise provocada pelo movimento dos caminhoneiros para o povo pagar. Mas esse discurso merece uma contextualização maior. A crise do preço dos combustíveis começou a ser desenhada um pouco mais atrás, no segundo governo da então presidente Dilma Rousseff (PT), governo ao qual a senadora Ângela era aliada junto com a governadora Suely Campos (PP).

Não podemos esquecer que Dilma praticou não apenas um segundo governo desastroso, mas também irresponsável ao destruir essa política de preços da qual todos hoje vociferam contra. A petista adotou o que os especialistas chamam de “populismo energético”, segurando preços de combustíveis e tarifas elétricas com a finalidade de remendar uma decisão para impedir o crescimento da inflação.

Mas não foi apenas uma estratégia desastrosa do governo do PT, como também serviu para beneficiar grandes consumidores, ou seja, empresários industriais, com a estratégia suicida de resgatar a competitividade da indústria nacional através de energia barata. E assim chegamos até aqui, fazendo o povo brasileiro relembrar a década de 1980, quando os brasileiros eram pegos no susto, nos telejornais noturnos, com o anúncio da alta quase diária do preço dos combustíveis.

Não foi uma surpresa os caminhoneiros terem parado o Brasil, pois essa categoria é a que mais sofre com as altas constantes dos preços. Embora o movimento deles tenha saído vitorioso, não foi uma vitória para a população brasileira em nenhum aspecto, pois além de o preço da gasolina não ter entrado na negociação, é o povo que vai bancar os subsídios para baixar o preço do óleo diesel em 46 centavos e ainda sustentar um congelamento de preço por dois meses.

E vamos bancar esse benefício da pior forma, pagando a conta com aumento de impostos de determinados setores e cortes em programas sociais e políticas públicas, principalmente saúde e educação. Já não bastasse o congelamento nesses setores por 20 anos, Temer salvou seu governo da crise dando mais um golpe no otário do povo, que ficou apoiando os caminhoneiros só na garganta e nas redes sociais, achando que isso bastaria para que também fosse beneficiado com a queda no preço da gasolina.

Essa é a radiografia da crise dos combustíveis, que foi desenhada no governo do PT e que estourou no governo do MDB, partidos que andavam de mãos dadas até bem pouco tempo. Não têm anjos nessa história, apenas demônios. Vamos pagar a conta dos caminhoneiros e continuar abastecendo com a gasolina com preço nas alturas. Mas isso não deve ser problema, pois, afinal, o brasileiro correu para os postos a fim de comprar gasolina que chegou a R$ 10,00. É otário mesmo!

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