Jessé Souza

Por tras da cortina 5714

Por tras da cortina 5714 Por tras da cortina 5714 Por tras da cortina 5714 Por tras da cortina 5714

Por trás da cortina

Por trás da cortina que se formou em torno do êxodo de venezuelanos para Roraima, o silêncio sobre a Segurança Pública e o Sistema Prisional é o que mais preocupa, pois as autoridades evitam falar a respeito do assunto e fazem de tudo para que não se toque nele, pois há muito tempo o Estado perdeu o controle dos presídios e as forças policiais não conseguem fazer frente à altura às ações do crime organizado.

Cada morte com requinte de crueldade é silenciada porque a opinião pública aplaude o fato de criminosos estarem decepando criminosos, já que sua confiança na polícia e na Justiça tem diminuído. Porém, um rapaz que caiu em um golpe arquitetado por meio de um site de compras foi executado e teve um corpo queimado, revelando que a criminalidade vai além de bandidos versus bandidos.

A grave questão dos presídios também vem sendo abafada e só vem à tona quando ocorre mais uma fuga na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). No entanto, a situação vai além disso, ultrapassando o alarido das fugas e da incompetência do poder público em tapar os túneis escavados pelos presos e para concluir as obras na Pamc e no presídio de Rorainópolis, no sul do Estado.

A grande questão é que as facções criminosas não apenas estão em guerra; elas também estão numa encorpada disputa, nos presídios onde elas atuam, para cooptar integrantes, o que significa que um ladrão de galinha preso sairá de lá como membro de uma facção, pois os detentos são pressionados a se declararem parte do crime organizado, sob pena de serem executados dentro da prisão ou terem seus familiares ameaçados.

Não só isso. Quem não tem ligação com o mundo do crime sofre as mais duras perseguições quando vai para a prisão, como familiares tendo que pagar uma “taxa” para garantia de vida, ser obrigado a comprar cigarros ou mantimentos dentro da cadeia ou mesmo espancado por se recusar a seguir ordens.

Significa que, enquanto os governantes cuidam de suas campanhas eleitorais ou desviam a atenção para a imigração venezuelana, o mundo do crime só aumenta suas forças e dá ordens dentro dos presídios, comandando a partir de lá a criminalidade na cidade, se aproveitando da desorganização do Estado e da pobreza nos bairros da cidade.

Se as autoridades continuarem inertes ou disfarçando que estão agindo, o Estado de Roraima se tornará refém do crime, muito mais do que está acontecendo neste momento. A realidade não condiz com o que está se passando nos institucionais do governo. O momento é de uma gravidade que não pode mais ser disfarçada pelas autoridades.*Jornalistae-mail: [email protected]: www.roraimadefato.com.br

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.