Política

Junta médica da Procuradoria vai avaliar saúde de Neudo Campos

MPF abriu procedimento para investigar visitas e uso do leito pelo ex-governador em prejuízo aos demais pacientes do HGR

O ex-governador Neudo Ribeiro Campos será avaliado por junta médica oficial da Procuradoria-Geral da República (PGR), a fim de que seja analisado o seu real estado de saúde, bem como esclarecidos quais são os cuidados médicos de que necessita para a transferência dele para a penitenciária federal de Campo Grande (MS). O pedido feito pelo Ministério Público Federal em Roraima (MPF/RR) foi autorizado pelo juiz Helder Girão Barreto, da Justiça Federal de Roraima. A data da avaliação ainda não foi divulgada.

Os procuradores do MPF querem a avaliação para obter outro parecer médico a respeito do estado de saúde do ex-governador: “Se faz necessária a avaliação médica levada a cabo por médicos de fora de Roraima, que não possuam nenhuma espécie de vinculação com o Governo do Estado ou com o preso, pois somente assim será possível obter um laudo imparcial a respeito dos cuidados a serem observados na transferência de Neudo até a Penitenciária Federal de Campo Grande”, destaca trecho da requisição.

O MPF concluiu que “a alegada vulnerabilidade do estado de saúde do preso pode representar mais um favorecimento indevido de Neudo Campos por parte de autoridades estaduais, na tentativa de adiar ou até mesmo frustrar a ordem de transferência para a Penitenciária Federal”, frisa outro trecho da ação.

MPF abre investigação sobre tratamento

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) do Ministério Público Federal abriu procedimento para investigar possível tratamento privilegiado conferido a Neudo Campos, internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Roraima (HGR).

“A PF continuará com a apuração, podendo inclusive representar pela prisão preventiva de outros servidores que estejam criminosamente favorecendo o ex-governador”, diz a nota dos procuradores.

Para o MPF, a questão precisa ser esclarecida o mais breve possível para que possa ser garantido o direito à saúde dos cidadãos roraimenses – notadamente cidadãos hipossuficientes e com quadro de saúde verdadeiramente grave – que, além de não contarem com uma estrutura mínima e adequada, podem estar sendo indevidamente preteridos pelo HGR, em virtude do tratamento supostamente privilegiado a Neudo Campos.

Defesa afirma que não tem conhecimento da decisão

A defesa do ex-governador Neudo Campos informou, para a Folha, que não vai se manifestar sobre a decisão judicial, pois não tomou conhecimento oficial a respeito do assunto.

“Mas, desde já, nos solidarizamos com os profissionais que se dedicam para manter um serviço de saúde de qualidade aos cidadãos roraimenses, mas que, infelizmente, tiveram a imagem injustamente atingida por meio de uma nota no mínimo desrespeitosa”, frisou.

Sesau nega possíveis regalias e diz que UTI tinha leitos vagos

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu, por meio de nota, que o Hospital Geral de Roraima (HGR) dispõe de normas rígidas quanto à visita aos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), às quais, segundo eles, são restritas a familiares (ou pessoas indicadas por eles). “A equipe médica e os profissionais de saúde têm acesso liberado ao local”, frisou.

Sobre o tempo de permanência dos visitantes, a nota esclareceu que os pacientes podem ser visitados pela manhã (das 11h às 11h30) e à tarde (das 16h30 às 17h).  A direção do HGR esclareceu ainda que, por questões de segurança e para garantir a tranquilidade dos pacientes, visitas fora deste contexto podem ser excepcionalmente autorizadas. “As visitas ao paciente Neudo Campos foram, inclusive, restritas à esposa e filhos, por indicação médica”.

Por fim, segundo a Sesau, no momento da internação de Neudo Campos, havia três leitos vagos na UTI-1, “sendo inverídica a afirmação de que outro paciente teria sido removido para dar lugar ao ex-governador”, destacou.