RORAIMA

Secretário tem bens bloqueados por dificultar envio de contratos da Expoferr ao TCE

Seadi prometeu apresentar plano de trabalho que demonstra, com transparência e claridade, a aplicação de recursos e que os preços praticados estão dentro da realidade do mercado

Secretário tem bens bloqueados por dificultar envio de contratos da Expoferr ao TCE Secretário tem bens bloqueados por dificultar envio de contratos da Expoferr ao TCE Secretário tem bens bloqueados por dificultar envio de contratos da Expoferr ao TCE Secretário tem bens bloqueados por dificultar envio de contratos da Expoferr ao TCE
Secretário tem bens bloqueados por dificultar envio de contratos da Expoferr ao TCE

A conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RR), Cilene Lago Salomão, determinou o bloqueio de R$ 8.460.457,00 em bens do secretário estadual Márcio Granjeiro (Agricultura, Desenvolvimento e Inovação), do Ibras (Instituto Brasileiro de Cidadania e Ação Social) e da proprietária da organização social que promove a Expoferr (Exposição-Feira Agropecuária de Roraima), Bruna Antony de Oliveira.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE



A decisão cautelar, publicada em meio a investigação sobre a falta de transparência nos contratos da Expoferr – que apontou indícios de irregularidades -, também ordena que a Seadi retire imediatamente a restrição do processo administrativo relacionado à organização da feira. Os alvos da medida têm até 15 dias para se pronunciar ao TCE.

Cilene Lago relata, na decisão, que Márcio Granjeiro dificultou o acesso da Corte aos contratos. Em um primeiro momento, ele enviou o número do processo administrativo, mas não juntou a cópia dos documentos solicitados pela conselheira.

Ela também cita que só conseguiu os documentos após insistentes contatos telefônicos com o gabinete da Seadi, que entregou a documentação avulsamente, “deixando margem a dúvidas quanto a sua completude”.

A conselheira explica que cancelar ou suspender o evento “seria desproporcional” porque a decisão cautelar poderia ser alvo da Justiça em virtude dos “impactos sociais que atingiriam terceiros que de boa-fé investiram recursos logísticos e financeiros para realizarem seus negócios por ocasião da feira”.

Procurada, a Seadi confirmou ter sido notificada pelo TCE e que está levantando as informações necessárias para apresentar “com total transparência a regularidade da contratação da organização aos órgãos de controle”.

A pasta prometeu apresentar o plano de trabalho que demonstra, com transparência e claridade, a aplicação de recursos e que os preços praticados estão dentro da realidade do mercado, incluindo casos em que estão abaixo do valor praticado.

A Folha ainda não conseguiu contato com Bruna Antony.

Indícios de irregularidades

A conselheira diz que, como a Expoferr faz parte do calendário estadual, o Governo deveria lançar uma licitação pública, em vez de um chamamento público. “Não há razões factuais, tampouco fundamentos legais que justifiquem uma contratação direta para a execução dessa despesa”, disse.

Além disso, Cilene Lago apontou que o Ibras foi constituído com indício de irregularidade. Isso porque ele chegou a possuir dois CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), é composto por um núcleo familiar e está localizado em um estúdio de fisioterapia, judô e pilates.

A conselheira também apontou que Bruna Antony, por sua vez, embora servidora da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) com um salário de R$ 3 mil entre janeiro e março de 2023, recebeu mais de R$ 25 milhões para realizar o São João do Anauá e a Expoferr.

Também chamou a atenção do TCE que a Seadi transferiria R$ 11.799.709,00 para organizar a Expoferr, mas que o valor, “sem nenhum lastro e motivação fática”, foi aumentado para R$ 16.920.914,00. Cilene Lago ainda disse que o R$ 1,9 milhão gasto com a contratação de quatro atrações nacionais é uma “afronta à sociedade de um estado que se encontra em dificuldades financeiras”.

Ela considera “preocupante” esse tipo de despesa realizada no momento em que o Governo de Roraima realiza um ajuste fiscal das contas públicas e pede aos deputados estaduais um empréstimo de quase R$ 806 milhões. A conselheira considera “no mínimo desarrazoado”, investir quase R$ 17 milhões em
um evento, no momento em que se contrai um empréstimo. Ela também cita como irregular a restrição do processo administrativo das contratações da Expoferr.

Perfil Lucas Luckezie
Lucas Luckezie

Jornalista

Formado pela UFRR. Iniciou a carreira em 2013 na Folha, onde está em sua 2ª passagem. Já trabalhou na Câmara de Boa Vista e na afiliada da TV Globo (Rede Amazônica), além de ter colaborado com SporTV, Globo e CNN Brasil. Tem experiência multimídia como repórter, apresentador, editor-chefe e assessor.

Formado pela UFRR. Iniciou a carreira em 2013 na Folha, onde está em sua 2ª passagem. Já trabalhou na Câmara de Boa Vista e na afiliada da TV Globo (Rede Amazônica), além de ter colaborado com SporTV, Globo e CNN Brasil. Tem experiência multimídia como repórter, apresentador, editor-chefe e assessor.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.