Política

Mecias nega suspeição de fraude e diz estar tranquilo

Mecias disse que não tem conhecimento sobre investigação sigilosa e que não foi comunicado de que é suspeito

O senador Mecias de Jesus (PRB-RR) negou a acusação publicada por uma revista eletrônica de política e replicada por outros veículos de comunicação de que seria um dos seis senadores que estão sendo investigados por tentativa de fraude na eleição para a presidência do Senado.

O senador por Roraima disse, por meio de nota, que afirmou ao jornalista da revista que o abordou no corredor do Senado não ter sido informado pela Corregedoria a respeito da suposta suspeição sobre seis senadores.

“Tampouco sobre o andamento das investigações, que são sigilosas, bem como não tenho conhecimento dos procedimentos. Afirmo apenas que estou com a consciência limpa”, ressaltou.

A revista eletrônica trouxe uma reportagem sobre a investigação da suspeita de fraude na eleição ocorrida em 2 de fevereiro, quando Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi escolhido para a presidência do Senado.

Em meio à apuração, foi constatado que havia 82 votos na urna – um a mais do que o número total de senadores – o que levantou a suspeita de fraude.

Segundo a revista, o senador de Roraima estaria entre os suspeitos de envolvimento. A informação foi repercutida por sites de notícias que publicam notas políticas dos bastidores de Brasília.

As imagens mostram que, dos 81 senadores, não é possível ver com clareza o momento da votação de seis deles. Os seis, que não tiveram seus nomes revelados, são considerados suspeitos.

O senador teria sido colocado na lista de suspeitos por causa de uma foto, divulgada pelo próprio Senado, em que é possível notar que ele deposita um papel em branco na caixa – todos receberam cédulas com o brasão da República e um envelope com o símbolo da Casa.

Na imagem, o papel depositado é completamente branco. Nele, deveria conter o símbolo do Senado ou uma aba de fechamento. Como não contém, supõe-se que o parlamentar depositou as cédulas, sem o envelope, direto na urna.

Em entrevista no dia seguinte da votação, o presidente daquela sessão, José Maranhão (MDB-PB), disse que as duas cédulas do voto duplo estavam assinadas apenas pelo secretário da Mesa no dia, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Os papéis precisavam estar assinados por Maranhão e Bezerra. Questionado se as cédulas poderiam ter sido assinadas previamente, antes do início da eleição, o corregedor demonstrou não ter certeza sobre essa possibilidade. Já o senador Major Olímpio (PSL-SP), que pediu a abertura da investigação, não descartou esta hipótese.

Os últimos a votar foram os senadores de Roraima (Chico Rodrigues, Mecias de Jesus e Telmário Mota), Amapá (Davi Alcolumbre, Lucas Barreto e Randolfe Rodrigues), Tocantins (Eduardo Gomes, Irajá Abreu e Kátia Abreu) e Rondônia (Marcos Rogério, Confúcio Moura e Acir Gurgacz).

Apuração encontrou um voto a mais sem envelope timbrado

No início da noite de ontem, 20, o corregedor do Senado, Roberto Rocha (PSDB-MA), disse a jornalistas de veículos de Brasília que vai conversar com os parlamentares (Foto: Divulgação/Agência Senado)

Durante apuração da eleição do Senado, realizada em 2 de fevereiro, foi constatado que havia 82 votos na urna — um a mais do que o número total de senadores, que deveriam registrar o voto na cédula, colocar dentro de um envelope timbrado e, em seguida, depositá-lo numa urna.

Na hora da verificação, havia 80 envelopes, cada um com um voto, e duas cédulas, com um voto cada, fora de envelopes. A Polícia Federal está ajudando nos trabalhos da Polícia Legislativa do Senado na perícia das imagens da votação. Além de vídeos, também estão sob análise mais de 11 mil fotografias.

No início da noite de ontem, 20, o corregedor do Senado, Roberto Rocha (PSDB-MA), disse a jornalistas de veículos de Brasília que vai conversar com os parlamentares, e não confirmou se o senador de Roraima está na lista dos suspeitos.

Ele disse que já analisou as imagens, mas que é necessário equipamento de alta tecnologia para concluir a investigação. Para o corregedor, “é pouco provável” que o voto duplo tenha sido um equívoco, mas sim um ato intencional.

“Alguém, por equívoco ou má-fé, não posso dizer ainda, embora seja muito pouco provável que tenha sido um equívoco, deixou de botar a cédula dentro do envelope para colocar duas cédulas dentro da urna, sem envelope”, disse. “Alguém substituiu um envelope por uma segunda cédula. Em que momento foi isso? É o que estamos olhando nas imagens”, disse. Pelo conteúdo analisado até agora, o corregedor disse que também é possível que a cédula a mais tenha sido colocada na urna durante os últimos votos, já no sábado pela manhã.

Rocha pediu a Alcolumbre mais três servidores para auxiliá-lo na investigação.