NO TSE

Indicado por Lula para PGR pede cassação de vereador de BV por infidelidade partidária

Defesa de Adjalma Gonçalves sugere análise de imparcialidade de Paulo Gonet por encontro com Mecias de Jesus, que nega influência sobre parecer do procurador

O vereador de Boa Vista, Adjalma Gonçalves (Foto: Arquivo FolhaBV)
O vereador de Boa Vista, Adjalma Gonçalves (Foto: Arquivo FolhaBV)

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser o novo procurador-geral da República, o procurador-geral eleitoral interino, Paulo Gonet, pediu a cassação do vereador Adjalma Gonçalves (Solidariedade) por suposta infidelidade partidária. O parecer favorável ao recurso do partido Republicanos ainda será analisado pelo plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

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Para Gonet, o parlamentar não comprovou sua justa desfiliação do Republicanos por suposta perseguição do senador Mecias de Jesus, enquanto presidente da sigla partidária – acusado de influenciar a exoneração de Gonçalves da Caer (Companhia de Águas e Esgotos de Roraima) e de impedi-lo de se candidatar a deputado estadual pelo partido em 2022 (entenda mais abaixo).

No parecer, Paulo Gonet entendeu que as provas não apontaram perseguição do senador e, em consonância com o Republicanos, que os testemunhos a favor do vereador são indiretos em relação à demissão. O procurador argumenta, com base em entendimento do TSE, que a Corte não aceita depoimentos indiretos. Além disso, Gonet enfatizou que as testemunhas de Adjalma são próximas do vereador.

O que diz Adjalma Gonçalves

Procurado, o vereador enviou à Folha trecho de sua defesa a ser protocolada ao TSE, na qual pede a análise de imparcialidade de Paulo Gonet, devido ao encontro do procurador-geral eleitoral interino com Mecias em 30 de outubro de 2023, em meio à campanha para a PGR. Os advogados de Adjalma Gonçalves defendem que essa reunião poderia ser interpretada como “um fator que influencia a neutralidade do parecer emitido”.

“Importante frisar que este comentário não implica qualquer juízo de valor sobre as intenções do Procurador-Geral Eleitoral interino. Contudo, não se pode ignorar que o encontro se deu em um momento crucial, quando o Procurador-Geral Eleitoral interino está em campanha ativa pela confirmação de sua nomeação ao cargo de Procurador-Geral da República, um processo que envolve aprovação pelo Senado Federal, onde o Senador Mecias de Jesus exerce influência significativa”, diz trecho da defesa de Adjalma.

O que diz Mecias de Jesus

Mecias de Jesus, por meio de sua assessoria, negou ter tratado assuntos partidários com Paulo Gonet e afirmou que é “praxe” os senadores receberem indicados a cargos que demandam avaliação do Senado para que apresentem seus currículos e mostrem suas aptidões. Membro da Comissão de Constituição e Justiça, responsável pelas sabatinas, o parlamentar ainda afirmou que recebe a todos e se concentra na análise da trajetória do indicado.

Além disso, a assessoria do senador enviou à Folha os pareceres do MPE (Ministério Público Eleitoral de Roraima) e da PGE (Procuradoria-Geral Eleitoral) e uma análise comparativa para comprovar a convergência do posicionamento dos procuradores sobre as alegações de perseguição, às provas testemunhais indiretas e a conclusão dos documentos.

Entenda

No ano passado, Adjalma Gonçalves deixou o Republicanos para disputar a eleição pelo Pros. Em março de 2023, Gonçalves assumiu a vaga do então vereador Gabriel Mota, que renunciou para assumir a vaga de Jhonatan de Jesus – que virou ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).

O partido, então, pediu ao TRE-RR (Tribunal Regional Eleitoral de Roraima) a cassação de Gonçalves – suplente da sigla ao receber 2.047 votos -, o acusou de ser infiel ao Republicanos e alegou que a vaga pertence à agremiação partidária.

Em setembro de 2023, o TRE manteve, por 4 a 3, o mandato do vereador. O Republicanos recorreu ao TSE, ao qual alegou que a demissão de Adjalma Gonçalves da Caer não teve relação com a atividade partidária, reiterou que a vaga é do partido e defendeu que o depoimento das testemunhas que sustentam a defesa do vereador não presenciaram diretamente supostos atos de perseguição.