Polícia

Pais denunciam descaso em escolas estaduais no interior de RR

Entre as principais reclamações estão a falta de professores, alimentação e transporte irregular

VANESSA FERNANDES

Pais de alunos da Escola Estadual Indígena Índio Hermínio Paulino, na Comunidade São Pedro, do município de Normandia, denunciaram que os ingredientes entregues para a merenda escolar no último dia 6 – duas semanas após o início do período letivo em 23 de maio – são insuficientes para a alimentação de 123 crianças e adolescentes matriculados nos períodos matutino e vespertino da unidade. Entre os ingredientes, constam quatro frangos para 20 dias de aula. A comunidade precisou realizar abate de um boi para complementar a refeição dos alunos.

Além da denúncia de que apenas 28 quilos de arroz, 15 quilos de farinha, 18 quilos de feijão, 28 copos de extrato de tomate e quatro frangos foram entregues para a merenda, os pais e responsáveis relataram que o transporte dos alunos até a escola é feito na carroceria de duas picapes. Ao todo, são transportados 39 alunos da Comunidade Cararual, Sítio Reserva, Fazenda Jerusalém, Fazenda Nova Esperança, Sítio Lago e Comunidade Vizela.

OUTRO LADO – Procurada pela reportagem da Folha, a Secretaria de Educação e Desporto (SEED) informou que uma equipe do DAE (Departamento de Apoio ao Educando) será deslocada até a unidade de ensino na próxima semana para averiguar as denúncias e adotar as providências cabíveis. Sobre o transporte, informa que a empresa A.R. Siqueira é a contratada e responsável pelo serviço na Escola Estadual Indígena Índio Hermínio Paulino, dispondo atualmente de dois veículos do tipo picapes para atender a unidade de ensino. Complementa que o DAE verificará a situação e aferirá as rotas. Após analisada a demanda e verificada a real necessidade, o número de veículos poderá ser aumentado ou trocado para atender de forma adequada a todos os estudantes que necessitam do serviço para chegar à unidade de ensino.

Em Caracaraí, Escola estadual e municipal funcionam no mesmo prédio

A redação da Folha foi procurada pelo pai de um aluno do 6º série da Escola Estadual Sebastião Vieira de Araújo, que incomodado com a situação da unidade escolar protocolou uma denúncia junto ao Ministério Público. A medida, segundo informou Paulo Cesar Freitas Farias, veio após seu filho frequentar a escola por apenas cinco dias e assistir somente aulas de Matemática, História e Artes. Informou também que o local onde funciona a unidade escolar estadual, também é sede da Escola Municipal Professora Maria Lunete. O local, uma construção de madeira, foi levantado há 15 anos pela comunidade e entregue para ser administrado pela prefeitura. Conforme a denúncia, o prédio está com sua estrutura comprometida, que permanece a mesma desde sua fundação. Não há materiais didáticos, o quadro de professores está incompleto e os ventiladores nas salas de aulas estão quebrados, assim como os bebedouros. Apesar de não haver problemas com a distribuição dos ingredientes para as refeições, relata que os alunos precisam se deslocar por 100 metros durante o recreio para comer em outro prédio.

“Eu me sinto até envergonhado de sair do interior para vir até a capital discutir e reivindicar um direito que é dos nossos filhos. O semestre escolar já acabou e os alunos estão sendo prejudicados”, lamentou o pai.

Resposta – Segundo a Seed (Secretaria de Educação e Desporto) a necessidade da Escola Estadual Sebastião Vieira é de um professor para a disciplina de História e um de Geografia para a EJA (Educação de Jovens e Adultos). Ainda confirma que a próxima convocação do seletivo de professores para atender o Interior deve ser publicada nesta quarta-feira (26) e os professores devem se apresentar à escola até a próxima segunda-feira (1°). Sobre o funcionamento da escola estadual e municipal no mesmo prédio, afirma que a situação deve continuar. Por fim, garante que uma equipe do DGE (Departamento de Gestão Escolar) deve se deslocar à unidade de ensino até o fim dessa semana para verificar a situação pessoalmente.

O secretário municipal de educação do município de Caracaraí, Nonato Vilarins, informou que o conserto dos bebedouros está sendo providenciado. Quando questionado se a manutenção e reforma do prédio é de responsabilidade da prefeitura, o secretário não apresentou resposta até o fechamento da matéria.