RORAINÓPOLIS

'Pressão disfarçada de orientação': servidores relatam assédio moral em colégio militarizado

Com menor número de condecorados com o Alamar, gestores teriam passado a cobrar aos professores que os estudantes tivessem um melhor desempenho

Seed informou que deve apurar a denúncia junto à Ouvidoria da secretaria. (Foto: Divulgação)
Seed informou que deve apurar a denúncia junto à Ouvidoria da secretaria. (Foto: Divulgação)

Os servidores do Colégio Estadual Militarizado Antonia Tavares da Silva, no munícipio de Rorainópolis, relataram estar sofrendo “pressões sem precedentes” por parte de dois gestores da escola. O caso de assédio moral teria começado após muitos alunos estarem com notas baixas desde o segundo bimestre, o que resultou em menor número de condecorados com o Alamar.

Após o ocorrido, de acordo com os servidores, os gestores pedagógico e administrativo do CEM Antonia Tavares passaram a cobrar aos professores que os estudantes tivessem um melhor desempenho. No entanto, as orientações de maneira respeitosa ficaram apenas no início.

“Começou uma cobrança sem precedentes em cima dos professores por meio de reuniões. Pressões disfarçadas de orientações para aumentar o número de Alamar para, segundo eles, dar uma boa resposta a Secretaria de Educação [Seed], pois são seus cargos comissionados que estão em jogo”

disse um servidor à FolhaBV.

Uma segunda servidora relatou que as cobranças são feitas durante os conselhos de classe e retorno pedagógico, e que o assédio não se concentra apenas aos professores. Um outro servidor teria pedido transferência por se sentir humilhado depois de um atraso ser apontado pelos gestores como “falta de compromisso”.

“Os professores são questionados diretamente sobre ‘por que um número elevado de alunos não atingiram a meta para obter o Alamar?’, além de questionarem publicamente na frente de outros funcionários sobre a metodologia de ensino e desempenho profissional”, conta. “Na secretaria da escola, toda semana tem um reunião, onde as funcionárias são tratadas como pessoas desocupadas que não fazem nada, são ridicularizadas cobradas além de sua carga horária”, completa.

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Superlotação de turmas e precariedade

Outra parte dos relatos também apontaram a superlotação das salas de aulas e a péssima condição em que a escola está. A última reforma teria ocorrido há mais de 10 anos.

“Tem salas de aulas que tem 44 alunos sendo que são projetadas para no máximo 35. Além disso não tem caldeiras para todos os alunos, as salas de aulas estão em condições precárias, com piso e janelas quebradas. A escola tem mais de 18 anos de criação […] o que são feitos são pequenas manutenções”, afirmam os servidores.

Seed deve apurar a denúncia

A FolhaBV procurou a Secretaria de Educação e Desporto (Seed) que acionará a Ouvidoria para apurar a denúncia de assédio. “Se constatada, serão adotadas as medidas administrativas, uma vez que não é orientação esse tipo de conduta”.

Só neste ano, houveram outras duas denúncias de assédio moral por parte gestores de escolas pública.

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Quanto ao prédio do CEM Antonia Tavares, “A Seed vai avaliar a lotação das salas de aulas e, se constatado excesso, será feita a correção. E adianta que a unidade escolar receberá reforma geral com recursos do Tesouro Estadual na ordem de R$ 3,6 milhões. O processo encontra-se em fase de licitação.”. Sobre o rendimento dos alunos, a Seed informa que 210 alunos receberam alamares em alusão às elevadas notas obtidas no segundo bimestre de 2023.