HERANÇA COMERCIAL

Super K: paixão por filmes fez Boa Vista ter um cinema de rua que resiste há 44 anos

A FolhaBV te leva para o início do famoso Cine Super K, atualmente conhecido por ser o único cinema de rua e temático da capital roraimense

Cine Super K em 1998 quando se mudou para a avenida Ene Garcez. (Foto: arquivo pessoal)
Cine Super K em 1998 quando se mudou para a avenida Ene Garcez. (Foto: arquivo pessoal)

Na Boa Vista de 1970, o único cinema que existia era o Cine Olímpia na famosa avenida Jaime Brasil. Quase uma década depois, um apaixonado por cinema, João Miguel Kimak, viu a oportunidade de começar algo novo. Por isso, a herança comercial, um projeto FolhaBV, relembra o início do famoso Cine Super K, atualmente conhecido por ser o único cinema de rua e temático da capital roraimense.

Seu João Miguel veio para Boa Vista no ano de 1976 e começou trabalhando como madeireiro. Seu maior, segundo o filho João Miguel Kimak Júnior, era viajar, mas devido as dificuldades da época, conheceu o mundo pelos filmes.

“O cinema da época, filmes em preto e branco, encantou muito ele e teve desde jovem esse sonho [de abrir um cinema]. Quando foi morar em Rondônia, nos anos 70, ele conseguiu fazer o primeiro cinema, bem precário num barraco de madeira show. Conseguimos uma máquina de cinema na época de 35 mm milímetros, que é um filmezinho pequenininho. Essa foi a primeira experiência dele em um cinema, onde ele e meu tio eram o bilheteiro, porteiro, depois ia passar o filme e o outro que estava na portaria ia vender pipoca e assim só os dois tocavam no cinema lá em Vilhena”,

contou Júnior.
João Miguel Kimak Júnior é o atual administrador do cine Super K. (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Cinema na avenida Major Williams

Cinema começou na avenida Major Williams com apenas uma sala de exibição. (Foto: reprodução/grupo Boa Vista de antigamente/Facebook)

Após três anos de trabalho duro em Boa Vista, Júnior contou que o pai abriu o Cine Super K na avenida Major Williams em 1979. O estabelecimento tinha apenas uma sala de exibição e ficou no local por 19 anos.

“Foi um prédio na época moderno. Bem grande onde tinha uma sala de cinema que cabia 750 pessoas. Só para ter uma ideia, hoje todos os cinemas que tem em Boa Vista a maior sala que existe não chega a 300 pessoas. Então naquela época existia uma sala grande e já teve oportunidade de ter colocado mais de mil pessoas para [assistir] alguns filmes tipo Os Trapalhões, onde as crianças ficavam no corredor, ficavam de pé. Era uma loucura”, relembrou.

Mudança para a avenida Ene Garcez

O Cine Super K se mudou para a avenida Ene Garcez no final da década de 90. Segundo Júnior, o local anterior passou a ficar desvalorizado, o público diminuiu e o pai já tinha planejado mudar para a avenida. O cinema de rua, então, reabriu com o clássico Titanic, que estreou em janeiro de 1998 (foto de capa da matéria).

Ainda inspirado nos filmes, seu João Miguel foi quem pensou na atual temática do cinema, que não tem um projeto, mas a vontade de destacar o empreendimento.

“Quando mudou para cá, ele [João Miguel Kimak] já tinha um projeto, que é o Aquamak, estava em construção, e quis fazer algo parecido entre os dois empreendimentos. Mas diferente de tudo que existe, fora do padrão em Boa Vista. O cinema aqui [na Ene Garcez] não começou assim [com a temática], meu pai foi inventando, foi mudando aqui, acrescentando ali. Pode observar que cinemas como esse, você não encontra em nenhuma parte do Brasil”, comentou Júnior.

Continuidade

(Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

João Miguel Kimak Júnior está à frente do cinema atualmente. Segundo ele, o pai não acompanha mais, mas está sempre de olho em como melhorar o local. Por isso, o sonho que começou com o pai, seguirá com o filho.

“De tudo que meu pai fez, a única coisa que ele quer manter e mantém até hoje, é o cinema. Podem construir dezenas, milhares de cinemas aqui em Boa Vista, dando lucro ou não, com público ou sem, ele vai manter porque é um sonho dele. E, o que eu puder fazer para manter, eu faço. Na hora que ele não puder mais dar sequência nesse projeto, eu vou continuar porque a minha vida é seguir o sonho dele e tão cedo não vai terminar”,

declarou o filho.