Entenda porque a poupança teve recorde de saques em janeiro

O Banco Central (BC) divulgou ontem (06), que em janeiro deste ano, os brasileiros sacaram R$ 33,63 bilhões a mais do que depositaram na poupança. E, apesar dos rendimentos voltarem a ganhar na inflação por causa dos aumentos da taxa Selic (juros básicos da economia), outras aplicações de renda fixa são mais atraentes que a caderneta.

A renda fixa é a modalidade de investimento mais procurada pelos investidores que procuram rendimentos mais estáveis e segurança. Também pode ser um tipo de investimento que alguém deve fazer caso não tenha nenhuma reserva de emergência.

No entanto, a poupança não é mais a favorita dos investidores porque o rendimento não é mais atraente. Segundo a economista e especialista em Finanças Pessoais, Jádila Andressa, a redução de aplicações na poupança é uma tendência e relaciona isso à educação financeira cada vez mais acessível. 

“As pessoas estão começando a ver outras alternativas porque essa disseminação da educação financeira fica muito mais fácil do investidor conhecer outras opções dentro do mercado financeiro que, de fato, pode trazer a ele uma rentabilidade maior do que a poupança”, explicou Jádila.

Desde agosto de 2022, a taxa Selic está em 13,75%, consideravelmente alta, de acordo com a economista. Em casos como, o investimento em Tesouro Selic, os juros altos aumentam a relevância e atratividade da renda fixa. Assim, esse título passa a oferecer maior retorno (de 13,75% ao ano), por seguir a rentabilidade da taxa Selic. 

Já a poupança fica ainda mais desvantajosa, pois quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, e agora com dois dígitos, a poupança paga Taxa Referencial + 0,5% ao mês. Assim, o retorno da poupança atualmente pode ser considerado algo como 0,5% a.m e próximo de 6,17% ao ano. 

Um exemplo mais prático é que, mil reais investidos em um ano no Tesouro Selic (CDI de 100% + Imposto de Renda de 17,5%) pode render mais de R$ 114. Enquanto na poupança, o rendimento é de pouco mais de R$ 80.

INADIMPLÊNCIA
Segundo o Serasa Experian, quase 70 milhões de brasileiros teriam finalizado 2022 endividados. Assim, o recorde de saques da poupança também pode ser reflexo do alto número de inadimplentes.

“Outro ponto que pode colaborar para isso também é a inadimplência. A gente pode ter aquela família ou pessoa que está inadimplente, mas possui uma pequena reserva financeira na poupança. Então ela vai e saca para poder sair dessa inadimplência. É um fator também que deve ser considerado”, destacou Jádila.