Vila Real e Vila Vintém

Moradores do Cantá protestam contra despejo no Palácio Senador Hélio Campos

Eles terão 10 dias para deixar uma área conhecida como Olaria, ás margens do rio Branco e alegam que terreno foi doado; Femarh cita impactos ambientais para justificar a decisão

Moradores se mobilizaram nesta segunda-feira (30) (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)
Moradores se mobilizaram nesta segunda-feira (30) (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Moradores da Vila Real e Vila Vintém, em Cantá, no interior de Roraima, fizeram uma manifestação em frente ao Palácio Senador Hélio Campos nesta segunda-feira (30) para protestaram contra uma ordem de despejo comunicada na última sexta-feira (27). Eles terão 10 dias para deixar uma área situada no Haras Cunhã Pucá, também conhecida como Olaria, às margens do rio Branco.

De acordo com a notificação emitida pela Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) foram identificadas “várias famílias, com práticas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, além de potencialmente prejudiciais à saúde pública, pela iminente proliferação de vetores”. A Femarh argumentou ainda que a área é de risco em decorrência de inundações e que as moradias são precárias, com instalações irregulares e condições insalubres.

Eles alegam que não tem para onde ir e que o Governo de Roraima nunca se posicionou para colocar as famílias em outras áreas. O grupo afirma ainda que o terreno foi doado pelo então governador Ottomar de Sousa Pinto e que não sabiam que era área de proteção ambiental.

“São muitas famílias com crianças. A maioria não tem pra onde ir. Queremos uma moradia digna e que eles nos indenizem. Não temos problema em sair de lá, mas precisamos de um prazo maior e sermos indenizados para começar uma nova”, conta a Leia Santos.

Leia Santos, representantes dos moradores (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Leia acrescenta detalha os impactos sociais que podem ser causados com o despejo dos moradores e o prazo curto para que eles possam deixar a área. “A maioria das crianças estudam. Para onde elas vão? O ano letivo ainda não terminou. Tem moradores que são estrangeiros. Já foram expulsos uma vez de seus países pela fome e agora estão sendo expulsos novamente. Não se dá um prazo de 10 dias para deixar um terreno para quem tem 30 anos morando nele”, complementa.

A reportagem tentou contato com a Femarh e Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) para comentar o caso, mas não houve retorno até o fechamento da matéria.