Cotidiano

Crise na Venezuela deverá elevar conta de luz de brasileiros

Gasto é direcionado principalmente ao grupo Oliveira, que além de dono da distribuidora é o maior gerador térmico do estado

A crise energética da Venezuela deverá provocar um gasto adicional de, aproximadamente, R$ 50 milhões por mês na conta de luz dos brasileiros, segundo estimativas feitas pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) no fim do ano passado. De acordo com informações da Folha de São Paulo.

Há cerca de dez dias, o país vizinho, que viveu o pior apagão de sua história, deixou de enviar energia elétrica a Roraima. Até agora, as importações não retornaram.

Por ser o único no Brasil que não é interligado ao sistema elétrico nacional por meio de linhas de transmissão e Roraima depende em grande parte de importações da Venezuela. Sem essa energia, Roraima tem sido abastecida apenas por usinas térmicas, cuja operação é custeada pela tarifa de energia da população.

A distribuidora do estado Roraima Energia não informou se há previsão para que as importações sejam retomadas. A empresa, ex-subsidiária da Eletrobras, é controlada pelo grupo Oliveira e pela Atem desde o início deste ano.

 Caso o cenário com a Venezuela persista, o gasto com usinas térmicas pago pelos consumidores poderá ultrapassar o R$ 1 bilhão neste ano —mais que o dobro do que seria despendido normalmente, segundo as projeções da CCEE para o orçamento deste ano.

 O principal beneficiário dessa despesa é o próprio grupo Oliveira, que além de controlar a distribuidora Roraima Energia, é o principal fornecedor de energia do estado, com mais de 80% da potência contratada em usinas térmicas.

Ao todo, são quatro as usinas que abastecem o estado: Floresta, Novo Paraíso, Distrito e Monte Cristo. Além do grupo Oliveira, a empresa Soenergy controla parte das usinas. Roraima já sofre com apagões há tempos, devido a falhas no fornecimento de energia do país vizinho. No ano passado, órgãos do setor elétrico já haviam elevado as despesas com usinas térmicas na região para garantir o abastecimento. Como uma tentativa de responder à crise no estado, o governo Bolsonaro decidiu declarar o linhão de Tucuruí um empreendimento de infraestrutura de interesse da política de defesa nacional, como uma forma de acelerar o projeto, que deveria ter sido concluído em 2015.

O empreedimento visa criar uma linha de transmissão para ligar Roraima ao sistema interligado de abastecimento de energia elétrica. A solução, porém, ainda deverá enfrentar obstáculos, principalmente a resistência dos índios Waimiri Atroari, cujas terras são cortadas por cerca de 120 dos 715 quilômetros da linha de transmissão.

Fonte: Folha de São Paulo