AFONSO RODRIGUES

Não é sofrência, é lembrança

“Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja sentida”. (Bob Marley)

É muito bom e saudável lembrar sempre bons momentos da vida. Mesmo os mais simples que, não sei por que, foram apelidados de sofrência. Um termo desconhecido, mas que ouvimos muitas vezes, citado por uma cantora atual, da música popular. Mas não importa. Ontem, ouvindo a Elis Regina cantando uma música do Adoniran Barbosa, lembrei-me de um momento agradável, vivido há alguns anos, por mim, a Salete e o Alexandre, em São Paulo. Muito depois do café da tarde continuávamos sentados à mesa, batendo um papo. De repente, minha sobrinha Telma Rodrigues chegou, nos apressando:

– Estamos apresentando um show, ali na Caixa Econômica, com dança, e música do Adoniran Barbosa. Venho só convidar vocês e vamos logo porque o programa começará daqui a pouco.

– Dá tempo para a gente se arrumar?

– Dá, mas sejamos breves. O show começa daqui a pouco.

Corremos, e em poucos minutos estávamos prontinhos para a festa. Pegamos o elevador, descemos e saímos quase correndo em direção à Caixa Econômica, ali na Praça da Sé. No palco, a dança foi toda com as músicas do Adoniran Barbosa. Foi um programa riquíssimo e que nos fez muito feliz. Saímos do evento e enquanto atravessávamos a Praça da Sé, não consegui prestar atenção aos comentários dos que me acompanhavam. Meu pensamento rodava em volta da vida do Adoniran Barbosa. Da sua origem simples de caipira paulista no estilo paulista paulistano. Coisa comum que só acontece com grandes personalidades.

A simplicidade do Adoniran Barbosa, fortalecida com sua competência e capacidade de produzir, fez da música brasileira um hino. Pena que não damos tanta atenção à qualidade da música popular, na proporção que ela merece. E estou chamando de popular o estilo do Adoniran. Vamos ser mais acolhedores do melhor que temos em nossa arte. Somos ricos na música popular de qualidade. Mas, não nos esqueçamos de que cada um tem o seu gosto sobre a arte. Mas isso não nos leva a esquecer os valores que nos deixaram, grandes valores na sua arte. Vamos nos acalmar mais e ser mais atentos à qualidade. E o popular é uma vereda riquíssima em qualidade. Em todas as artes encontramos gênios que nos orgulham em sermos brasileiros. A felicidade sempre fica dentro de nós. O que importa é que não a armazenemos como coisas do passado. O passado está sempre presente quando somos capazes para reviver momentos bem vividos. Procure viver bem, cada momentos de sua vida. Mais cedo ou mais tarde você irá ter a felicidade de o viver, assistindo ao passado. Pense nisso.

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