JESSÉ SOUZA

Alerta para inverno rigoroso e o histórico descaso com a falta de ações planejadas   

Cenas como esssa, que ocorreu na Vicinal 06 de Caroebe, em setembro de 2022, são recorrentes a cada inverno (Foto: Divulgação)

Falta menos de um mês para começar o período de chuvas no Estado de Roraima. E as grandes agências meteorológica mundiais já estão alertando, desde a semana passada, para a possibilidade de um revés climático diante de uma rápida transição do fenômeno El Niño para o La Niña entre julho e setembro em todo o país.

Para Roraima significará a transição de um período de forte estiagem para chuvas abundantes, com as previsões para a região Norte indicando fortes chuvas entre outubro e novembro de 2024. Se realmente se confirmar, teremos um inverno mais prolongado, com chuvas seguindo de abril até novembro, encurtando o período de seca, porém prolongando o sofrimento com as consequências das cheias.

Para os mais pobres, especialmente aqueles que moram no interior, não há escapatória: o verão com forte estiagem significa seca com falta de água e incêndios, conforme estamos vivenciando neste momento; e o inverno com chuvas abundantes como sinônimo de atoleiros nas estradas e vicinais, alagamentos e pontes de madeiras arrastadas pela enxurrada, como ocorre anualmente.

Seria um fato curioso a confirmação de tal previsão, porque teríamos este ano uma eleição municipal, em outubro, no meio de chuvas intensas que poderiam deixar às claras a forma como os prefeitos e seus grupos atuam na infraestrutura dos municípios, especialmente na zona rural, onde pequenos produtores e toda população ficam largados à própria sorte tanto no verão quanto inverno.

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Em junho de 2022, também ano eleitoral, o Governo do Estado repassou R$ 70 milhões para 12 municípios realizarem ações emergenciais por causa do inverno rigoroso. Em dezembro de 2021, o governo estadual já havia licitado R$148 milhões para reforma de vicinais e mais R$125 milhões para reforma e construção de pontes no interior de Roraima. E ainda foram aplicados R$100 milhões por meio de convênios com recursos estaduais.

Da mesma forma que queimadas descontroladas e incêndios florestais ocorrem no verão sem que os governos tenham um plano de ação, as cheias no inverno com alagamentos e isolamento de produtores e moradores  também ocorrem sem que as autoridades tenham algo organizado, agindo apenas por decretos de calamidade que significam recursos emergenciais nunca aplicados como deveriam, conforme foi visto em 2021 e 2022.

Se o inverno rigoroso deste ano se confirmar, o povo terá mais uma vez a oportunidade de vivenciar a forma como os políticos agem, na base do improviso e do descaso, com milhões de recursos públicos desaparecendo sem que os graves problemas sejam solucionados e sem que os governos tenham planos de ações montados antecipadamente para o enfrentamento às fortes estiagens e invernos rigorosos.

*Colunista

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