Parabólica

Parabolica 19 10 2018 7103

Bom dia,

Quem olha a política de fora colhe ensinamentos que ajudam a compreender a natureza, a ética e o quadro de referência moral que balizam as decisões e as condutas dos políticos. Maquiavel, um dos fundadores da moderna ciência política ensinou que os políticos existem para conquistar o poder e que essa luta para conquistá-lo não é necessariamente moral, afinal, na luta para consegui-lo os fins justificam os meios.

Se particularizarmos a disputa da eleição para governador do estado aqui em Roraima, neste segundo turno, os movimentos até agora públicos, e mesmo o que vem sendo feito na surdina, são elementos balizadores de que os políticos, de um modo geral, têm pouco apreço com a ética, a moral e o respeito à inteligência do eleitor. No primeiro turno da eleição disputaram o posto de governador cinco candidatos (Antonio Denarium, Anchieta Júnior, Suely Campos, Fábio Almeida e Telmário Mota) que receberam o sufrágio, segundo o que parece a partir de uma convicção de que eram os melhores na visão de seus eleitores.

Ora, passaram para o segundo turno apenas dois (Denarium e Anchieta), e como não existiu qualquer fato novo que pudesse fazer com que os que votaram neles no primeiro turno desistissem de repetir o voto no segundo turno, o natural seria que dividissem os eleitores que votaram nos candidatos derrotados. Essa parece ser a tendência natural caso não houvesse uma força estranha, e com razão oculta, que movesse algum eleitor de Anchieta no primeiro turno, em direção a Antonio Denarium, ou vice versa.

MUDANDO

Alguns políticos que apoiaram Anchieta Júnior no primeiro turno já declararam votar em Denarium no segundo. Faz sentido isso? Ora, foram para as ruas e para as reuniões do primeiro turno, dizendo que o candidato tucano era a melhor opção dentre todos os pretendentes ao governo estadual. Como podem justificar, agora, que mudaram rapidamente de opinião? Tem acertos de bastidores? Em caso positivo, seria o caso de estelionato eleitoral? Se o candidato diz que combate a velha política do “é dando que se recebe”, como explicar que negocia cargos nos bastidores?

MANDOU

Já no segundo turno, o candidato Anchieta Júnior exibiu no horário político gratuito do rádio e da televisão vídeo, feito ainda no primeiro turno, onde o candidato aparece ao lado da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), exaltando a parceria entre o governo e a prefeitura. Segundo fontes da Parabólica, a prefeita mandou dizer aos marqueteiros de Anchieta que não se utilizasse mais sua imagem na campanha do tucano. Essa informação parece correta, pois não se repetiu mais a peça publicitária. Teresa Surita apareceu várias vezes na propaganda gratuita, e em reuniões, pedindo votos para Anchieta, alegando ser ele o melhor dos candidatos.

MUDOU

Correligionários da prefeita Teresa Surita andam comentando que ela, uma das principais apoiadoras de Anchieta Júnior, no primeiro turno, vai manter-se neutra no segundo turno, sem revelar publicamente de que lado está. Esses correligionários dizem não saber que razões a fizeram mudar tão radicalmente de posição, afinal, ainda está presente na lembrança de todos os eleitores e eleitoras de Roraima que ela até ontem falava das qualidades de Anchieta como governador e parceiro da Prefeitura de Boa Vista.

LIBEROU

Fontes da Parabólica dizem que apesar de abster-se de falar publicamente sobre em quem vai votar no segundo turno, a prefeita Teresa Surita teria liberado seus correligionários para votar no candidato Antonio Denarium. A liberação é total, até mesmo para declarar apoio público ao candidato. Quem duvidar dessa informação, basta acompanhar a movimentação de vereadores, deputados e outros políticos ligados a Teresa Surita e ao ainda notório senador Romero Jucá (MDB). Estão quase todos caindo no colo do candidato Antonio Denarium.

PENDULAR

Aliás, tanto Romero Jucá quanto Teresa Surita antes do começo das tratativas para a eleição no primeiro turno faziam ácidas críticas ao ex-governador Anchieta Júnior, de quem foram parceiros no governo, e companheiros de palanque na eleição de 2014. Para a surpresa de meio mundo político do estado, poucas semanas depois, Jucá foi procurar Anchieta pedindo palanque para disputar a reeleição para o Senado Federal, passando a elogiar, e pedir votos, para quem fazia pouco tempo criticava. Agora, é corrente a notícia de que Jucá e Teresa abandonaram a candidatura tucana. Como entender essa postura pendular?

COMITIVA

O candidato Antonio Denarium (PSL) foi ao Rio de Janeiro levando a reboque uma numerosa comitiva de aliados, inclusive parlamentares federais e estaduais, recém-eleitos. Foi para um beija-mão ao candidato presidencial Jair Bolsonaro, para marcar posição, e também para gravar vídeo de apoiamento à campanha ao governo estadual no segundo turno.