Opinião

Opiniao 25 08 2018 6804

SÁBADO, DIA DE ADORAÇÃO OU DE IDOLATRIA? – Daniel Severino Chaves*

Embora ter uma criação evangélica que tem o sábado como um dia sagrado, não me impediu de buscar o culto racional, onde os estudos sejam analisados com racionalidade e não por uma mera paixão de torcedor esportivo. O sábado original, sem dúvida, é um dia sagrado, se levamos em conta o calendário da criação quando esse dia foi separado para descanso e adoração. Levando em conta da não existência de calendário, os sábados eram observados por indicação da natureza.

É doloroso ver os olhos daqueles estudantes sinceros que viam o sábado como um dia santificado, descobrirem que esse sábado gregoriano não tem nenhum compromisso com o sábado bíblico, que ocorre nas mudanças de luas. Deus jamais colocaria em seus mandamentos uma lembrança que estivesse vinculada tão somente a uma planilha de datas feita por homens que têm em seu feitio o prazer das mudanças, dos tempos e das leis. O salmista evidencia que a natureza é que indica os sábados quando afirma: “Foi Ele quem fez a lua para marcar as estações, e o sol conhece seu ocaso”.

Certo dia expondo minhas convicções, ouvi de um membro evangélico seguidor do sábado gregoriano a seguinte frase: “Se as pessoas se convencerem dessa sua afirmação, o sábado deixa de ser um dia adorado, pois nossa adoração está vinculada a uma proposta de oposição religiosa ao domingo, quebrando o vínculo oposto, quebra-se a religiosidade”. Concordei com ele, a graça da adoração estava em ter um inimigo comum, neste caso o sábado gregoriano deixou de ser um dia de adoração para ser um dia de idolatria, quebrando esse vínculo a idolatria cessa seu efeito.

O profeta Daniel em uma de suas visões foi alertado sobre o poder dado a principados e protestardes que cuidariam de mudar os tempos e as leis. A história reconhece a estratégia do calendário gregoriano que deu um salto de onze dias unicamente com objetivo de adequar a data da Páscoa com o equinócio de primavera no hemisfério norte. O compromisso semanal de dias com o calendário lunar que identificam as estações do ano e os dias dos sábados é apenas este.

Para quem faz oposição ao dia do domingo gregoriano colocando o sábado do mesmo calendário como dia para ser adorado, não compreende que a bíblia diz por intermédio de Jesus que o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Não podemos também vincular a desculpa ao ritual judaico, vez que no tempo do profeta Ezequiel já existia os adoradores do sol. Adaptar essas crenças a um calendário global é muito mais cômodo.

A estratégia de: “cuidaria de mudar os tempos e as leis” é tão eficaz que mesmo aqueles que se opõem religiosamente, são envolvidos no engodo, a ponto de usar o calendário gregoriano de uma suposta profecia de dois mil e trezentos anos, sendo que neste período já existiu o calendário juliano. E que para se valer das setenta semanas de Daniel usam um outro calendário de trezentos e sessenta dias. Provérbios mostra que dois pesos e duas medidas é abominável ao Senhor, e certamente esta de entrada no santíssimo em mil oitocentos e quarenta e quatro também o é, e finalizo: “eu e minha casa serviremos ao Senhor”.

*Professor

KARL MARX: UM SEMEADOR DE IDEIAS (INCONTORNÁVEL) – Francisco Chagas*

Este breve texto tem o intuito de expor, resumidamente,algumas ideias referentes ao pensador Karl Marx.

Em época de “decadência ideológica”, geralmente, os “pontos de vista” individuais, as “fofocas” intencionais e as “teorias pseudocientíficas” tomam o lugar da análise crítica fundamentada. Não é por acaso que nesses períodos surgem “intelectuais” com “análises” tão superficiais quanto excêntricas. É o que acontece quando o assunto é Karl Marx.

Marx elaborou um método/teoria social para compreender um objeto determinado: as relações sociais e de produção capitalista, ou seja, o próprio capital. Para isso, estudou criticamente vários gigantes do pensamento filosófico-econômico-social. Elaborou categorias de análise importantes e nos ofereceu uma nova e complexa concepção ontológica da realidade e do mundo. É inegável a sua contribuição, tanto em relação à História, Antropologia, Economia, Direito, Filosofia, como em outras áreas do conhecimento.    

A teoria/método marxiano é resultado de um processo intelectual complexo em que ocorreram várias continuidade se rupturas.

A sua obra que pode ser entendida, ao mesmo tempo, como síntese de um grande esforço teórico-intelectual e também como um “guia para a ação”. E pode ser resumida como sendo uma crítica da economia política. A partir daí é que podemos entender mais coerentemente o pensamento desse pensador-semeador de ideias. A crítica da economia política se constitui, nesse sentido, como uma crítica radical ao capital,ao analisar suas origens históricas, desenvolvimento, suas contradições intrínsecas e seus limites estruturais. Daí, a sua conclusão: desse movimento real e de suas contradições surgem as possibilidades históricas de superação do próprio capital. Entretanto, esta não é uma questão que se resolve apenas no discurso “ideológico”e superficial.

De fato, trata-se de entendimento mais profundo, de análise crítica mais rigorosa. Este é o ponto a que chegamos: quem hoje se propõe a ler este pensador antes de fazer comentários apressados? A discutir as ideias e a contribuição teórica ao invés de aspectos particulares da vida pessoal de um autorsobre o qual, muitas vezes,não leu e/ou muito menos estudou?

A falta desse entendimento faz com que alguns ainda insistam em defender o indefensável: uma fictícia eternidade do capital como se fosse algo perene, natural e dado para sempre, e não houvesse outra explicação.

A teoria/método do pensador Karl Marx serve para desmontar toda essa forma de pensar e mostrar que o capitalismo é mais um modo de produção, ou seja, uma relação social histórica e transitória, como foram, também, o escravismo e o feudalismo. Por isso, a desigualdade social, a produção generalizada de “mercadorias”/valor, a exploração capitalista, os limites e contradições do próprio capital, com todas as suas consequências sociais e desumana, precisam ser discutidas e entendidas mais profundamente.

E foi Marx o autor que mais estudou,aprofundou e elucidou as leis gerais fundamentais do modo de produção capitalista. Apesar das mudanças em suas formas de expressão fenomênica, essas “leis/tendências” históricas do capital (inclusive em sua forma atual de capital fictício/especulativo) permanecem em sua essência e fundamentos. É preciso compreendê-las para entender o objeto do debate: o capital e as relações sociais capitalistas.

Nesse sentido, o pensamento de Karl Marx não é apenas atual, ele é, também,necessário. Excluindo-o, estamos ao mesmo tempo descartando a possibilidade (entre outras) do entendimento e da intervenção com mais consciência da realidade. Excluindo-o,corremos o risco de permanecer nos limites da opinião pronta e apressada, de um ecletismo estérile de polêmicas político-ideológicas em torno de uma caricatura de Marx ou de um fantasma desconhecido, que já enterraram tantas vezes e tantas vezes já ressuscitaram.

O ser humano real Ka
rl Marx, foi um semeador de ideias. Um homem do século XIX que conseguiu a “estranha” proeza de ser ainda mais atual no século XXI, pela consistência, coerência e profundidade das suas ideias. Um pensador incontornável.

E, tudo indica que enquanto permanecer o seu objeto (o capital), a teoria social de Karl Marx continuará atual. Por isso, apenas quando deixar de existir o capital, a teoria de Marx poderá perder a sua atualidade, pois, certamente, assim, já não mais servirá para explicar um objeto que, então, deixou de existir.

Portanto, enquanto existir o capital, queiramos ou não, Karl Marx (teoria e método) será necessário intelectualmente, como pensador profícuo e como exemplo de rigor investigativo. Isso pode parece rum“incômodo” para alguns (as mentes supostamente“preguiçosas”). Mas, como já disse o próprio Marx, referindo-se à sua obra: “Pressuponho, naturalmente, leitores desejosos de aprender algo de novo e, portanto, de pensar por conta própria”.

Talvez, também, por isso, para alguns grupos e/ou classes sociais, Karl Marx continua sendo uma “ameaça” iminente, um constante “perigo”. Ou mesmo um “recalque”ainda não resolvido?!. É preciso e possível desvendar esse “mistério”?!.

*Cientista Social e Professor universitário. Pesquisa na área de trabalho, educação e sociedade. E-mail:[email protected]

O sangue do rei – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O sangue dos reis, por muito que a bajulação o azule, não é mais precioso que o sangue dos seus súditos.” (Rui Barbosa)

Não são tantos os que percebem o quanto vivemos submissos à nossa cultura da submissão. Por incrível que pareça, ainda vivemos como os dos séculos imperiais: curvando-nos e nos benzendo diante dos que achamos que têm sangue azul. Nem nos tocamos que é a bajulação que nos torna, mentalmente, daltônicos: a cor do sangue vai depender da nossa mente escrava. Tá enrolado? É simples pra dedéu. Todas as pessoas despreparadas sentem-se importantes pelo cargo que ocupam, seja onde for. Ainda não perceberam que nos ambientes culturalmente avançados, não existe mais o cargo de chefe. Este foi substituído pelo de líder. E se é assim, por que não nos conscientizamos disso e passamos a nos valorizar de acordo com o que somos em nós mesmos?

Você não imagina o quanto estou tentando fugir do assunto político. Mas não dá. Nem deveria. O que estamos vendo de carros, pelas ruas, com propagandas de candidatos, é notável. Gosto disso. O que me preocupa é se estamos preparados, politicamente, para a escolha. E é aí que a jiripoca pia. O que temos de candidatos que não deveriam estar na batalha por não merecê-la, não tá no gibi. E é aí que, junto com a jiripoca, a vaca vai pro brejo. Cuidado com sua responsabilidade no votar. A coisa é muito mais séria do que você imagina. E o prejuízo que vem no voto irresponsável não dura apenas quatro anos. Ele vai muito além.

Acumula-se nos erros futuros e nos leva à banca-rota que vivemos atualmente.

Vamos maneirar. Não vai ser fácil, mas é muito simples. É uma questão de valorização. E só quando nos valorizamos não somos desvalorizados. Respeite-se no seu voto. Escolha o candidato que realmente mereça seu voto. Porque seu voto tem a importância de que necessitamos para corrigir as distorções políticas que nos envergonham. Você, seja quem for, tem o poder de contribuir para a vassourada na política. Mas leve em consideração que a política é indispensável para o nosso progresso. Faça sua parte. Não venda seu voto. Não vote no candidato apenas porque ele é seu vizinho, ou seu amigo. Veja e analise se ele realmente tem as características que o País necessita para crescer na proporção que merecemos. No seu voto você tem o poder de melhorar, não só seu município, seu estado ou o país, mas o mundo. Analise isso e veja a importância que você tem na hora de votar. Você não está votando, para tornar alguém superior a você, mas para trabalhar por você e fazer o que você quer que ele faça para melhor a sociedade. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460