Cotidiano

Ambulantes disputam semáforos para garantir vendas

Os cruzamentos de Boa Vista estão tomados por ambulantes vendendo frutas, água e lavando o para-brisa dos carros. Em alguns locais, chega a ter mais de dez pessoas disputando a atenção e o dinheiro de quem passa por ali. A equipe de reportagem da Folha percorreu alguns dos cruzamentos da capital e constatou que a maioria dos ambulantes são venezuelanos que esperam ajudar os familiares.

Tânia Vasquez, ambulante que trabalha no cruzamento das avenidas Venezuela e Mário Homem de Melo, decidiu contar a equipe um pouco da história dela e da maioria dos companheiros de trabalho. Há cerca de um mês em Boa Vista, ela veio para o Brasil com amigos em busca de emprego, mas se deparou com inúmeras portas fechadas por não dominar a língua portuguesa.

“Na Venezuela, não tem comida. Viemos para tentar juntar dinheiro e mandar para nossos familiares que ficaram lá”, explicou. A atual vendedora de bombons disse que consegue tirar, em média, cerca de R$30,00 por dia e que a quantia é maior do que quando limpava os para-brisas dos veículos. Com o dinheiro ganho, ela informou que paga o aluguel de R$500,00, se alimenta e manda o restante a família, que mora em Santa Elena de Uairén.

“A maioria das pessoas que estão nos semáforos são venezuelanos, sem contar com os alguns brasileiros que vendem água mineral e água de coco”, disse. A equipe de reportagem também registrou a presença dos imigrantes nos cruzamentos da Avenida Venezuela com a Brigadeiro Eduardo Gomes, Via das Flores com Bandeirantes e da Ataíde Teive com a São Sebastião.

Os produtos vendidos no sinal vão do gênero alimentício, como frutas, água, doces e pães, até boias, protetor de para-brisa, suporte de GoPro e carregador de celular. Durante a entrevista com Tânia, um venezuelano de bicicleta se aproximou para tentar vender as mercadorias: fones de ouvido Samsung, carregadores de diversas marcas, meias e cartões de memória.

A ambulante relatou ainda que pretende ficar na capital e continuar ajudando os familiares enviando o dinheiro. “Eles não gostam do Brasil, mas aqui é ótimo para viver se você conseguir um emprego bom. Estou buscando trabalhos como doméstica agora”, pontuou. (A.G.G)

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