Cotidiano

Moradores improvisam para lidar com alagamento em Boa Vista

Levantar os móveis e eletrodomésticos e até quebrar o muro de um terreno vizinho são artifícios adotados pelos moradores para conter os estragos

Os problemas enfrentados por moradores no período chuvoso em Boa Vista não se restringem aos bairros da zona Oeste. Moradores da Rua Artur Virgílio, no bairro Aparecida, também têm prejuízos quando a chuva chega.

Toda vez que chove as casas ficam inundadas, causando prejuízos a quem vive no local, como: perda de móveis e eletrodomésticos. A rua é íngreme nas duas extremidades e é a mais baixa do bairro e o problema persiste há mais de 20 anos. “Naturalmente quando chove, a água de várias ruas desce para cá. O bueiro que tem não é o suficiente para dar vazão a tanta água”, comentou o administrador Cezar Riva, morador do local há mais de quatro anos.

O motivo, segundo os próprios moradores, é que a Prefeitura de Boa Vista teria construído calçadas sem antes ter feito tubulações de esgoto conforme a estrutura física da rua. “A água que antes infiltrava nos locais onde tinha terra, agora está sendo toda canalizada para as residências, ou seja, aumentou o volume de líquido. Quando estavam construindo as calçadas, eu até perguntei se o município ia fazer bueiros, porém os funcionários disseram que não e agora o que temos é o numero de treze residências sendo afetada por alagamento”, Riva.

A última chuva forte que ocasionou inundação nas residências do local aconteceu na quarta-feira, dia 20, quando moradores tiveram que fazer um buraco no muro de um terreno baldio para que a água escorresse e consequentemente diminuísse o transtorno causado pelo temporal. “A única alternativa que tivemos na hora do desespero foi de abrir uma passagem no muro do terreno ao lado. O proprietário acha ruim, inclusive ele colocou umas grades, porém as folhas e galhos que vem com a água entupiram a passagem e o jeito foi abrir outro buraco”, contou o morador.

Para os residentes da Rua Artur Virgílio, a preocupação chega junto com a chuva. Cezar afirma ter tido prejuízos com os alagamentos que ocorrem na localidade. “A água subiu tanto que eu perdi móveis, a bomba da piscina queimou, meu quintal ficou completamente inundado, tive um prejuízo de R$ 3 mil. A maioria dos vizinhos passa por isso. A solução seria o seguinte: a prefeitura deveria canalizar as ruas de cima e não deixar toda a água escorrer para cá. Os bueiros que construíram aqui são pequenos e não suportam a grande quantidade de água que desce para esse ponto”, relatou.

O administrador disse que buscou uma solução junto a prefeitura, mas nada foi resolvido “Dois anos atrás, eu mandei um ofício para a Secretaria de Obras e uma cópia para o gabinete da prefeita, mas não recebi nenhuma resposta. Protocolei um segundo ofício no ano passado, não houve retorno. Quando começaram a construir calçadas sem haver bueiros com capacidade para escoar a água, alertei novamente por e-mail o secretário de Obras. A reposta foi de que não havia verba para asfaltar e nem construir bueiros, mas destaco que esse é um problema de vinte anos”, criticou.

O mestre de obras Jorge Vieira mora na rua há mais de seis anos e afirmou que todo inverno o drama se repete. “Minha casa fica toda enlameada. A água invade todos os cômodos, tive um prejuízo de R$ 1.200,00. Perdi cama, guarda-roupa, geladeira, sofá entre outras coisas. E agora, quando a chuva começa a ficar forte temos que levantar todos os móveis. Minha residência já inundou duas vezes esse ano. A única alternativa foi quebrar o muro do terreno baldio para dar passagem para a água. O proprietário reclama, vem e conserta, porém não vemos outra solução na hora do desespero”, comentou. 

OUTRO LADO – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que uma equipe será enviada até o local para verificar o problema. (K.M)