Política

Interiorização foi adiada, diz ministro interino da Defesa

O general de Exército, Joaquim Silva e Luna, que responde interinamente pelo Ministério da Defesa, esteve em Roraima ontem, 26

O ministro interino da Defesa, general de Exército Joaquim Silva e Luna, concedeu entrevista coletiva à imprensa logo após a visita que fez aos abrigos para venezuelanos em Boa Vista e Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Acompanhado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Sérgio Etchegoyen, ele se reuniu com a governadora Suely Campos (PP) e com a cúpula de Segurança Pública do Estado, além de representantes do Exército Brasileiro.

Luna disse que já veio com informações sobre a situação e, de novidade, afirmou que o processo de interiorização dos venezuelanos não vai mais ocorrer em abril, por conta do surto de sarampo que assola a comunidade.

“A interiorização desses imigrantes já é trabalhada e há pessoas cadastradas. O número ainda não é suficiente, mas está avançando nessa construção. No entanto, deixou de ser considerada medida de urgência em razão da necessidade de imunizar os venezuelanos contra algumas doenças. A questão da vacinação retirou a urgência para interiorizar, pois a ideia é que em abril eles pudessem ir para os estados que se prontificaram a receber os imigrantes, mas não será dessa forma”, sustentou.

Ele disse que a visita tinha como objetivo somar esforços aos trabalhos que já estão sendo realizados. “Viemos reforçar a atuação do Comitê Gestor de ajuda humanitária e avaliamos que existem duas necessidades prementes em Roraima: a primeira é a necessidade dos venezuelanos e a outra é a da comunidade roraimense, que está sendo vítima desse aumento de pessoas. Temos que cuidar disso aqui, pois a população está sendo afetada em todas as áreas, principalmente na segurança pública”, citou.

O ministro explicou que a sociedade roraimense não esperava essa demanda que está ocorrendo na migração. Sobre as duas manifestações no Município de Mucajaí, onde brasileiros invadiram um abrigo improvisado e queimaram bens de venezuelanos, e em Pacaraima, onde houve protesto pacífico contra o uso de um ginásio como abrigo, o ministro avaliou que os roraimenses “não chegaram ao limite”.

“Os imigrantes vêm e competem com saúde, educação, serviços públicos e pelo que se percebe a sociedade está disposta a ajudar, a apoiar, e querem resolver o problema e abraçar as pessoas, não há ideia de confronto, mas de ajuda. É da nossa índole em ajudar e as pessoas têm urgência, quem tem fome tem urgência e as pessoas querem que tudo surta efeito no menor prazo possível. As pessoas vão ficando irritadas, mas as manifestações não contaminam a boa vontade de ajudar”, frisou.

O ministro explicou que a atuação do Exército aumentou tanto no acolhimento quanto na triagem, o que deve melhorar a questão da segurança “O que se entende é que tirando essas pessoas da rua vai se diminuir a pressão sobre a segurança pública. Esse pessoal vai ter alimentação, escola dentro do possível e a aflição dos necessitados diminui e aos poucos a segurança pública tem condições de voltar para a normalidade”, analisou.

Sobre o anúncio do Governo Federal de liberar R$ 190 milhões para serem aplicados na ação para amenizar a crise migratória, o ministro afirmou que o valor já foi colocado à disposição. “O recurso, quando chega, precisa ser executado. Isso inclui definir prioridades, necessidades e abrir um processo licitatório para aquisição de bens e execução de serviços. Existe todo um caminho a ser feito, a ser normatizado, com os meios que existem e depois será reposto. A sociedade já sente na prática essa atuação”, concluiu.

Suely pede escritório do Conare em RR e cobra reforço para segurança pública

Durante reunião no início da tarde dessa segunda-feira, 26, no Palácio Senador Hélio Campos, a governadora Suely Campos entregou ao ministro interino da Defesa, Joaquim Silva e Luna, ofício pedindo a instalação de um escritório do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) em Roraima, além de cópia dos projetos já protocolados no Palácio do Planalto, pedindo reforço para a segurança pública em Roraima.

“O nosso pedido está respaldado pelo elevado fluxo migratório de venezuelanos no nosso Estado. Até este mês, a Polícia Federal protocolou mais de 5.500 pedidos de refúgio de pessoas vindo da Venezuela para o Brasil e a primeira parada é em Roraima”, disse Suely.

Os documentos foram recebidos pelo ministro, que assegurou que os pedidos serão analisados e o Governo Federal dará uma resposta. “O nosso governo enfrentou de forma solitária o início da crise imigratória no Estado.

Mesmo com poucos recursos, nos empenhamos a dar assistência mínima aos imigrantes venezuelanos. Cobramos do Governo Federal que assumisse a responsabilidade por desenvolver ações mais efetivas, que pudessem minimizar os impactos da imigração”, lembrou a governadora.