Política

Ex-governador está preso em cela na PF temporariamente

Neudo Campos se entregou no Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar na madrugada de ontem

O ex-governador Neudo Campos se entregou no quartel da Polícia Militar em Roraima na madrugada desta terça-feira, 24, e vai ficar em uma cela da Superintendência da Polícia Federal em Roraima, no bairro 13 de Setembro, zona Sul, até que a Justiça decida se ele deverá ser transferido para fora do Estado ou não. O período de reclusão previsto para o ex-governador, na sentença que o condenou por crime de peculato, é de 13 anos e quatro meses em regime fechado.

Na operação realizada pela Polícia Federal foi presa a secretária adjunta de Estado de Relações Institucionais, suspeita de colaborar com o ex-governador. Ela foi encaminhada à Cadeia Pública Feminina, à disposição da Justiça Federal em Roraima. Na segunda-feira, dois policiais lotados na Casa Militar do Governo de Roraima foram presos, suspeitos de articular uma possível fuga do ex-governador para a Venezuela.

Os dois policiais militares, que tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, sem prazo, estão custodiados no Comando de Policiamento da capital (CPC) da PM. A PF também fez busca e apreensão em sete residências de integrantes do alto escalão do governo em endereços nos bairros Caçari, Paraviana, Buritis e Cidade Satélite.

Os investigados atuaram, segundo a polícia, com o objetivo de remover o ex-governador de Boa Vista para a Venezuela. “Os investigados na operação policial usaram aparato estatal para proteção de um criminoso procurado pela Justiça”, disse a Polícia Federal, em nota.

O delegado Alan Robson, chefe da equipe responsável pela captura, disse que o inquérito deve ser concluído em 15 dias. “A investigação continua para apurar a participação de outros servidores públicos e políticos nos crimes investigados”, frisou.

Operação policial investiga mais servidores e políticos

A Polícia Federal informou, por meio de nota, que estão sendo abertos inquéritos para investigar práticas criminosas por favorecimento pessoal, associação criminosa e corrupção passiva. Segundo a PF, as provas coletadas no inquérito “serão utilizadas para instruir ações de improbidade administrativa, processos administrativos disciplinares e representação interventiva no Estado, medidas que podem culminar no afastamento de políticos eventualmente envolvidos nas práticas investigadas”.

Governo atuou dentro da legalidade, diz secretário

O secretário estadual de Segurança Pública, Paulo César Costa, disse ontem para a imprensa que o mandado de prisão do ex-governador de Roraima foi cumprido de forma legal. “Os advogados de Neudo Campos entenderam que ele deveria ser apresentado à maior autoridade Judiciária do Estado, o delegado-geral Oziel Castro, que cumpriu todos os trâmites cabíveis”, argumentou.

Segundo ele, foram corretas as providências adotadas pela Segurança de Roraima, no episódio de apresentação de Neudo, e os policiais militares presos vão se defender no processo. Afirmou ainda que a Casa Militar tem o dever de proporcionar segurança à governadora e seus familiares.

“Não tenho conhecimento de que Neudo se encontrava no veículo onde estavam os policiais, mas não vamos entrar no mérito, pois o inquérito vai mostrar se a ação da Polícia Federal durante a prisão foi legal ou não.

Não temos elementos que apontem no sentido do aparato policial ter sido utilizado em qualquer fuga”, disse.

Paulo César informou que a apresentação do ex-governador para a Justiça foi feita dentro do prazo constitucional e que ele foi deixado no Comando da Capital da PM até o final das comunicações de praxe à Justiça federal e à Polícia Federal. “O delegado-geral foi pessoalmente falar com o superintendente da Polícia federal e informar que Neudo havia sido apresentado pelos advogados de defesa e que estava à disposição da Justiça”.

Ele informou que formalmente não foi notificado pela Polícia Federal de que exista investigação contra a estrutura de segurança do Estado. “Não vou discutir essa questão. Se o delegado tiver provas, que as apresente. Não vejo elementos formais que justifiquem qualquer intervenção em um Estado federado. Nós, enquanto polícia judiciária, fizemos o que devíamos fazer”, frisou.