Política

Deputadas de Roraima ainda não sabem se abandonam governo Temer

As bancadas do PSDB e PSB divergem sobre saída do governo Temer

A crise que se instalou no governo do presidente Michel Temer após as acusações feitas por Joesley Batista, dono da JBS, ao peemedebista ainda tem muitos capítulos a serem contados e alguns deles envolvem políticos de Roraima, que ficaram em uma verdadeira saia justa após seus partidos racharem nas decisões de permanecer ou sair da base aliada.

Esse é o caso da deputada federal Shéridan. Seu partido, o PSDB, se dividiu em relação à permanência no governo de Michel Temer e já traçou uma espécie de cronograma para o desembarque, caso a situação do presidente se agrave ainda mais.

Apesar do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), dizer que a decisão final será tomada de “forma conjunta”, ouvindo governadores, prefeitos, senadores, deputados e ministros do partido, o grupo conhecido como “cabeças pretas”, no entanto, formado por jovens parlamentares do baixo clero, pressiona fortemente a cúpula da sigla a entregar imediatamente os cargos tucanos na administração. Uma parte da bancada não quer que o PSDB “morra abraçado” a Temer.

Apesar do agravamento da crise, a deputada Shéridan ainda permanece em cima do muro e afirma que sua preocupação é com a estabilidade do país. “Entendo que toda essa situação causa tristeza, descrença e indignação e lamento muito por isso, no entanto não acredito que paralisar o país seja a melhor alternativa, visto que existem muitas pautas importantes e de relevante interesse sendo discutidas nas Casas Legislativas”, disse.

Para ela, o PSDB está analisando a situação com responsabilidade e cuidado. “A nossa grande preocupação no momento é com o Brasil. O nosso posicionamento enquanto partido é que não devemos agir precipitadamente e precisamos ter o cuidado de não tomarmos nenhuma atitude que possa agravar ainda mais essa crise”, avaliou.

Shéridan afirmou que vai aguardar os desdobramentos da crise e apoiar o partido como sempre fez. “Devemos aguardar os desdobramentos para agirmos com cautela e a nossa decisão será tomada no momento certo para que sejam respeitadas as normas constitucionais. O Brasil vive o seu momento de maior instabilidade política desde a promulgação da Constituição de 1988. Fui membro da Comissão Especial do Impeachment de Dilma Rousseff no ano passado e sempre deixei claro que está mais que na hora de encerrarmos o regime de escândalos em série e da corrupção institucionalizada”, afirmou.

A parlamentar, que se diz independente, afirma que tem uma agenda que deve ser cumprida independente de quem comande o país e que não está aliada a nenhum governo por cargos ou benefícios. “Tenho minha agenda do que considero importante e primordial para o país. O partido é parte muito importante do meu mandato, mas não sobrepõe as minhas convicções, minhas decisões e o que acredito que seja certo. Para mim, os rigores da Lei devem ser cumpridos por qualquer cidadão. Não tenho cargos no Governo Federal e mantive sempre minha independência, pois o que me move na política são os meus valores e minha consciência.

Estou esperançosa que o reflexo desse momento crítico repercuta na consciência da nossa população no próximo ano, quando teremos nas mãos, através do voto, da eleição, mais uma vez a oportunidade de mudar o rumo da história política do nosso país”, disse.

PSB mantém Maria Helena fora do diretório estadual

A deputada federal Maria Helena continua fora da presidência do Partido Socialista Brasileiro (PSB) em Roraima. A decisão da direção nacional do partido de destituí-la do comando estadual, após ela votar a favor da reforma trabalhista, contrariando a orientação da cúpula, foi mantida e ela não vai mais dirigir o diretório estadual.

Apesar da decisão do PSB de deixar o governo Michel Temer, tomada em maio, no auge do agravamento da crise, Maria Helena afirma não saber o que é pior para o Brasil: a saída ou a permanência de Temer. “Meu partido já saiu do governo e me manterá afastada do Diretório Regional por votar a favor das reformas. Para mim, essa crise política está paralisando o Brasil e não sei o que é pior para o país, mas vejo que manter Temer na presidência é muito difícil”, explicou.

O PSB, que tinha o Ministério de Minas e Energia, devolveu a pasta e desde então prega a renúncia de Temer e o cumprimento da Constituição, ou seja, eleições indiretas. A sigla fechará questão em torno da PEC que prevê eleições diretas em caso de vacância do cargo de presidente da República.