Cotidiano

Confira os cuidados necessários com cirurgias plásticas

Propostas muito baratas e oferecidas em locais fora de centros de saúde podem causar até a morte

Nos últimos dias, o país conheceu uma figura exótica, envolto em histórias negativamente surpreendentes: Denis Furtado, conhecido como “Dr. Bumbum”, estava foragido, junto com a mãe, investigado pela morte de uma de suas pacientes, a bancária Lílian Calixto, após um procedimento estético para aumento da região glútea. O caso assustou e alertou para os cuidados necessários antes de alguém se decidir por uma cirurgia plástica. 

De acordo com informações da imprensa nacional, o médico Denis Furtado usava o título de especialista em cirurgia estética, mas o certificado não era válido por não ser reconhecido pelo Ministério da Educação. Além disso, o local no qual realizava os procedimentos não tinha a necessária estrutura para enfrentar eventuais intercorrências. A paciente recebeu uma injeção com uma substância que terminou por lhe levar à morte.

Conforme o cirurgião plástico, Antero Frisina, o uso de algumas substâncias injetáveis não são recomendáveis, principalmente aquelas não solúveis, pois são maiores as chances de ocasionarem danos. “A princípio, se prefere substâncias absorvíveis. O polimetilmetacrilato é uma substância inabsorvível que se aloja na região dando volume. Até hoje isso é questionável. Não é proibido, mas não é recomendado. É um procedimento invasivo, que sempre deve ser feito por um médico”, declarou o cirurgião.

Ele informou que os especialistas a serem procurados para realização de procedimentos estéticos são o cirurgião plástico ou dermatologista, que estejam devidamente cadastrados no Conselho Federal de Medicina e na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

“O médico tem formação e, em tese, pode fazer qualquer tipo de procedimento. Caso haja alguma complicação ele passa por imperito por não ter especialização. As intervenções devem ser feitas em ambiente hospitalar. Ele [Dr. Bumbum] fez o procedimento num apartamento! Isso caracteriza crime mesmo que ele fosse cirurgião plástico. Obrigatoriamente, a atividade de acontecer em ambiente hospitalar ou em clínica liberada se for o caso de procedimento laboratorial”, frisou Antero.

Para o aumento da região dos glúteos, de acordo com Antero, aplicação de gordura ou a colocação da prótese de silicone, o paciente deve sempre procurar orientação de especialista para avaliar o caso antes de possível decisão.

“O que existe hoje em dia é a banalização da cirurgia plástica. Parece que é uma coisa simples porque é injetável, não é cortado e nem nada, mas a pessoa morre. Então tem que ter muito cuidado porque existe pouca informação sobre isso. Tá aumentando a procura e aparecem os oportunistas. Então o risco é grande”, completou o médico.

Médico alerta para perigos de cirurgias na Venezuela

Não é novidade que a Venezuela é o país da cirurgia plástica. Além do conceito se transformar em boa propaganda, o câmbio favorável a moedas mais fortes facilita a atração e procura das intervenções feitas por lá. Porém, os riscos desse tipo de procedimento são altos, seja pela especialização profissional ou falta de insumos específicos para a atuação.

Muitas roraimenses optam por esse caminho, apoiadas em promessas de corpos perfeitos e facilmente encontram anúncios em redes sociais oferecendo preços baixos tanto da cirurgia quanto de hospedagem.

De acordo com o cirurgião plástico, Antero Frisina, a questão de cirurgias na Venezuela é grave. Nesse contexto, há pessoas que ganham dinheiro deslocando pacientes daqui para lá. “Não é correto porque você vai fazer o procedimento em um país do qual você não é cidadão. Sendo assim, não tem respaldo legal. Não tem nenhum direito dentro do país. É como se não tivesse um médico responsável”, afirmou.

Frisina apontou ainda que dentro da Venezuela não existe o mesmo tipo de fiscalização que tem no Brasil. Ou seja, algumas situações fora do comum acontecem. Fazer propaganda sobre cirurgias, divulgação de preços ou oferecer qualquer procedimento sem que esteja dentro do consultório são considerados atos proibidos pelo Conselho Federal de Medicina.

“A pessoa está indo procurar médico que não é do país dela, ela não consegue pesquisar a formação e técnicas cirúrgicas utilizadas. A gente vê muita complicação chegando aqui, complicações gravíssimas. Como grandes necroses, grandes infecções. São complicações raras dentro da cirurgia plástica”, ressaltou.

Para o médico é importante entender que cirurgias plásticas são procedimentos de risco. São possíveis as complicações. Por isso, necessário que o médico seja especialista para poder atuar ante as situações e consequências. “A gente segue um protocolo rigoroso em relação a isso. Não se inventa nada. Tudo o que vai ser feito, desde a técnica cirúrgica até o material usado é determinado”.

A viagem da Venezuela para o Brasil é longa e pode aumentar o risco de morte por danos que não podem ser reparados mesmo com tratamento, como infecções ou trombose, conforme disse Antero. “Cuidado! Mesmo com pequenos procedimentos estéticos, principalmente injeções. Então é um risco muito alto. Fazemos todo o procedimento do pré, ao pós-cirúrgico. O paciente tem que ser visto antes, e acompanhado até três meses”, completou o médico.

As principais orientações que Antero Frisina propõe antes de um procedimento estético é procurar o site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), no qual constam informações sobre o profissional e o procedimento desejado, além de dicas sobre pós-operatório. A outra é não aceitar propagandas e saber se a especialidade oferecida é realmente reconhecida pela SBCP.

“Até dentro do meio médico, ele deve ter formação suficiente para isso. Que seja brasileiro. Geralmente sempre fazer no hospital ou em clínicas. Vai ter um grande nível de segurança quando feito adequadamente por um médico. Só vai ter perfeição se passar por protocolo baseado em ciência. Por fim, a gente vê que tem muita atuação de médicos venezuelanos na cidade. Então, cuidado porque alguém que não seja médico no Brasil comete crime de exercício ilegal da profissão”, alertou o cirurgião plástico. (APL)