Política

Ângela Portela pede solução para fornecimento de energia em RR

Telmário Mota acusou o Governo Federal de descaso e Romero Jucá defendeu o uso de termelétricas

Em discurso na tribuna do Senado na tarde de ontem, 13, a senadora Ângela Portela (PDT) afirmou que o estado de Roraima precisa da conclusão do Linhão de Tucuruí, para não depender nem da Venezuela nem das termelétricas e não sofrer mais apagões como os do último fim de semana. A linha de transmissão de Guri parou de funcionar por 22 horas, num dia de muito calor, provocando uma série de transtornos, como a queima de eletrodomésticos.

Ângela lembrou que o Linhão de Tucuruí quase saiu no governo anterior. No final de 2015, a Fundação Nacional do Índio (Funai) encaminhou para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) uma carta de anuência, documento obrigatório para a liberação da obra.

Dias depois, o Ibama expediu a licença prévia para o Linhão, publicada no Diário Oficial em 16 de dezembro de 2015. O Ministério Público Federal no Amazonas obteve uma liminar pedindo nova consulta às populações indígenas. Com a derrubada de Dilma Rousseff, em maio de 2016, o processo parou de vez. “Os entraves à obra estavam praticamente resolvidos. O governo federal tinha feito tudo o que era necessário”, lembrou Ângela Portela.

A senadora lamentou que seja preciso gastar R$ 26 milhões por mês com as termelétricas, mesmo quando não são utilizadas. “Esses pagamentos são um ótimo negócio para alguns. Talvez por isso falte interesse ao Governo Federal em resolver a situação energética de Roraima”, frisou.

No discurso, a senadora relatou sua participação em uma audiência pública com moradores de Rorainópolis, em que ouviu várias queixas sobre o fornecimento precário de energia. Eles acusaram a Eletrobras de ter contratado uma empresa terceirizada para cobrar contas atrasadas. Essa empresa estaria cortando a luz de consumidores em débito mesmo quando o atraso é de apenas alguns dias.

“Todos sabem que a solução para o problema energético em Roraima e a única solução viável e sustentável é a integração de Roraima ao Sistema Elétrico Nacional, através da construção do Linhão de Tucuruí. Não é seguro ficarmos dependentes da Venezuela para ter energia. Também não podemos contar apenas com as termelétricas, uma forma de energia cara e ineficiente”, afirmou a senadora.

O senador Telmário Mota (PTB) apontou diversos problemas existentes em Roraima e acusou o Governo Federal de descaso, qualificando o presidente Michel Temer como inimigo número um do seu estado. “Roraima é um estado das oportunidades, onde uma pessoa pobre pode ficar rica facilmente, porque é um estado ainda em construção. No entanto, o Governo Federal, por motivação política, querendo afundar o estado no quanto pior melhor, para a sua quadrilha chegar lá, como salvadora da pátria, afundou Roraima numa crise jamais vista. O Governo Federal está de costas para o Estado de Roraima”, protestou.

DEFESA DAS TERMELÉTRICAS – Minutos depois dos pronunciamentos de Telmário Mota e Ângela Portela, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB), subiu à tribuna e fez, de improviso, uma defesa das termelétricas: “Mesmo que a linha de transmissão seja construída, Roraima terá que ter motores termelétricos para geração de energia de suporte. Hoje, tentam inclusive me culpar por conta do Linhão de Tucuruí não estar pronto, o que é um absurdo. Não tenho nada a ver com isso, e dizendo inclusive mentiras, como se as termelétricas de Roraima fossem de minha propriedade, e que eu estaria evitando que a linha de Tucuruí fosse construída porque tenho interesse nas termelétricas. Quero dizer que não tenho interesse nas termelétricas”.

Jucá, que é líder de Temer no Senado há quase dois anos, disse que “está cobrando” do Governo Federal um decreto de emergência para desbloquear a obra do Linhão de Tucuruí.