Opinião

Opiniao 13 03 2018 5801

Um tesouro chamado Noemi – Walber Aguiar*

Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. (Lamentações de Jeremias 3:21)

Domingo de manhã. Dia da ressurreição. Da notícia mais absolutamente inédita que já se deu. Também era domingo o dia em que nos encontramos entre as paredes da velha igreja presbiteriana. Da igrejinha do portão de ferro, do cheiro de flor, da teimosia santa de Josué Araújo. Ali estava Deuel e seu sorriso franco; também o velho João Marciano, com sua incrível capacidade de não teimar nem criar polêmica.

Tia Noemi estava bem comportada. Sentada na primeira fileira de bancos, mantinha os olhos fechados enquanto conversava silenciosamente com aquele que podia ouvir e ler seus pensamentos. Talvez pedisse bênçãos, talvez apenas agradecesse pela noite passada e pelos anos que vivera até ali.

Fiquei observando aquele momento de contrição com o Eterno e a eternidade. Ao seu lado um senhor sério e circunspecto, que mais tarde se revelaria um bonachão, um grande comunicador do evangelho, um evangelista capaz de abordar desde um índio macuxi até a mais conhecida autoridade. Mestre Silas era um tanto impetuoso, uma espécie de onda tirada do oceano. Tia Noemi era mais comedida, uma espécie de lago, a refletir equilíbrio e bondade.

Ora, não podia ser de outra forma. Num tempo em que os casamentos duram poucos invernos, os dois velhinhos da bênção servem de referencial a todos aqueles que repudiam maridos e mulheres por uma incompatibilidade de gênios qualquer, ou mesmo por uma súbita perda de interesse.

De olhos bem abertos, a nobre senhora acompanhava atenta a leitura da palavra. Depois de cantar “Vigiar e orar” por três vezes consecutivas, ela se alegrava por estar na casa de Deus e poder compartilhar sua fé com os outros. Fé que removeria montanhas, que construiria retiros, que transformaria o “Maranata” na geografia mais radicalmente abençoada por metro quadrado. Lugar das grandes fogueiras, das grandes conversões, dos maiores vínculos de amizade que já conheci Das piadas do velho Eugênio, da comunhão com Maurinho, Mumuca e todos da igreja congregacional.

Ainda hoje aquela senhora permanece firme. Embora o tempo diminua os dentes, a força e a capacidade de enxergar, o amor, a grandeza de alma e a esperança permanecem inabaláveis.

Era domingo. Dia de ressurreição da alma cansada. Dia de conversar e aprender com Tia Noemi…

*Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de [email protected]

Chega de sujeira – Marlene de Andrade*

“O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele…” (Gn2. 15).

O povo tem bastante culpa da sujeira que assola o nosso país. É evidente, que existem cidades limpas, porém em grande parte do Brasil os lixos jogados às ruas são de proporções calamitosas. Em dezembro retrasado fui passar o Natal em uma cidade metropolitana do Rio e fiquei perplexa com o volume de lixo jogado às ruas e Copacabana não fica muito atrás não, tanto isso é verdade que semana retrasada naquele ponto turístico tão famoso no Brasil e no exterior, houve um alagamento de grande proporção.

Meus avós maternos nasceram em Trás-os-Montes/Portugal e há 84 anos resolveram residir no Brasil, ocorre que meu avô meio caipira, quando chegou em Lisboa cuspiu na rua e qual não foi sua surpresa? Ele teve que pagar uma multa na hora. Se Portugal continua investindo nessa política ambiental eu não sei, mas uma coisa eu percebi em 1992 quando lá passei 2 meses: não vi uma sujeira nas ruas daquele belo país.

Deveria ser assim aqui no Brasil, ou seja, cuspiu na rua ou jogou dejetos no meio ambiente, multa bem alta, pois quando o bolso dói, a gente aprende com mais eficiência. As pessoas devem se conscientizar que lixo tem que ir para lata do lixo e isso deve ser ensinado em casa e as redes midiáticas deveriam ser obrigadas, por lei, conscientizar o povo a esse respeito.

Vi na internet que Wallisellen, uma pequena comunidade de Zurique, é a primeira na Suíça a multar quem cospe na rua. Quanto ao lixo ou fezes de cachorro podem também gerar multas. Que bom seria se no Brasil isso virasse moda! É inadmissível que as pessoas levem seus cães para fazer suas necessidades fisiológicas e lá na rua deixam as fezes dos seus animais de estimação. Tenho uma filha que reside há 13 anos em Copacabana e sempre que vou visitá-la percebo que as pessoas levam seus cães para evacuar e urinar nas calçadas e lá ficam esses dejetos.

Já fui várias vezes aos Estados Unidos e percebi que as ruas e avenidas de Nova York, Miami, Kisseme e Orlando são muito limpas. Também não vi sujeira em Madri e em Miami eu percebi que os ralos do esgoto possuem telas para evitar que a sujeira invada os bueiros, por que o Brasil não imita esses países?

Tudo no Brasil é jogado no meio ambiente e dessa maneira não tem prefeitura que dê jeito. Já basta o lixão que contamina os lençóis freáticos e por falar nisso, nossas prefeituras deveriam investir pesado no aproveitamento do lixo, sem deixá-los virar chorume. *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM

Se plantar colhe – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O progresso do mundo é retardado por aqueles que não preenchem os lugares que mantêm”. (Wallace Wattler).

A verdade verdadeira é que nunca fomos educados nem preparados para viver o mundo em que vivemos. Em todas as épocas do mundo fomos educados para viver o momento presente como se tempo e mundo não parassem. Cada época, no seu modo. Mas todas do mesmo modo. Nós os pais, nunca educamos os filhos para eles, mas para nós. A nosso modo, como se eles nunca fossem se tornar adultos independentes. E o fato é que nunca se independem. Vivemos a vida toda presos a costumes e ensinamentos do passado. Em síntese, presos a um passado que não passa nunca. Ainda vemos nossos filhos, no século vinte e um, como propriedade nossa. E é assim que eles se sentem quando são forçados a encarar um mundo que não conhecem porque não lhes apresentamos.

O tempo mudou e nós não mudamos. Ou restringimos ou libertamos aleatoriamente sem qualquer preparo. A Educação que sempre fora deficiente banalizou-se. Caiu no pantanal da mediocridade, para os tempos atuais. E isso pode ser constatado nos detalhes mais banais e aparentemente insignificantes. É simples pra dedéu, corrigir isso. Desde que não tentemos corrigir o que j&
aacute; foi feito no que não foi feito. Quantos livros seu filho leu este ano? Ih, cara, então tá ruim pra dedéu. Ele deveria ter lido pelo menos um.

Ainda é tempo de corrigir essa distorção. Comece com seu filhinho que acabou de nascer. Nunca grite com ele nem tampouco bata nele. Lembre-se de que o não nem sempre é negativo. Ele não pode, nem deve ser evitado quando se educa. Mas a diferença está em como dizemos não. Nunca diga não ao seu filhinho, com um grito. O que vai destruir a educação dele no futuro não é o não, mas o grito. E ainda há pais que além de gritarem o não, fortalecem-no com um tapa, mais destruidor ainda. Nossa função como pais é educar orientando e não limitar dirigindo.

E a propósito, ensine seu filho, desde muito cedo, a se comportar em eventos sociais e culturais como, por exemplo, o lançamento de um livro, ou até mesmo dentro de um supermercado. Ensine-o, também, a ouvir boas músicas. Mas, olha, estou falando de música. E também a assistir a uma palestra sem ficar correndo pelo salão enquanto o palestrante fala. O que é muito comum atualmente. Tais detalhes são muito importantes na educação do filho, e que estamos jogando no lodaçal da mediocridade. E o que é mais preocupante, tudo está acontecendo na presença dos pais. Aí me levo a crer que não há criança mal-educada e sim pais mal-educados. Vamos nos reeducar em nossos filhos. Que tal? Pense nisso.

*[email protected]