Opinião

Opiniao 04 09 2017 4708

Bibiando – Tom Zé Albuquerque*Vivemos no Brasil uma intensa, absurda e atroz inversão de valores, sobretudo alimentada pela mídia poderosa em face do modelo político adotado nos últimos anos, de segregação, de anarquia e de afronta à paz da coletividade. Nesse senhor, surgiu recentemente uma personagem global bizarra nominada de “Bibi”.

Minha curiosidade se aguçou ao ler em mídia de circulação nacional que a tal de “Bibi perigosa”, representada pela atriz Juliana Paes, ao participar de evento referente ao carnaval de 2018 foi ela ovacionada por milhares de pessoas aos gritos de “Bibi, Bibi, Bibi…”. Até aí tudo bem (ou não…), pois se trata de mais um ato alienado da sociedade brasileira no ritmo funesto de exaltar artistas de novela, jogadores de futebol, sertanejos que se dizem cantores e outras personagens fúteis do país da corrupção, que se nutre da baixa ou nenhuma capacidade de filtrar o que é frutífero e inteligente.

A “Bibi”, acredite ou não, é uma mulher de traficante, mas que também pessoalmente impele o tráfico de drogas, faz parte de uma quadrilha que assalta, mata, aterroriza e causa terror na sociedade carioca. Sim, essa é a personagem palmeada por uma multidão de gente e que é, sem sombra de dúvida, assistida e aplaudida por milhões de brasileiros, estáticos, inertes, abobalhados e pasmados de frente à televisão, cujo resultado dessa doutrinação sabe bem: o crime compensa, os fins justificam os meios adotados, e o importante é se dá bem, mesmo que isso custe roubar, assassinar ou destruir famílias através do consumo de drogas.

O mais escabroso foi a reação da atriz ante o delírio de seus adeptos, cujas declarações chegam ao inverossímil quando ela argumenta que “…caiu no gosto do público”, e vai mais além, pasmem, que “…as pessoas se identificam com sua personagem”. E concluiu sua fala fulminando: “A história da Bibi toca as pessoas e isso a deixa muito feliz!”. Como assim, as pessoas se identificam com a calhordice? O que é inerente à delinquência faz parte da identidade do brasileiro? É isso? Eu juro por Deus que eu queria entender como uma história de tamanhos contrassensos pode deixar alguém feliz…

Sim, mas creio que essa é a visão atualmente enraizada em boa parte da população brasileira, fruto de um trabalho cruel e macabro de anos de partidos políticos e mídia: vale à pena infringir no Brasil; isto é deveras antinômico, mas é. O país da bundalização trata com desdém 100 mortes (muitos deles sumariamente executados) de policiais somente em uma das Unidades da Federação, apenas em 2017, deixando dezenas de famílias órfãs, de trabalhadores em defesa da coletividade. Assim é a mídia seletiva hábil em omitir ou destorcer notícias quando bandidos – no estilo bibianos – se regozijam em afrontar o poder do Estado e encurralar as pessoas de bem, cada vez mais aprisionadas em seus lares.

Num país sem líderes, sem poetas, com minguadas musicalidade, com arte desfigurada e com literatura chinfrim, o assassino, o estuprador, o traficante é, inacreditavelmente, enaltecido, festejados, laureados. As redes sociais mostram isso. Quantos anos deverão vivenciar pra nos livrar da geração bibiada? Difícil prever, visto que o caminho fácil e largo do crime só cresce e os holofotes estão pra ele virados, e com confetes. A quem interessa, pois?*Administrador

Bingo! – Oscar D’Ambrosio*O filme nacional ‘Bingo, o rei das manhãs!’ pode ser considerado um acerto do diretor Daniel Rezende sob vários aspectos. Um deles – e o que certamente mais interessa aos amantes da arte- seja qual for a sua manifestação – é a forma como é tratada a discussão da fama e do anonimato numa sociedade cada vez mais competitiva.

A obra é uma cinebiografia de Arlindo Barreto, um dos intérpretes de Bozo no célebre programa matinal homônimo da TV brasileira nos anos 1980. O palhaço chegou a bater a TV Globo em audiência, mas, por contato com a matriz americana, jamais poderia revelar a sua identidade.

A máscara escondia um ator com um relacionamento profundo com a mãe, atriz decadente e jurada de programas de auditório de TV; e com o filho, que tinha um par famoso, mas que passou a não lhe dar atenção imersa num círculo de cocaína e crack. O mais impressionante, porém, é que antes da queda, houve uma ascensão baseada na criatividade.

Partir do modelo americano e dar-lhe uma ginga nacional, fugindo das formatações rígidas e das piadas sem graça era o desafio. Num mundo politicamente correto em que arriscar é cada vez mais difícil, o filme traz um suspiro, enche nosso pulmões de ar e nos renova. Auxilia a manter a motivação alta e a fugir do óbvio para voar para a incerteza.*Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp

Seja sua idéia – Afonso Rodrigues de Oliveira“Hoje não se admite, racionalmente, que alguém viva sob o domínio escravizante de qualquer dogma ou ideia imposta.” (Waldo Vieira)Embora todos tenham o poder, ninguém tem o dever de impor ideias ou dogmas. Mas, infelizmente, ainda é o que vemos. Milhões e milhões de pessoas ainda vivem presas a pensamentos que nem sempre são os seus. Ainda não conseguem veredar pelos caminhos da imunização racional. Preferem seguir o que lhes dizem para seguir. A liberdade mental é o caminho aberto aos que querem chegar ao seu destino. Ainda continuamos vendo a verdade distorcida por nós mesmos. Lembrei-me disso, ontem, quando fui “obrigado” a assistir a um capítulo de novela; uma garota vive verdadeira guerra com a família que não a aceita, na mudança aparente do seu sexo.

Não entendo por que temos que viver o descaminho do ensino, numa população que cresce assustadoramente. Assistindo à briga da garota com os familiares, lembrei-me da frase do Aparício Torelly: “A televisão é a maior maravilha da ciência, a serviço da imbecilização da humanidade”. Nada contra a televisão, claro, nem criticamos, apenas expressamos o que pensamos e esse é um direito de quem pensa.

A Cultura Racional diz que o espiritismo é a religião que mais se aproxima da racionalidade, mas que ainda comete o engano de se fazer religião. Recentemente abri um livro sobre o espiritismo e li algo muito importante. Ele falava exatamente sobre o caso que está aterrorizando a garota da novela. Que na nossa volta à Terra, na caminhada da nossa evolução, podemos renascer num corpo feminino quando somos masculino. E que muitas vezes crianças que morrem, inexplicavelmente, ainda nas primeiras horas de nascidas, é uma decisão de quem voltou no corpo errado. Parece complicado, mas não é. É só você prestar atenção à racionalidade.

Na verdade, ninguém tem o poder de nos orientar no caminho da racionalidade. Tudo depende do nosso grau de evolução racional. Então evolua. O conhecimento sobre a Cultura Racional é o caminho mais aberto e franco para a racionalidade. Mas só você tem o poder de escolhê-lo e caminhar racionalmente. E é simples pra dedéu. É só você procurar se conhecer, e ser o que você é, no seu nível de evolução. Você não precisa seguir alguém, basta observar onde ele pisou quando atravessou o campo minado e pisar onde ele pisou. Você não estará seguindo, mas agindo.

Somos todos, você, eu e todos, da mesma origem. Estamos aqui na Terra, há vinte e uma eternidades. Não fomos feitos ou criados aqui. Chegamos, ficamos e vamos voltar ao nosso mundo de origem. E a tarefa é de cada um. Pense nisso.*[email protected]