Jessé Souza

Fugas remendos e republiqueta 2552

Fugas, remendos e republiquetaNão há nenhuma novidade no sistema prisional. O que venho dizendo aqui, há tempos, apenas se confirma: quem manda na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo são os criminosos, que estão mais organizados do que o Governo do Estado. Não é à toa que se chama “crime organizado” a facção criminosa que lá se instalou faz certo tempo.

O vídeo que mostra a fuga dos presos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na noite de terça-feira, comprova que os bandidos estão bem articulados, agindo como se fosse uma tática de guerra medieval, semelhante à ação para invadir uma fortaleza – neste caso, para fugir por um muro que necessariamente nem chega a ser uma fortaleza.

As imagens comprovam o que todos já sabem: os bandidos fogem quando querem e, pela organização impressionante mostrada nas imagens, são escolhidos aqueles que devem fugir. Os demais aparecem dando apoio jogando pedra nos policiais nas guaritas ou simplesmente ajudando a colocar as escadas que eles mesmos constroem dentro do presídio.

Aliás, essas escadas artesanais também são outra prova da falência completa do sistema prisional, pois as madeiras usadas para construir as escadas não são lançadas dos céus ou deixadas por ETs que baixam naquele presídio vindos de Orion, nem são extraídas de árvores plantadas no terreiro do que seria uma penitenciária agrícola.

O sistema prisional é o reflexo de um Estado falido em todos os sentidos, atacado pela corrupção de longas datas e pela irresponsabilidade de todas (T0DAS) as autoridades que nunca se preocuparam em socorrer aquela estrutura construída ainda na década de 70.

O caso da Pamc é exemplar, pois só é socorrido com remendos a partir de fugas em massa, quando a imprensa registra o fato e a sociedade cobra solução. Logo depois, tudo é esquecido e o presídio volta a ser largado nas mãos dos bandidos, vigiados por agentes penitenciários e policiais militares que não podem fazer muita coisa, a não ser rezar (isso se o policial não for ateu).

Com o sistema prisional aos frangalhos, os bandidos que de lá saem, quando bem entendem, engrossam a onda de violência que se abate sobre a população, provocando sérios reflexos na segurança pública, onde as polícias trabalham no limite e na base do improviso e da força de vontade.

O cidadão que fica a mercê da bandidagem é o mesmo submetido ao arrocho feito pelos governos em impostos que deveriam estar sendo aplicados na segurança pública, sistema prisional, saúde e educação, só que esses recursos vão parar no ralo da corrupção. A Operação Lava-Jato é apenas um dos inúmeros exemplos de corrupção nessa republiqueta caindo aos pedaços.

*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main