Com música, feira artesanal e histórias inspiradoras, o projeto itinerante Onde Há Rede, Há Renda encerrou a passagem por Boa Vista com o Encontrão das Redes, no Estúdio Parixara. O evento marcou o fim de uma semana de oficinas que reuniram 150 empreendedores locais e premiaram iniciativas voltadas à economia criativa e ao impacto social.
A capital roraimense foi a primeira cidade a receber o projeto realizado pelo Movimento Cidade Projetos Criativos. Ao longo de seis dias, o programa ofereceu oficinas gratuitas de Economia Criativa, Educação Financeira e Inclusão Digital e Marketing, com prêmios que somaram R$ 10,5 mil.
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O encerramento reuniu empreendedores, artistas e coletivos no Estúdio Parixara, que se transformou em uma grande feira criativa. O público conheceu produtos de artesãos indígenas, empreendedores LGBTQIAP+, migrantes venezuelanos e jovens da periferia – grupos que formam o público-alvo do projeto.
A programação contou ainda com a apresentação cultural de dança indígena warao Jardim Floresta, o painel Redes que Transformam, a palestra Empreender e Mover Territórios, o bate-papo Empreender para Transformar, mostra audiovisual e o show da banda Bodó Valorizado.
Entre os premiados, a jovem Milena Makuxi, de 25 anos, foi destaque na oficina de Economia Criativa com o projeto Festival Esquina Livre, que propõe um circuito de música indígena e oficinas artísticas em escolas e territórios tradicionais.
“Esse projeto nasceu de um sonho e é uma conquista dos povos indígenas de Roraima. Agora vou poder dar o start para torná-lo realidade”, contou Milena, emocionada, ao receber o prêmio de R$ 3,5 mil.
Outro destaque foi o trio formado pelas venezuelanas Josneida Caramauta, Oneida Marquez e Cenny Rojas, também premiadas por soluções criativas de empreendedorismo comunitário.
Durante o encerramento, a diretora de programação Gabriela Duque destacou que Boa Vista superou as expectativas de participação.
“A meta era alcançar 150 inscrições e batemos quase 200. Saímos com o sentimento de dever cumprido, por termos fortalecido uma rede diversa de empreendedores indígenas, periféricos, negros e LGBTQIAP+”, afirmou. “A semente que plantamos aqui é o conhecimento. Queremos que esse aprendizado se transforme em renda, inovação e autonomia”, completou.
Entre os participantes, histórias de superação e aprendizado reforçaram o impacto do projeto. O artesão indígena warao venezuelano Jesus Rafael Bería, de 60 anos, disse que a oficina de Economia Criativa o ajudou a organizar melhor o trabalho artesanal e a buscar novos meios de comercializar suas peças.
Já Sourrio Nascente, artista e empreendedor trans não-binário, destacou o papel transformador da oficina de Educação Financeira. “Aprendi a separar o pessoal do profissional e a me organizar para fazer meu negócio crescer. Foi uma virada de chave na minha trajetória”, contou.
O Onde Há Rede, Há Renda segue agora para Goiânia, Cuiabá e Guarujá, levando a proposta de formar, conectar e fortalecer redes de economia criativa pelo país.
Para Gabriela Duque, o sucesso em Boa Vista mostrou que o conhecimento pode ser o ponto de partida para transformar realidades.
“Cada oficina virou uma nova rede, com mais de 40 pessoas trocando experiências e construindo caminhos juntos. É assim que se gera renda: fortalecendo pessoas e comunidades”, concluiu.