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Em uma história de 23 anos, Sara persistiu pelo amor de José

A jovem, de 14 anos na época, se apaixonou por um cobrador de ônibus e entre as bebedeiras do marido, não deixou tudo acabar

Sara Aciole, de 36 anos, e José Almeida, de 44 anos, são casados há dois anos, mas tem uma relação de mais de duas décadas. A história do casal é representada pela persistência de manter viva o amor que começou nos anos 2000.

Quando ainda era menina, aos seus 14 anos, Sara morava no Cantá e fazia curso em Boa Vista. Por frequentar a capital, conheceu José, na época com 21, que trabalhava como cobrador de ônibus. Os jovens passaram a se conhecer melhor, logo engatando em um namoro. 

José havia saído de um relacionamento conturbado, era casado e tinha uma filha, que foi apresentada à Sara assim que começaram a namorar, mas isso não impediu os dois de ficarem juntos. Depois de um ano de namoro, decidiram morar juntos e foi aí que os problemas iniciaram.

“Foi muito difícil porque as nossas famílias não aceitavam por eu ser muito jovem, mas não tinha jeito, nós estávamos apaixonados. A nossa relação também era muito boa. Porém, os problemas [entre a gente] começaram porque eu era muito jovem e não tinha trabalho e ele morava com os pais”, conta Sara.

O casal foi morar no sítio dos pais de José, que se localizava na região do Cantá. No interior, o homem ficou desempregado e ela sem trabalhar, enfrentaram sérios problemas financeiros. Para Sara, tudo ficou pior quando o sogro, por quem José era muito apegado, faleceu. Por lá a saudade batia e não dava para continuar morando no sítio. Foi quando se mudaram para a sede do município. 

“Viemos embora para morar na vila central. Era onde eu morava antes com meus pais, mas nesse tempo ele começou a beber e não era mais o mesmo, brigávamos muito. Nos separamos várias vezes, mas sempre voltávamos. Até que engravidei do meu primeiro filho, hoje com 19 anos, e decidimos voltar definitivamente. Resolvi lutar pela minha família, decidi voltar, lutar pelo nosso casamento, por nosso filho e tinha decido que não ia mais me separar dele. Mas os problemas continuaram”, explica. 

José não parou de beber e os problemas financeiros só aumentaram. Sara também passou por dificuldades durante a gravidez quando teve malária e ficou boa parte da gestação internada. Nesse tempo, eles já estavam em Boa Vista, José conseguiu emprego e o casal se mudou para a capital.

Anos depois, Sara ficou grávida do segundo filho e, coincidentemente, uma nova contaminação por malária a fez ter mais uma gestação difícil, além do constante consumo de bebida alcoólica de José.

“Brigávamos muito por conta dele beber. Eu não bebia, não gostava de festas. Fui criada no interior e meus pais não bebiam. Mas não desisti de lutar pela nossa família e de tirar ele dessa vida de vícios e festas. Morávamos de aluguel, com tudo muito apertado até que um dia conseguimos um terreno, uma chácara, para construirmos nossa casa. Depois que construímos a casa, nos mudamos para lá, mas a situação foi sempre a mesma”, reforça.

A covid-19 na mudança de vida de José


Atualmente o casal é responsável por uma igreja que também auxilia casais e relacionamentos. (Foto: arquivo pessoal)

Sara conta que engravidou do terceiro filho, desta vez com uma gestação tranquila, e José continuava na vida de bebedeira. Ainda decidida a manter a relação, a mulher se converteu e orou pelo marido porque “não queria que meus filhos crescessem sem o pai deles”. Porém, em 2020, no início da pandemia estava determinada a terminar a relação.

“Eu estava prestes a ir embora porque não aguentava mais, foi quando ele viajou para o sítio com os primos e lá ele adoeceu. Veio para casa doente, não conseguimos descobrir o que ele tinha e estava muito mal indo para o hospital. Depois descobriram que ele estava com covid, pegou pneumonia e ficou à beira da morte. Mas Deus fez a obra na vida dele, porque disse que se saísse dessa situação, ele entregaria a vida dele para Jesus Cristo e foi o que ele fez”, afirma Sara.

Depois dessa experiência, o casal reuniu a família e abriu uma igreja para ajudar casais que passam pela mesma situação porque ela acredita que a família é base de tudo e “que o futuro dos filhos está na estrutura familiar, de como nossas crianças são criadas com pais que as amam, que educam, que dão carinho”.