Cultura

Roraima tem projeto selecionado pela Embaixada da Austrália

Desenvolvido pela Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (OMIR), a iniciativa visa preencher a ociosidade de comunidade indígena de Normandia, por meio da produção de tijolos

O projeto “Habitabilidade na Amazônia”, uma iniciativa da Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (OMIR), foi um dos 800 projetos selecionados este ano pelo Programa de Ajuda Direta (DAP), da Embaixada da Austrália, em Brasília.

Desenvolvido na comunidade da Linha Seca, situada no município de Normandia, na região leste do Estado, o projeto surgiu não só da necessidade de desenvolver a região, mas também a de preencher o tempo de ociosidade dos indígenas.

“A Omir já desenvolvia na comunidade um projeto chamado ‘Mulheres Indígenas na Horticultura’, que basicamente trabalha a produção de hortaliças em geral. Apesar disso, havia a necessidade de se trabalhar mais ações, justamente para tirar a ociosidade desses indígenas, já que foi identificado um índice crescente de alcoolismo entre os homens. Como eles já realizam a produção artesanal de tijolos, nós decidimos então criar um projeto que pudesse utilizar esse trabalho em prol do desenvolvimento dessa região”, destacou o engenheiro agrônomo e elaborador do projeto, Samuel Santana.

De acordo com Santana, a confirmação de que o projeto havia sido selecionado pela embaixada australiana ocorreu no dia 18. Com a documentação já encaminhada à entidade, a Omir está aguardando apenas a confirmação da visita de uma comitiva que fará uma verificação de como funciona o projeto. A previsão é de que isso ocorra ainda no primeiro semestre de 2018.

“Como o apoio da embaixada não prevê o repasse de recurso, eles nos solicitaram que encaminhássemos orçamentos dos materiais necessários para ser utilizados pelo projeto. Como os indígenas aspiram à necessidade de ter um maquinário conhecido como ‘Maromba’ para a produção desses tijolos, nós já enviamos a eles as sugestões de fornecedores, para que possam dar o encaminhamento nessa aquisição”, explicou.

O engenheiro agrônomo conta ainda que o projeto também pretende melhorar a questão habitacional da comunidade, além de abrir a possibilidade de gerar renda extra aos indígenas.

“Atualmente, a produção artesanal dos indígenas é de 5 mil tijolos. Com a aquisição dessa ‘maromba’, abre-se a possibilidade de uma produção de aproximadamente de 30 milheiros. Em um mês, essa produção pode chegar a 100 mil, não só suprindo a necessidade habitacional da comunidade, mas também possibilitar a venda desse material para os não indígenas”, destacou.

Para a coordenadora da Omir, Rosimeres Cavalcante, a escolha do projeto pela Embaixada da Austrália tem significado de vitória, visto a grande concorrência existente a cada edital publicado pela entidade.

“A Omir se sente lisonjeada por ter sido escolhida pela embaixada, justamente pelo número de concorrentes nesses editais. Esse ano, em especial, eles decidiram ser mais abrangentes, dando oportunidade para iniciativas das regiões Norte e Nordeste e com essa ajuda que receberemos, nós acreditamos que dará para desenvolver mais iniciativas em favor do nosso povo indígena”, pontuou.

SOBRE A OMIR – Criada há 16 anos, a Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (Omir) é uma entidade que visa garantir os direitos das mulheres indígenas, bem como trabalhar no desenvolvimento dos povos indígenas do Estado.

Atualmente, a entidade atende a 11 regiões, desenvolvendo uma série de atividades nas áreas de saúde, educação, assistência social, desenvolvimento agrário e cultura. Atualmente é coordenada por Rosemeres Cavalcante e sua sede está localizada no prédio da Secretaria Estadual do Índio (SEI), situada no Complexo Turístico do Parque Anauá, na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes. (M.L)